segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Feliz Dois Mil e Nove!


Estava pensando em algo que poderia escrever para expressar de uma forma clara tudo que sinto e penso sobre essa coisa de novo ano. Enfim esse poema de Drummond traduz aquilo que penso e que não consegui expressar com minhas palavras. Esses versos passaram em meu coração para uma revisão e de certa forma essas palavras são minhas, porque Drummond faz parte de mim. Eu me componho dele.
Dois mil e oito foi um ano difícil, generoso e surpreendente. No balanço final eu diria que foi um ano de auto-conhecimento.


E esse novo ano o que será que reservou para mim?

E que venha dois mil e nove.


Feliz Ano Novo!


Receita de ano novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade

http://www.jornaldepoesia.jor.br/drumm.html#receita

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

(...)

A tristeza que sinto fura tão profundo que rasga a minha alma. A minha alegria é falsa. O meu sorriso é falso. Minha aparência é puro fingimento. Ninguém sabe o tamanho da tristeza que carrego. O tamanho da tristeza que tenho. A tristeza que sinto. Ninguém sabe o quanto eu choro por dentro. Nem imagina. A cada sorriso falso que dou uma lágrima corre por dentro. Estou inundada de lágrimas e tristezas. Minha lágrima amarga me envenena cada vez que a coloco para dentro. Morro aos poucos. Não sei se por tristeza não sei se por fingimentos. Essa coisa de chorar para dentro machuca mais do que chorar para fora. Porque o sentimento fica ali guardado. Remoendo. Finge que quer sair, mas não quer. Finge que vai embora, mas permanece. E fica só para me maltratar. É internalizado. E isso dói. Uma ferida que sangra por dentro. Eu gosto de ser maltratada. “Se eu deixar de sofrer como é que vai ser pra me acostumar”. Eu finjo que sou feliz. Sou composta por falsidades. Componho-me de mentiras contadas para mim. Eu sou uma mentirosa. Mas odeio mentiras. Eu sou o meu maior disfarce. Vivo de aparências. Sou aparentemente feliz. E realmente triste. Ninguém sabe o quanto choro deitada em meu travesseiro. Infeliz, em meu conceito, é a pessoa que já foi feliz e que hoje não é mais. E eu não fui. Vivo uma vida triste e hei de terminá-la assim. Na verdade, sinto-me confortada com a tristeza. A tristeza é a única certeza de que não estou sozinha. É minha companheira. Minha amiga. A tristeza me afaga e me consola. E nas noites frias ela se faz presente ardendo cada vez mais forte. Ela é meu cobertor. Ai, que dor! Gosto de sofrer, assim sei que sinto algo. A tristeza me faz viver. Sinto-me viva por senti-la. A felicidade alheia me incomoda. Odeio felicidade. No fundo, no fundo todos somos tristes. Quando estou sozinha, cá com tudo que sinto, dispo-me das minhas máscaras. Da minha felicidade fingida, do meu sorriso falso. E sinto uma tristeza profunda doer tão lentamente. Dói minha alma. Dói meu peito. Meu peito é furado, porque até a tristeza sente necessidade em respirar. A essa altura não sei se saberia ser feliz. Acostumei-me a ser triste e a ter uma felicidade ilusória. Eu só sei ser triste. Foi assim que me ensinaram foi assim que aprendi. Buscar a felicidade isso é ilusão. Prefiro a tristeza. Prefiro um sentimento forte e real. Do que adianta viver a vida inteira a esperar um sentimento incerto? Prefiro o certo. O real. Mesmo que esse real me faça padecer. Padecer. Sofrer. Ser. Tudo rima com entristecer e escrever. Eu simulo a felicidade para ninguém roubar o que tenho de mais valioso: a tristeza. Minha tristeza é como uma lesma. Ser feliz é só ilusão. Felicidade não existe. Não conseguiria procurar um sentimento momentâneo. A tristeza é fiel, quando ela acha um corpo ela faz morada. E aqui ela está. A felicidade é só um disfarce da tristeza. No fundo daquilo que temos de mais secreto somos tristes. “O adulto é triste e solitário”. Eu sou adulta, triste e tenho uma alma rasgada, mas não sou só.




sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Algumas palavras para Alguns...


Hoje quero escrever/falar diretamente para algumas pessoas e sobre outras coisas que se perdem nas entrelinhas. “Perder-se também é caminho”. Eu não gostaria de perder o fio. De perder o elo. Entende? Se bem que alguns se perdem independentes da minha vontade. Mas a vida é assim alguns elos tem que ser partidos para que outros possam ser construídos. “Cativar significa criar laços”. Mileide, minha poeta, eu nunca sei quando me dirigir a você ou a Chico, por isso Mileide/Chico. Se eu disser que amo seus comentários estarei sendo piegas e cá para nós eu odeio pieguice. Mas seus comentários me enchem de entusiasmo e de alegria. Soa como poemas. É uma coisa louca que só eu entendo, porque me toma toda. Eu amo suas palavras mesmo quando elas não são para mim, mas sei que de alguma forma são. Porque sou sua leitora. E devo confessar que cada vez que vou ao seu espaço penso que você está perdendo tempo não atualizando aquilo ali, porque aquele seu espaço é lindo. Vamos atualizá-lo, aquilo lá também é meu. Faz parte de mim da minha composição. Michele, amiga linda, quando eu falei que iria percorrer os caminhos de Laurentino em Portugal, também me referir a você, porque vocês dois são um casal e você também é Laurentino. Da próxima vez falarei que percorrerei os caminhos dos Laurentinos. Faremos o seguinte então vamos invadir Portugal eu você e Predo. Juntos percorreremos todos os caminhos de Pessoa, Espanca, Camões e os seus. Juntos vocês irão me auxiliar a fazer o meu rastro para que alguém o percorra depois. Pedro, meu POETA, o que falar de/para/com você. Você é um dos meus preferidos. Um poetaço de mão cheia, cheio de palavras lindas e versos encantadores. Sua escrita é tão singular. É tão sua. Ainda lembro de Mi conversando comigo no CEFET que você escrevia umas coisas que ela não entendia bem e quando ela me mostrou seu blog, eu disse que você era lindo e olha que eu nem o conhecia. Conheci primeiro suas palavras e depois conheci você. E você é realmente lindo. Poucos conseguem expressar-se com tamanha sensibilidade e delicadeza. Seus versos são tão ternos e ao mesmo tempo tão fortes. Muitas vezes quando visito seu espaço me emociono. Me emociono de verdade. As lágrimas escorrem em meu rosto sorrindo. Você é um poeta fantástico. Incrível. E ainda por cima meu afilhado. Fala sério! Chega! Iza, minha pequena, obrigada pela assiduidade, obrigada pelo carinho constante. Eu acho que consigo enlouquecê-la antes de você me entender. Não tente compreender o incompreensível. As palavras que escrevo aqui não são minhas, são suas e de que mais vier. Eu não tenho autoridade nenhuma aqui. Não sou eu que escolho as palavras, as palavras me escolhem. Eu sou só um mediador entre aquilo que o texto quer e o que as palavras querem dizer. Eu sou um instrumento. Elque, a poeta de todas as estações, sinto saudades dos seus poemas engajados, militantes. Saudades da sua gargalhada interrompendo aula e desconcertando os professores. Suas colocações críticas, tão precisas. Sinto falta de você aqui no blog, de seus comentários. Quero falar/escrever que eu gosto muito de escrever essas coisas que escrevo. Não sei se é bom, talvez seja. Não sei se é ruim, talvez seja. Mas eu me sinto aliviada escrevendo. É a minha atividade física. É o meu esporte preferido. É o que me sustenta. É o que me faz seguir a vida. Não tenho outros vícios. A escrita por si só consome todo o tempo que tenho e o que não tenho. Falta ainda falar sobre outras pessoas, mas acho que agora não dá mais tempo, a ponta do lápis já está acabando e a folha do meu caderno já está na última linha e restam poucas folhas...

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O Sol em sua janela Ou uma Declaração de Amor para Minha Querida

Há muito tempo queria escrever uma coisa para você. E não sabia como, mas aí comecei a observar a sua janela todos os dias. Diariamente, quando passo vejo o sol chamá-la. A sua janela aberta os raios entrando. Imagino você despertando. O sol reluz em sua juba. Ilumina você. E a primeira coisa que você faz, sem saber, é beber o sol. Ou melhor, o sol te banha todos os dias. O sol beija você todas as manhãs. Você me manda beijos de luz. Compreensão! O sol te ilumina o dia todo, todos os dias. E a noite a sua luz reflete incessante. “Gosto muito de te ver, leãozinho caminhando sob o sol”. Você não imagina o quanto sou feliz ao presenciar o sol chamá-la. Explosão! Você se alimenta daqueles raios luminosos, iluminados, intensos e imensos. E ao mesmo tempo delicados tão delicados quanto você. Sua ternura. Sua doçura. Sua beleza. Eu gostaria somente que você soubesse dessas coisas, porque o tempo passa e às vezes as vontades e as falas permanecem no passado. Essas palavras que escrevo para você são palavras carregadas de amor e carinho e é por isso que não gostaria que elas se perdessem em algum lugar passado. Não gostaria que essas palavras ficassem guardadas no fundo do coração perdidas e mofadas. Quando encontro você vejo sua luz, vejo o sol. Você me ilumina com seu abraço. Tudo em você é iluminado. Tudo em você é luz. E essa luz é intensa, contagiante e alegre como seu sorriso. Gostaria de encontrar as palavras exatas, as palavras perfeitas para traduzir tudo que eu sinto, mas as palavras me traem quando se trata de amor. Elas me dizem que não podem descrever o amor, porque amor é sentimento e sentimento é para sentir e ser sentido. Meus olhos brilham de emoção quando vejo você. Em alguns momentos me emociono mesmo, as lágrimas vão subindo e aquela coisa na garganta... uma batalha dentro de mim. Meus olhos têm conexão direta com meu coração e quando meus olhos se emocionam é porque meu coração já transbordou. “Um filhote de leão raio da manhã arrastando meu olhar como um imã”. Eu já falei algumas vezes para você o quanto sou feliz por ter sua amizade, seu carinho, mas essa felicidade que se resume em apenas uma palavra é infinitamente menor do que a felicidade que sinto. FELICIDADE. Toda maiúscula. Completa. “Gosto de te ver ao sol leãozinho.” Seus raios se refletem em mim. Sinto-me iluminada com seus raios refletidos em mim. Apenas gostaria de falar essas poucas palavras, porque todas as manhãs quando vejo o sol entrando por aquela janela, me sinto mais forte com a sua força. Te amo, Minha Querida! Obrigada por me permitir fazer parte de sua vida.



sábado, 6 de dezembro de 2008

Objeto de amar


De tal ordem é e tão preciosoo
que devo dizer-lhes
que não posso guardá-lo
sem a sensação de um roubo:
cu é lindo!
Fazei o que puderdes com esta dádiva.
Quanto a mim dou graças
pelo que agora sei
e, mais que perdôo, eu amo.

Adélia (Linda!) Prado
Essa especial para você ChiCo's.

domingo, 23 de novembro de 2008

(...)

Eu ouvi um burburinho. E fui tentando acompanhá-lo. Não conseguia ouvi-lo com clareza. E quando estava quase conseguindo ... ele se transformou num sussurro. Era tão baixinho que mal conseguia ouvi-lo. Mesmo assim tentava não ouvir os outros sons. Os sons externos estavam altos. Eu tentava não me dispersar. E aquilo estava cada vez mais baixo. E eu num louco desespero. Correndo atrás daquela voz. Ou daquelas vozes. Às vezes pareciam muitas vozes. Às vezes só uma. O silêncio que pedia fora não fazia festa em mim por dentro. Era difícil silenciar-me. Há tantas vozes dentro de mim. Eu preciso silenciá-las para não perder o sussurro. Eu por dentro sou um turbilhão de sons e sentimentos que explodem a cada piscar de olhos. E quase estava o burburinho. Silêncio! Eu estava perdendo uma guerra para mim. E o medo de perder aquele som me causava desespero. Sentia que estava perto. (E realmente estava perto, mas não pude perceber). Continuava minha busca incessante. Aquelas vozes. Aquela voz. Que não saía de dentro de mim. Enlouquecia-me. Não conseguia saber sobre o que falavam. Sim, estou perto. Estou quente. Só mais um pouco. Um passo a mais e tudo muda de lugar. Não posso voltar o tempo não voltar. Devo seguir. Não posso desistir. Fui entrando. Agora já conseguia ouvir o burburinho com clareza. Queria fazer parte daquilo tudo. Queria sussurrar também. Só me resta abrir a porta. São muitas chaves. E muitas portas em minha frente. A chave caiu da minha mão. E de repente todos se calaram e eu perdi o burburinho...

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O que sinto...

O sentimento que trago no peito e que trago em doses lentas todas as manhãs é desconhecido. Eu não sei o que sinto. É indescritível. Por mais que eu tente escrevê-lo e descrevê-lo não consigo. O meu discurso torna-se vazio quando não consigo expressar o que sinto. O sentimento é a mola do ser humano. É o sentimento que o eleva. É o sentimento que o desespera. Se eu não sei o que sinto me componho de vazio. Às vezes acho que quero impor limites. Definir o que sinto é limitá-lo, o que sinto é tão vasto que me devasta por inteiro, porque eu inteira sou sentimento. Isso que estou dizendo sobre sentimento já foi dito. Eu o repito, porque minha repetição revela algo de novo mesmo quando reforça uma idéia anterior. Eu digo o que estou dizendo, mas que outras pessoas já disseram. Esse texto é o meu jeito de (re) escrever essas coisas que já foram ditas. Por isso me repito, pois o que revelo é novo. Novo e diferente. Eu não sinto, aliás, sinto, mas não sei dizer o que é. O sentimento que tenho em mim é avassalador e eu quero abarcá-lo. É algo novo, mas às vezes tenho a impressão que ele já foi sentido antes. Os sentimentos se repetem sim, apenas se vestem de outra maneira para que possamos achá-los inédito. Estamos sempre buscando estréias. E com isso nos repetimos o tempo inteiro. Como eu nesse texto. Eu apenas penso que aquilo que digo é inédito e que é a idéia mais original e única. Mas no fundo do texto eu sei que me repito a cada palavra. E repito tudo o que já disseram antes. A mulher se fez verbo antes de mim. Meu discurso inédito, já se repetiu antes mesmo d’eu me fazer verbo. Não saber o que sinto, me aflige. Me sinto perdida. Sem lugar. Eu não pertenço ao meu lugar. Não pertenço a ele, porque me perdi diante de tudo que sinto. O que sinto me devasta, perfura-me a alma. E logo eu que sou tão casta, tenho minha alma devastada por algo que eu nem sei descrever. Só consigo sentir. Sinto o sentimento meu. Gosto de me colocar no lugar do outro para sentir o que ele sente. E assim sentir mais e quanto mais eu sinto, mais perdida me torno. Minha alma sente um sentimento profundo perfurando-a duplamente. Eu apenas quero dizer isso, mesmo que isso já tenha se revelado. Esse meu texto é uma conversa minha. No momento em que ele está aqui não me pertence mais, pertence a você a sua leitura. A partir dele você escreve o seu texto. Eu queria somente contar a você tudo isso que estou escrevendo, mesmo que você já saiba de tudo. Esse texto é uma conversa de mim para você. O meu discurso monólogo é um desdobramento de mim para ti. E a partir desse momento, esse vasto texto perdido entre tantos sentimentos não me pertence mais... assim talvez como aquilo que eu nem sei o que sinto...

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Saudades

Andar pelas ruas de Ondina tem sido uma tortura incrível. Eu ando sozinha. Com um peso no peito. Que me empurra, aliás, me puxa para baixo a todo instante. Eu ando cabisbaixa, contando pedras chutadas e que todos os dias mudam de lugar. Eu as procuro na tentativa de não procurar você. Mas você não saiu de mim. Você está em mim. E permanecerá. “Aonde quer que eu vá, levo você no olhar”. Eu ainda não consigo andar por aquela rua. Eu simplesmente não consigo olhar para ela. Abaixo a cabeça numa tentativa inútil. Tento bloquear em mim as lembranças que a todos instante se fazem presente. Como nós ríamos de tudo! Como fomos felizes em nossos momentos. Saudades daquelas conversas intermináveis ao telefone. Ah! Minha Infinita que saudades de você! São tantas coisas que não foram ditas. Tantos detalhes que não ficaram esclarecidos. Tínhamos todo o tempo do mundo. Aquela conversa que ficou engasgada em nossa garganta. Essa conversa que foi responsável pela distância entre nós. E quando estávamos começando a construir a ponte para transpor esse vão... Você se foi. Deixando um abismo infinito dentro de mim. Sem respostas. Nosso amor nos traiu. E talvez você tenha percebido, mas eu... Eu estava de olhos vendados. Não me deixaram ver o óbvio. E você respeitou minha cegueira. Às vezes tenho a ligeira impressão que tudo isso não aconteceu. Tem dias que acordo achando que vou encontrar com você numa esquina daquelas em Ondina. E se de repente fosse tudo um terrível pesadelo. E você pudesse retornar agora, eu diria que... Eu não diria! Apenas abraçaria você e seguraria sua mão com força. E ficaria sempre perto de você. Somente para sentir você. Tantas coisas você me ensinou sem saber. Amizade e companheirismo. Minha Infinita, tanta falta você me faz. E hoje nesse dia tão especial para nós... um vazio. Eu não ligarei para você hoje, desejando todas aquelas coisas de sempre. E que nós fazíamos questão de repetir. E daqui a dois dias não receberei sua ligação, mas esperarei por ela. E sentirei essa ausência doer. Que poder tem essa pequena palavra dor. E que sofrimento ela causa. Sofrimento imenso. E isso me machuca na alma profundamente. Eu não consigo esquecer essas lembranças maravilhosas. Na verdade não quero esquecer. Tudo aquilo que foi vivido por nós, estará para sempre guardado dentro de mim para que nos dias de solidão eu tire uma pequena dosagem para aliviar a saudade. Esses momentos nossos são o meu antídoto para os dias de saudades em fúria. E só os nossos momentos conseguem preencher esse vazio.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

(...)


Me perfumo a espera de alguém
Que não virá
Escrevo a esperar por você
Procuro seu sorriso nas palavras soltas
Que te escrevo
O seu olhar cruza o meu
Na súbita escrita da rima
Meu corpo é o papel
Que você toca e lê
E pega-o com a voracidade
Que me toma toda
E me devora toda
Porque eu toda sou você.


Heloísa de Sá

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

(...)

E se eu disser que não quero? Não quero mais saber sobre as coisas da vida. Nem as belas. Nem as feras. Nem aquelas que não conseguimos entender. As coisas de repente ficaram sem sentido. Perdi o interesse. Viver é interessante. Mas o meu interesse se perdeu diante da vida. Não penso em desistir. Não quero desistir. E nem quero lutar. E também não quero aceitar apenas. Não quero mudar as cosias. Cada coisa tem um motivo. E eu não quero descobrir o motivo delas. Não quero entender. Nem compreender. Por favor, não tentem me explicar. Eu não pedi explicações. “Existirmos – a que será que se destina?” O destino cuida de tudo. E o tempo é o senhor da razão. No dia em que minha razão encontrar-se com o meu tempo. O tempo já não será meu. O tempo passa. Esse instante já passou. E o futuro é o presente que esquecemos de viver. “Meu tempo é quando”. E o passado? O passado e o futuro se cruzam no presente. O presente é o tempo mais importante. Um passo de cada vez. Logo estarei distante e caminhando. Não tenho pressa. Não sei correr. Meu tempo é diferente dos demais. Muitos não conseguem me compreender. Eu não pedi para ser compreendida. Eu não quero ser compreendida. Eu não sei o que é compreensão. Aliás, muitas das palavras que escrevo não o que significa. O que quer dizer “coisa”? Coisa para mim significa quase tudo. E na maioria das vezes é tudo. Tudo que não sei coisifico. E como não sei muito, coisifico quase tudo ou tudo. Depende do momento. Tudo o que sei não se traduz. “As palavras eram perdidas Nas curvas escuras da vida E eu nunca estava lá”. Apenas posso afirmar que sei o que não quero, mas o que quero eu ainda não sei.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Falares...


Hoje é um dia muito especial e quero dizer muitas coisas. Minhas satisfações. E insatisfações. Não, não quero dar satisfações e nem insatisfações da minha vida. Isso não quero. Quero dizer apenas que eu não tenho obrigação de escrever. Não tenho. Simplesmente escrevo, porque necessito. Repito. Necessito escrever. (Estou me repetindo duplamente, porque o post anterior falava justamente sobre isso. Sobre minha necessidade em escrever.) Não sou obrigada a escrever. Obrigada escrita por completar a minha vida. Obrigada a você que ler essas coisas. Quero dizer outra coisa e quando eu quero eu digo. O prazer que sinto por viver me faz esquecer o desconforto que é estar vivo. Viver é desconfortável. Eu sou irritante e desconfortada. E incomodada também. Viver é um incômodo desconforto. Mas alegria que trago por viver desconfortável é superior ao desconforto de viver a vida. Vivo minha vida tão intensamente que nem sinto o desconforto da vida. Quero falar também da saudade que sinto. Sinto uma saudade aconchegante invadir meu coração. Ainda bem que vivi tudo aquilo intensamente. Aquilo do que sinto tanta saudade ainda não foi preenchido. Saudade é preenchida? Eu tive a melhor e agora não posso me contentar com aquilo. Aquilo que tentam me empurrar goela abaixo e sem suco de abacaxi com hortelã para ajudar a digerir. Me enfiaram goela abaixo secamente. Eu não quis aquilo ou isso e nem quero. Me enganaram. Eu serei mais clara agora. (Por um instante deixarei de me revelar nas entrelinhas). Sayonara, minha DIVA, estou falando de você. Para você. E com você. Como eu posso aceitar aquele povo todo se achando? Aliás, eles não se acham eles são. O quê eu ainda não descobri. Assim que souber prometo escrever aqui no blog. Sim, voltando. Eles “os federais” se acham superiores a tudo e a todos. E só eles sabem. Claro! O que eles falam só eles compreendem. E às vezes eles se perdem em suas falas vazias. Metafísicos. Só eles beberam da fonte e ao sair de lá a fonte secou. Sayonara, minha DIVA, como eu posso me contentar com “os federais” se eu tive o prazer de ter aula com a melhor? Não posso. Não quero. Se eu fosse tão corajosa (como gostaria) seqüestraria você e levaria para dar aula para eles. Mas eu não sou tão corajosa. E é esse “tão” que me lenha bonitinho de verde e amarelo. Sayo, minha DIVA, você está me ouvindo? Que saudades daqueles encontros fantásticos. Das gargalhadas. Das piscadelas. E do ar blasé. Vou me repetir. Ainda bem que vivi tudo aquilo intensamente. Quero falar também sobre sorrisos. Estou encantada por um sorriso. São os dentes mais tortos que já vi. E que de tão tortos tornam-se perfeitos. Portanto sorria meu bem. Sorria por tudo e para todos. E especialmente para mim. Ainda me restam algumas linhas. Então falarei do prazer que sinto ao ler os blog’s. Os blog’s que estão indicados aqui ao lado direito são tão lindos. É um prazer enorme lê-los. Sinto uma coisa invadir meu peito. E vai tomando meu corpo inteiro. É uma loucura! Uma loucura boa. Ai... ai... As linhas estão acabando... só me resta dizer uma coisa assim como a DIVA, já fui banda!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

(...)

Eu não quero escrever. Nesse exato momento não sinto a mínima vontade. Eu quero falar. Eu quero gritar. Quero berrar. Mas as pessoas estão ocupadas demais para me ouvir. Eu estou cansada demais para berrar em vão. Por isso quero deixar registrado aqui a minha não vontade em escrever. Já escrevi sobre muitas coisas. Muitos sentimentos. Histórias dos outros. Minhas histórias. Tudo já foi escrito, lido, dito e ouvido. Hoje estou cansada. Excessivamente entediada para escrever. Procuro em mim um motivo e não encontro. Como faço para ser um poetaço, Predo? Mergulho de cabeça no vazio. E nem sombra de inspiração vem. Tem dias que é uma loucura tenho que parar tudo para escrever. Mas têm dias que é assim, não sinto vontade. “Socorro, não estou sentindo nada Nem medo, nem calor, nem fogo Não vai dar mais pra chorar, nem pra rir.AA” Na verdade vontade de escrever nunca tive. O que tenho o que sinto é necessidade de escrever. Como necessidade de respirar. De viver. Escrever é viver pelo menos para mim. Escrever é meu maior amor. O amor mais puro e verdadeiro que sinto e que tenho. Escrita é vida. E sei que estou viva, porque escrevo e amo! Me apaixono também. Apaixono mais do que amo. Mas há alguns momentos que não sinto essa necessidade. Nesses momentos me sinto adormecida. Anestesiada. Dormente. Nublada. E exausta. Me sinto cansada por não escrever. Hoje estou cinza, porque quando não escrevo morro um pouco. Um dia sem escrever é um dia sem vida. “Por favor, uma emoção pequena.AA” Não escrever me consome. Me entristece. Me chateia. ChicO me ensina a escrever do seu jeito? Eu prometo ficar quietinha só observando. E hoje eu não quero escrever. Mesmo se quisesse escrever tudo acabaria feito um borrão num pedaço de papel manchado sem importância. E que acabaria no lixo. Definitivamente escrever hoje não dá. Hoje quero falar para sentir aliviar essa angústia que tanto amargura meu peito. E que às vezes me faz querer calar. “No zap pele no sap filme Tudo tem uma lógica chaminé minério.” CB


sábado, 6 de setembro de 2008

O que me incendeia...

Tenho uma lista interminável de coisas que me incendeia. Escrever me incendeia muito. É uma chama que não se apaga. O prazer da leitura também. Ao ler aquelas palavras guardadas e ao mesmo tempo expostas dentro de um livro me incendeia. E se aquilo que ler me completar, sinto-me saciada. E ao mesmo tempo me sinto faminta, porque a procura pelo novo é incessante. Tem uma coisa que me incendeia demais. Nossa! É um fogo louco. Sinto-me quente. Vermelha. Isso que me deixa assim sem ar é o AMOR. O amor me deixa incendiada, sempre. O sentimento amor por si só é um fogo. “O amor é fogo que arde sem se ver” FP. O amor é a chama linda em todas as relações. Entre amigos. Família. Casais. O amor deveria nortear todas as relações, em minha humilde opinião. Clarice (Linda!) Lispector me incendeia muito e desperta em mim o incêndio da escrita. “Pensar é um ato. Sentir é um fato.” CL. É um amor eterno, uma paixão fulminante. Adélia Prado tem me incendiado muito. Vinícius de Moraes me incendeia amorosamente. Amy Winehouse me incendeia musicalmente. Os detalhes do dia-a-dia. As coisas miúdas. As pessoas me incendeiam muito. Eu sou completamente incendiada pelas pessoas. Presto a atenção em cada detalhe. A cada olhar. E me surpreendo. Assusto-me às vezes também, mas o incêndio é maior e ultrapassa tudo. Sorrisos me incendeiam. Felicidade me incendeia. Ser feliz me deixa incendiada. Sentir que posso fazer uma pessoa feliz é um incêndio enorme. A vida me incendeia demais. Sinto-me completamente incendiada por viver e saber que posso realizar mil coisas. Viver a vida somente já é um incêndio muito bom. E eu sinto a chama da vida me incendiar a cada dia. E é por isso que sou inteiramente incendiada, porque vivo e faço da minha vida um incêndio. Eu sinto o incêndio dentro de mim. Dominando-me e eu não o deixo se apagar.


PS: Esse texto foi escrito há algum tempo para aula de Oficina e achei que esse era o momento de postá-lo aqui.




segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Fim...

(...)

"Ali naquele vazio
Daquela sala sempre tão cheia de emoções
E felicidades
Não disseram uma palavra
Se abraçaram
E choraram
Sentiram seus corpos pela última vez
E foram para lados opostos
E não se viram mais
..."




quarta-feira, 30 de julho de 2008

(...)

Eu queria falar tantas coisas, mas não posso. Queria gritar em todos os cantos do mundo, mas não posso. Preciso calar. Sufocar. Reprimir o óbvio. Preciso reprimir a todo instante o que explode em mim escandalosamente. E é belo. E é meu. Só meu. Guardo em mim, porque não posso revelá-lo. Guardo em mim, porque é revelador. E explodirá mesmo que eu sufoque-o. É um fado. Só eu sei o peso que isso tem. O medo avança sobre o desconhecido. A verdade quando vista (e dita) pela primeira vez causa estranheza. Talvez o medo se apodere do inexplicável. A verdade é um sentimento superior. Sentimento sim. Guardo, porque sou egoísta. Sou possessiva e impulsiva. Irritantemente misteriosa. Gosto de revelar-me nas entrelinhas. Assim é possível entender. É possível esconder. Nesse jogo de esconde-esconde muitas verdades são reveladas. E muitas mentiras também. Uma verdade nua ou uma mentira crua? Simplesmente não posso escolher. “O homem está condenado a liberdade” . Eu não escolhi ser livre. Não me deram essa opção. Tudo foi negado e renegado. Tudo foi imposto. E hoje pagamos por ele. O que quero falar me faz calar. “A verdade é sempre um contato interior e inexplicável” . O que quero dizer me faz temer. Por revelar a dor. Por um segundo me calo. E penso. Me disseram mais de uma vez que a verdade dói. Como assim? Mentiram para mim. A mentira dói e demora a cicatrizar. É um sofrimento. É um castigo para quem mente e para quem acredita na mentira. Enganar outra pessoa é um pecado imortal. E assim o sofrimento vai se alimentando daquilo que nós temos de mais bonito. É uma ferida que se alimenta a cada dia e leva tempos para curar. O que quero falar já foi dito. É difícil perceber, porque os detalhes vão se perdendo por aí. A todo instante revelamos o óbvio. A todos instante novas coisas são reveladas. E ninguém percebe. Eu não percebo. Existem coisas que são imperceptíveis aos olhos. Queria dizer mesmo que fosse bem baixinho e que ninguém pudesse me ouvir. Ninguém me ouvirá mesmo se eu berrar. “Berro por seu berro, pelo seu erro” . O mundo não está interessado nisso. Eu mesmo finjo acreditar que estou. Quem sabe tudo isso seja uma fantasia louca. Que sonho acordada em mais um devaneio. Quem sabe tudo isso seja a mais pura verdade. Quem sabe, por favor me diga. “Quem sabe ainda sou uma garotinha...”

domingo, 20 de julho de 2008

Dia do Amigo e A História de uma Amizade Infinita

Dia do Amigo

Hoje é o Dia do Amigo. Que belo dia deveria ser. E já foi muitas vezes. Hoje ainda é um dia belo. Obrigada meus amigos queridos por serem meus companheiros. Obrigada meu amor por estar sempre ao meu lado. Obrigada minha família linda. Vocês são os melhores e maiores amigos. Meus amigos poetas. Os amigos são os irmãos que nós escolhemos. Eu nunca quis ter um milhão de amigos, mas meus amigos valem mais que um milhão.


"Amigo é coisa pra se guardar Debaixo de sete chaves, Dentro do coração,assim falava a canção que na América ouvi, mas quem cantava chorou ao ver o seu amigo partir, mas quem ficou, no pensamento voou, com seu canto que o outro lembrou" MN


A História de uma Amizade Infinita
Nesse lindo dia sinto um vazio tão grande, porque uma amiga muito querida partiu. "Quando você foi embora Fez-se noite em meu viver Forte eu sou mas não tem jeito, Hoje eu tenho que chorar" MN.Dizer que sentirei sua falta é uma coisa tão óbvia e evidente. E nós detestávamos coisas óbvias. Nós sempre achávamos que tinha uma explicação por trás de tudo. Nós éramos tão felizes. Nos divertíamos tanto. Discutíamos também, mas no final tudo acabava bem. Porque você era minha amiga querida. Você foi "O amor mais amigo que me apareceu" RC. Eu já sabia pela entonação da sua voz que as coisas não iam muito bem ou que as coisas estavam muito bem. O que quero dizer são tantas coisas, algumas delas eu tive o prazer de falar e outras não deu tempo. Eu estou tão devastada. Tão vazia. Na primeira semana sem você, eu estava tão confusa. Parecia que estava anestesiada, não estava sentindo as coisas. Até quis me anestesiar, por alguns momentos. Sentia meu corpo tão sonolento. Dormente. Mas aí quando eu lembrava das palavras de força que você sempre me dizia. Nem sei explicar como estou me sentindo diante de tudo isso. Pela primeira vez as palavras fugiram. E eu nem sei como expressar meus sentimentos. Está tudo tão confuso e nublado. Acho que vou acordar a qualquer minuto. Eu nem desconfiava como era grande o meu amor por você. E eu nem cogitava a possibilidade de não te ter ao meu lado durante a minha vida. Eu também nem sabia a força que tem a palavra dor. Essa palavra tão pequena, monossílaba tem uma força tão grande. Uma força maior que a própria palavra. Nem se eu a escrevesse toda maiúscula. DOR. Ainda assim seria infinitamente menor do que a dor que estou sentindo nesse exato momento. Essa dor causou um abismo dentro de mim. Todos os meus pensamentos estão voltados para você. Como eu queria contar nossas lindas histórias, mas nesse instante estou completamente possessiva e egoísta e quero guardá-las só para mim. Como se assim eu pudesse revivê-las milhares de vezes dentro de mim. E sentir o mesmo sentimento que senti quando vivemos tudo aquilo. Por um momento eu fico feliz por ter sido escolhida por você. Aliás, nós nos escolhemos, toda felicidade eletiva, e nós nos elegemos. Você me ensinou o verdadeiro sentido palavra amizade. Eu sabia que uma das minhas missões seria cuidar de você. Dói pensar que eu posso ter falhado. Eu queria dedicar o dia de hoje a você, minha querida. Não será fácil continuar essa caminhada sem você me apoiando, mas suas palavras ficarão para sempre guardadas. Algumas pessoas estão tentando saber o motivo. Eu não quero sabê-lo. E mesmo se a verdade fosse revelada. Eu não queria sabê-la. Não adiantaria. Não mudaria as coisas. Não traria você de volta. Essa é a realidade. Irreversível. Imutável. E é por isso que prefiro guardar em mim a lembrança do seu sorriso. O som da sua voz sempre rouca me chamando de Amiga.

Há alguns anos no Dia do Amigo, eu escrevi um poeminha para minha querida amiga, ele diz assim:

Minha amiga infinitamente amiga
De todas as horas
De qualquer dia
De qualquer momento
Que bom saber que tenho uma amiga
Que estará sempre a sorrir e a chorar
Estará sempre a apoiar-me

Minha amiga infinitamente amiga
Que conhece-me só num olhar
Que orgulho tenho de ter uma amiga
Não uma amiga apenas
Mas minha amiga infinitamente minha

Minha amiga infinita
Minha irmã de todos os instantes
Que já passamos e os que ainda estão por vir
Que bom dizer aos cantos
Que você é minha amiga Infinita.
Minha querida amiga ao ler esse poema me disse: "Fiquei extramente emocionada ao ler... Esta poesia que foi dedicada a mim, merecia ser exibida com orgulho diante de todos. Acredite mais em si mesma e mostre ao mundo o seu potencial, pois precisamos de pessoas com esta veia artística tão singular."

quinta-feira, 26 de junho de 2008

História de Amor nº 02: O Primeiro Encontro

Ele queria dizer tantas coisas, mas quando a encontrava, ficava meio perdido. Sem saber o que falar. Eram tantas coisas ensaiadas. E ela o desarmava completamente. Um olhar. Um sorriso. E lá estava ele bobo. Envergonhado. Tímido. Ela fingia não perceber o nervosismo dele. Ele fingia acreditar que ela realmente não sabia. Fingiam fingimentos. Seguiam conversando. Ele monossilábico. Ela falante. Diálogo? Não, monólogo. Ele sentia uma felicidade incontrolável, quando estava ao lado dela. Explosão. Sentimentos. O silêncio explode no ar. Seus olhos se cruzavam. Ela segurava a mão dele, mas ele tinha que ir e queria ficar. Obrigação, depois o prazer. Foi assim que aprendeu. E assim deveria ser. Suas mãos não se soltam. Estavam indo para lados opostos. Ela segurava a mão. Segurava seus dedos. Segurava seu dedo. Foram. Até um dia. Mais um momento eterno. Alguns minutos para os dois pararem o mundo. Eu. Você. Eles. Nós. Talvez...

quinta-feira, 5 de junho de 2008

???

Essa coisa de ter dois nomes é muito complicado. Não sei quando posso ser L. Quando posso ser C. E quando posso ser LC. São três pessoas em uma. Ou talvez mais. Como assim? Nem eu sei. Só sei que sou assim. “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”. CV. E eu sou dolorosamente deliciosa! Sem modéstia. Por conta dessas pessoas que vivem em mim, me tornei Poetinha Feia. Um personagem mais real do que eu e minhas pessoas juntas. Talvez mais que real que minha própria vida. Um personagem não linear. Esférico. E aí, aprendi direitinho S.A.? Um personagem fictício vivendo num mundo real. Um personagem real vivendo num mundo fictício. Saberás. Um personagem que tem vontade própria. Que respira! Que sente! Que ama! Um personagem que vive entre dois mundos. E que não tem lugar. PF é um ser sem lugar no mundo. E totalmente adaptado a ele. "Caminhando contra o vento sem lenço sem documento." CV. Um ser sem lugar, porque não nasceu, foi criado. Imaginado e que se tornou tão real, porque não cabia mais em mim. Será eterno. E eu gosto muito desse personagem. Talvez seja esse o meu favorito. Mas eu gosto muito de ser todas essas pessoas juntas. Essas pessoas de alguma forma me compõem. Me completa. E que me deixa louca quando resolvem dialogar todas juntas dentro de mim. São tantas vozes, femininas gritando desesperadamente. Tantas idéias brilhantes. E apenas uma mão para escrever tudo. E escreve alucinadamente, atropelando as palavras. Atrapalhando as normas, rimas. Eu sou vária. Sou singular por ser plural. E me sinto só, porque sou múltipla. Todas vão embora de vez. Apenas uma permanece. E eu ainda nem falei sobre Heloísa de Sá. Meu personagem mais secreto. Quem será esse EU que escreve? Que imagem é essa que eu nem mesma sei qual é? Eu sou um personagem (quase) real em busca da minha verdadeira identidade.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Esquecimento

Tive uma idéia, mas esqueci. Esqueci como esqueço milhares de coisas. As idéias vêm. As idéias ficam, mas se não anotá-las elas vão. E me deixam num incrível vazio. Essa idéia esquecida tornou-se brilhante. A idéia da minha vida. Meu best-seller. Eu odeio best-seller. Não lembro de ter lido um. Por isso vou escrever sobre a falta de idéia. A ausência de imaginação. A falta de inspiração. São tantas coisas banais e importantes. São tantos sentimentos envolvidos na rotina. Estou num processo antológico de ausências. Já nem me lembro o que disse que iria escrever. Então escreverei sobre qualquer coisa que vier a minha louca cabeça. Eu amo Clarice Lispector. Eu estou apaixonada por Adélia Prado. Os meus dias são tão lindos e dolorosos. É tão bom estar lá e aqui. É um aprendizado novo a cada dia. Um sentimento que desabrocha. A esperança é a chama da minha vida. É tudo tão profundo e intenso. E desgastante. E completamente lindo. Como eu queria saber escrever para deixar todos empoemados. Eu queria ter várias idéias infrutescentes. Eu só tenho um punhado de idéias que cabem em minha mão esquerda, porque a direita escreve o que ainda resta em minha apagada lembrança. Tenho poucas idéias e esqueço metade delas. É assim e mesmo assim deve ser a vida quem vive pelas palavras. Esquece um verso por aqui. A rima escorrega por ali. E assim nasce um poema capenga. O texto é composto. O meu texto é composto por palavras soltas. Pontos. E vírgulas. Não estudo para escrever. Tudo que escrevo é o que aprendo lendo. É o que aprendo vendo. Aprendi lendo e vendo. E nem sei como é que se escreve um conto para participar do concurso. Um dia quando estiver escrevendo empoedamente e infrutescentemente serei uma POETA. Quando eu souber cantar um jazz serei uma DIVA. Salve, Acarajazz! Enquanto não aprendo metade das coisas que gostaria sigo aprendendo. Aprendo uma coisa aqui. Aprendo outra coisa ali. E o meu mundo vai se compondo de aprendizado. E esquecimentos. Acho que esqueço das coisas que aprendo para aprendê-las novamente. Saborear o conhecimento. Sentir o sabor. Degustá-lo. Deixá-lo na boca por um instante. Depois engoli-lo devagar. E algum dia colocá-lo para fora. E assim estarei aprendendo sempre. Escrevo, porque sou aprendiz. É um exercício constante. Coloco no blog, porque sou ousada. Uma ousadia incrível e uma timidez profunda. Eu preciso me lembrar de alguns detalhes. Eu preciso voltar a enxergar. Está tudo tão cinza. Eu preciso não esquecer. Eu tenho que endurecer, mas sem perder a poesia jamais.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Meu Ofício

Quando sento para escrever um poema. Sento com tudo que há em mim. Com toda emoção. E sentimentos. Com toda dor que trago comigo. Meu coração sangra. Sangra com emoção. Sangra com toda força que ele tem. Meus dedos finos, frágeis e calejados. Escrevem tremendo de dor. Meus dedos gemem de dor. Minha mão dói. Chega a sangrar. Os dedos fraquejam. O lápis cai. A ponta quebra. O papel mancha. Recomeço. Meu trabalho é árduo. Começa e recomeça. É um trabalho sem fim. Eterno enquanto eu viva. Ou eterno pelas mãos de outro. Ou ainda eterno pela leitura de outro. Um trabalho que não acaba. Enquanto houver vida. Sentimentos. E emoções. Um trabalho que cansa. Um trabalho de transpiração. Inspiração. Pulsação. Meu coração sangra a cada batida. Sangra a cada pulso. Um verso bem escrito. E lá vem lágrimas nos olhos. O coração pulsa rápido forte. Tudo é uma dor. Um sofrimento doloroso. Às vezes o poema vem inacabado. Outras vezes pronto. Outras vezes não vem. Nas vezes que não vem, meu sofrimento é maior. Eu sofro calada. Quem sofre em silêncio sofre mais. Calada eu sofro o sofrimento maior do mundo. Sofro mais e melhor. Sofro o vazio. A ausência do verso. O sofrimento me enlouquece. O vazio me apavora. Silêncio. Palavras evaporam no ar. Meu trabalho continua. Contínuo...

sexta-feira, 4 de abril de 2008

História de Amor n° 01: A Prima e o Primo

Essa não é apenas mais uma história de amor, essa uma história de encontros e desencontros, de amor e desamor. Essa é uma história de uma vida, de um amor. Fala não só de amor, fala da não comunicação, fala da espera, da paciência, de fidelidade e de algo muito mais forte que o amor, talvez, o próprio amor.



A Prima(1) se apaixonou pelo Primo(2) antes mesmo de começar a falar. Ela era uma garota muito faladeira, alegre e às vezes um tantinto chatinha. Ele, bem ele, não sei como era, aliás a única coisa que sei é que ele não era pequeno, mas como conheço a Prima, posso imaginar que ele era bem legal e que a fazia sorrir. Os homens naturalmente gostam das mulheres que sorriem de suas piadas, mas esse é o tema de outra história.

A Prima apaixonada passava as férias e os finais de semana prolongados na casa dos seus Padrinhos que por coincidência ou não eram os pais do seu querido, amado e idolatrado Primo. Um belo dia o Primo olhou para a sua Prima Apaixonada e disse: “Não se afobe, não, Que nada é pra já, O amor não tem pressa, Ele pode esperar em silêncio, Num fundo de armário, Na posta-restante, Milênios, milênios, ... Amores serão sempre amáveis, Futuros amantes, quiçá, Se amarão sem saber, Com o amor que eu um dia, Deixei pra você.(3) Ele não disse isso, assim com essas palavras, mas se dissesse, ela não se conformaria em ter que crescer. O que realmente ele disse foi: - Vou esperar você crescer. E deu um beijo na Prima. Os olhos de jabuticaba da Prima brilharam intensamente (igual quando se tem uma revelação). Aquilo bastou. Ela acreditou naquilo como se acredita na vida.
O tempo foi passando e a Prima foi crescendo.
Um belo dia de sol e céu azul a Prima retorna do colégio, entra em casa falando sem parar e dá de cara com o Primo que diz: Eu disse que iria esperar você crescer. Depois de proferida a sentença eles passaram o resto do dia conversando.
No outro dia eles já estavam namorando há muito tempo, sabe quando você acaba de conhecer uma pessoa e tem a sensação que aquela pessoa sempre esteve ao seu lado, então era assim que eles se sentiam. Entre cinemas e beijinhos, pizzas e mais beijinhos, o tempo foi passando e o relacionamento foi ficando cada vez mais sério, o que era um namoro de adolescente entre primos e sem futuro, estava se transformando numa bela história de amor.
A Prima muito inteligente terminou seus estudos bem cedinho e logo começou a trabalhar, mas o Primo apesar de ser lindo e fazê-la sorrir era bem machista como todo homem bom deve ser. E pediu, implorou e suplicou para a Prima sair do emprego, porque o trabalho dele sustentava os dois. Bonito isso, isto é, realmente profundo. A Prima que era muito esperta foi enrolando até o dia que ele falou que queria casar e como ele trabalhava num Banco e em outra Cidade pediu que ela fosse morar com ele. A Prima respondeu ao seu amado que era muito cedo para eles casarem.
O relacionamento foi esfriando, o Primo foi ficando distante, até o dia que o Primo sumiu. Esse é o momento mais bonito dessa história, é o momento sublime, esse é o meu momento, é o momento de escrever poeticamente o que a Prima sentiu, esse momento é tão bom que merece até um parágrafo.
Com o sumiço do Primo, a Prima apaixonada fica doente, doente de ausência, doente de saudades, doente pela falta do beijo, sentia febre e um frio intenso, imenso era a falta de algo que já estava inerente nela e ela nem tinha percebido, não conseguia comer, seus olhos ficavam fechados para não ter certeza, as lágrimas saíam dos seus olhos como a jabuticaba cai da jabuticabeira quando está madura, sem sentir, aquilo já fazia parte de sua vida, aquele sofrimento foi inevitável, a Prima estava doente de amor.
Era primavera e a Prima tinha voltado a sorrir, o que os olhos não vêem o coração não sente, então a Prima pensava: “De hoje em diante Eu vou modificar O meu modo de vida Naquele instante Em que você partiu Destruiu nosso amor (4) ", o Primo era uma página virada e era, até o dia que ela recebeu a visita de sua Prima que ostentava um lindo anel de noivado e alguém muito curioso perguntou a Prima noiva: - Você está noiva? E a Prima Noiva Boba respondeu: Estou noiva sim, eu e o Primo ficamos noivos vamos nos casar. A Prima apaixonada ouve aquela frase que desce secamente em sua garganta e seus olhos de jabuticaba já marejados ameaçavam o choro, mas antes da lágrima cair, ela disse: “Agora não vou mais chorar Cansei de esperar De esperar enfim E pra começar Eu só vou gostar de quem gosta de mim (4.1). A Prima pegou o telefone e ligou para um antigo Pretendente e disse: - Eu aceito namorar você. E assim foi feito.
A Prima e seu Pretendente começaram a namorar, ele não era exatamente um Primo, mas há de se fazer o quê, são as coisas da vida, quem não tem gato caça com cão. Ele era um homem bom e deveria fazê-la sorrir, isso é o mínimo que os homens devem fazer as mulheres.
Chega o grande dia, o dia do casamento dos Primos, a Prima não queria ir, mas seu Marido (sim, ela casou com seu Pretendente) insistiu, não via motivos para não ir e eles foram.
Esse momento é tão lindo, tão lindo, que me faltam palavras para traduzir os sentimentos envolvidos ali naquela cerimônia, que selaria o destino dos Primos, novamente preciso de um parágrafo e um gole de fôlego.
O Primo passou a cerimônia toda de costas para o altar e de frente para sua Prima, a sua verdadeira Prima, o seu grande e verdadeiro amor. Penso que ali naquele momento ele deve ter pensando na grande besteira que havia cometido (e estava cometendo), na grande injustiça que ele havia feito (e estava fazendo), mas os homens são assim. Agem primeiro, pensam depois. Os olhos de jabuticaba da Prima brilhavam intensamente envolvidos por uma camada de lágrimas. Eles se olharam, se falaram pelo olhar. E aquilo bastou.
Após aquele dia eles não se viram mais, a Prima após alguns anos separou-se do Marido e soube que o seu Primo tinha ido morar em outro Estado e mais tarde também soube que ele havia se separado da Prima. Não tiveram mais contato.
Só em contar essa história foi o suficiente para a Prima ter uma noite sem sono entre sonhos e olhos abertos, só o som de sua voz foi o suficiente para despertar todo o amor no coração da Prima, só a leitura dessa história foi o suficiente para emocionar os olhos de jabuticaba. E só o amor poderá ser suficiente para refazê-la feliz.



Notinhas de rodapé

(1)
O nome da Prima é segredo, não conto nem sob tortura.
(2)
O nome do Primo eu poderia até revelar, mas a Prima me pediu e eu não conto, porque sei guardar segredo direitinho.
(3)
Trecho da música, “Futuros Amantes”, do lindíssimo Chico Buarque que na voz de Gal Costa é sublime.
(4) e (4.1)
Trechos da música, “Só vou gostar de quem gosta de mim”, uma composição Rossini Pinto segundo vários sites que esqueci quais foram e que é muito linda quando cantada por Eliana Printes.

sábado, 22 de março de 2008

Para Meu Amor

Eu gosto quando escrevo e você me observa. Eu gosto de palavras bonitas. Eu gosto do seu sabor. Eu gosto de saber que você está ali. Eu gosto de tomar café com você, mesmo quando não tomo café. Gosto quando você termina e não me espera terminar. Gosto do seu sorriso. Gosto do seu cheiro. Gosto de melancia. Gosto de Clarice Lispector. Gosto de Florbela Espanca e você também. Gosto do frio e de sentir seu abraço bem apertado me aquecendo. Gosto daquela sua camisa velha que tem seu cheiro. Eu gosto de ficar sozinha com você por perto. Eu gosto de músicas que você não gosta. Eu gosto de músicas que você gosta. Eu gosto de olhar o horizonte. Eu gosto de olhar fixo para qualquer coisa. Gosto quando você tenta adivinhar meus pensamentos. Gosto quando você me surpreende. Eu gosto de surpreender você. Eu gosto quando você faz carinho em minha orelha. Eu gosto quando você cheira meu pescoço. Eu gosto dos seus cuidados comigo. Eu gosto de cuidar de você. Eu gosto de olhar as outras casas pela janela e pensar nas rotinas daquelas pessoas. Eu gosto de olhar as pessoas andando em todas as direções apressadas. Eu gosto quando você liga e diz que já vem. Eu gosto da cor rosa. Gosto por você gostar de caranguejo. Gosto de peixe. Gosto por você gostar de carne. Eu gosto de acordar ao seu lado. Eu gosto de dizer: Bom dia! Eu gosto quando você espirra várias vezes sem parar. Eu gosto de sentir o seu carinho quando estou dormindo. Eu gosto de dizer: Boa noite! Eu gosto das suas unhas. Gosto dos seus dentinhos. Gosto quando eles sorriem para mim. Gosto do seu olhar de carinho. Gosto dos seus olhos verdes, mas prefiro castanho. Gosto quando você pisca o olho para mim. Gosto, porque é inteligente. Gosto de admirar você. Gosto de ter orgulho de você. Gosto da sua determinação. Gosto quando você traz novidades fresquinhas para mim. Gosto da sua sinceridade, às vezes. Gosto do seu gosto. Gosto dos planos. Gosto da nossa casa. Gosto da nossa rotina. Gosto por você gostar de matemática. Gosto do seu pensamento rápido. Eu gosto de fazer cafuné em você. Eu gosto de molhar as plantinhas. Gosto de suas críticas. Gosto de sua perfeição. Eu gosto de sorrir com você. Eu gosto de nós. Eu gosto do nosso. Eu gosto de dormir abraçadinha com você. Gosto de assistir filmes com você. Eu gosto de beijar. Beijar na boca. A todo instante e como se fosse à primeira vez. Gosto de chamar para ter certeza que você está comigo. Eu gosto de você assim mesmo e mesmo assim. Eu gosto de amar você. Eu gosto de desejar você. Gosto porque você gosta de mim. Por quem eu sou. Eu gosto de você. Eu gosto, porque você me faz feliz. Eu gosto de estar com você e ser feliz.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Dia do Poeta

A inspiração tem tornado-se constante nesse momento. Se for de inspiração que o Poeta precisa para escrever, eu como aprendiz de Poeta que sou sinto-me totalmente inspirada. Inspirada e Fascinada. Inspiração e Fascinação são palavras lindas. Eu sou um ser que tenho paixão pelas coisas. Tenho não. Sinto. Eu sinto paixão. E sinto uma paixão incontrolável pelas palavras. O trabalho que o Poeta tem em colocar as palavras certas, precisas no verso é algo sublime. Um trabalho árduo. Um trabalho de experimentação. Combinação. Sentimentos. “Cada coisa é uma palavra. E quando não se tem, inventa-se-a.” CL. Quando eu sento para ler um poema é um momento sagrado. De devoção. Leio com o coração. Meu coração se abre. E sinto cada uma daquelas palavras lindas, lidas entrarem em meu coração. E aos poucos ele vai se enchendo de emoções. E sentimentos. Quando leio procuro sentir o que aquelas palavras têm a dizer. Não procuro entender. “Viver ultrapassa todo o entendimento.” CL. Nesse momento meu coração está transbordando de sentimentos e palavras. São tantas as palavras que quero escrever. E elas vão se atropelando em meu caótico pensamento. Quero dizer também que as coisas que escrevo são simplesmente para satisfazer a minha necessidade. Sinto e tenho necessidade de escrever como tenho vontade de respirar. São coisas sem as quais não posso viver. Palavras. Ar. Ah! E tem as músicas também. Ouvi uma música antiga e um refrão não sai da minha cabeça. Eu já conheço essa música há alguns anos, mas inexplicavelmente essa melodia me tocou nesse momento de uma forma singular. “A raça humana é uma semana do trabalho de Deus”. GG. Isso é tão lindo que me emociona mesmo. Meus olhos enchem d’água. São tantas as músicas lindas, ouvidas. Músicas empoemadas, como diria Chico. Que palavra linda! EMPOEMAR. Chico me disse que escrevo de um jeito menino. E eu acho que realmente escrevo desse jeito, porque escrever é simples. Tenho que ser entendida ou melhor sentida. Eu quando comecei a escrever, descobri que a escrita era simples e isso aconteceu quando eu entrei para o mundo encantado das Letras. Escrever é algo muito simples. "Eu não, sou um intelectual, escrevo com o corpo. E o que escrevo é uma névoa úmida." CL. Escrever é empoemar-se. Eu sou uma pessoa empoemada completamente. Transbordo-me de poemas e deixo-me empoemar. E vou empoemada.


PS.: Eu nem sabia que hoje era o dia do Poeta, aconteceu e foi mera coincidência. Parabéns Chico! Parabéns Predo! Parabéns a tantos outros.

terça-feira, 4 de março de 2008

Sem Título III

Afilhado querido:

Aqui estou numa missão quase impossível e muito especial, preciso relatar a você como foi a minha primeira vez naquela casa. Uma manhã de sol muito quente, muito quente mesmo. Trabalhava o dia todo, mas agora só trabalho à tarde. A marmita já estava me esperando no trabalho. Semana da Calourada de Letras 8.1, mas antes disso precisava saber meus horários e onde seriam as aulas. 401. Pronto. Sou 401. Alguma coisa eu já sei. Já não me sinto tão perdida. As aulas são em português. Lá estou eu. Em frente a um prédio novo. Novinho mesmo. Cheirando a tinta fresca. Prédio aqui é chamado de Pavilhão. Então tá bom, pavilhão. Pavilhão de Aulas da Federação 03. PAF 03. Só não consigo entender, porque é Federação se o Pavilhão fica em Ondina? Vários calouros disputavam à mesma coisa que eu. O horário. Alguém grita: Quem já achou LET A 09 com Luís Henrique? Estava mais perdida ainda. Procurei por Evelina de Sá Hoisel, mas só achei um tal de Thiago Martins. Completaram minha grade por mim. Algum calouro, como eu, mas experiente (eu acho) fechou meu horário todo. Eu queria ficar quieta, nem queria conhecer as pessoas que ali estavam. As pessoas são muito solidárias. Eu queria silêncio. Queria sentir tudo aquilo ali, mas as pessoas não deixaram. Faltava saber onde seria a aula de Latim. Vamos para o ILUFBA. A aula será aqui mesmo? Por quê? Porque quem ministra as aulas é a Profª Rosauta, diretora de alguma coisa (que eu não lembro mais) e não pode se ausentar do Instituto. Se é assim então tá bom. São muitas informações despejadas no primeiro dia. As aulas são no PAF 03, menos a de Latim que é no ILUFBA. Um ao lado do outro. Maravilha! Nada de aulas no PAC. Nem em São Lazaro. Pelo menos por enquanto, assim me disseram. Encontrei uma pessoa do CEFET. Minha caloura, ela gritou. E foi logo avisando: - Nem me abrace porque eu estou toda suada. Então quando ficamos frente a frente. Ela me deu um abraço bem apertado. Logo ela se foi e lá estava eu perdida novamente. Primeira semana de aula, sem aulas. Uma semana dedicada aos calouros. Esperei ansiosamente pela palestra de Evelina de Sá Hoisel, mas houve um imprevisto e ela não foi. Ainda não foi dessa vez que a conheci. Agora ficou muito claro quando você me falou para maltratar um pouco. O amor é descarado mesmo. Rui Espinheira Filho foi. Uma palestra sensacional principalmente quando falava que não conseguia separar a literatura de sua vida e que literatura é um como, uma condição. Eu quase choro. As manhãs estão vindo devagar. O tempo vai passando de outra maneira, mas as pessoas por aqui andam com tanta pressa e eu simplesmente não entendo o motivo da correria. Eu ainda não cheguei a uma conclusão sobre isso aqui, espero que possa chegar ao momento certo. Eu acho que compreendi quando você diz que é preciso querer muito para continuar aqui. Eu quis, tive que querer muito e sozinha. Em silêncio. Não consigo compreender o que perdi para ganhar, mas temos que abrir mão de alguma coisa para ter outra. Estou ainda confusa com tantas mudanças e novidades. No primeiro dia que estive aqui lembrava de suas palavras a cada instante. E foi como se você estivesse mesmo ali comigo. E me sentia bem. Me sentia segura e de alguma forma protegida. Espero ter clareado sua visão com meu caleidoscópio, mesmo se você quiser ver pelos meus olhos depois. Um poeta como nós, eles que façam as concessões (sempre)!!P.L.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Sem Título II

Quando eu posto algo aqui no blog. Sinto-me completamente aliviada depois. Algumas pessoas me perguntam porque eu demoro tanto para postar algo novo aqui no blog. E eu respondo em silêncio. Com um sorriso amarelo, sem graça. Sem graça e desconfiado. Se é que é possível. Aqui tudo é possível. Eu escrevo coisas aqui, que me atormentam. Atormentar. ? Não é bem essa palavra. Escrevo coisas aqui que ficam dias e dias em minha cabeça e que não me deixam fazer mais nada. Fico com o pensamento fixo. É de alguma forma o que escrevo aqui no blog me atormenta, porque eu sou uma escrava das palavras. Eu não tenho textos prontos. Nem textos pré-preparados. Miojo. Às vezes sinto uma vontade incontrolável de escrever. Tenho que parar tudo que estou fazendo e escrever. Não consigo dormir. Aquela idéia fixa não sai da minha cabeça. Quando escrevo é um alívio. Um alívio triunfante. Ao mesmo tempo que sinto um alívio, sinto um vazio. Vou me fazer entender. Quando escrevo sinto as palavras saírem de mim. Elas saem de dentro de mim e vão diretamente para o papel. Torno-me então vazia. Fico esvaziada. Esvaziada de tudo. Sentimentos. Idéias. Emoções. E para encher novamente leva um certo tempo. Bom, agora quero escrever sobre algumas coisas que tem tirado meu sono. “Carnaval é a invenção do Diabo que Deus abençoou” CV. O carnaval é lindo. Todos. Juntos. Vamos. Pular Carnaval. É perfeito. Pobre. Rico. Intermediários. Negros. Brancos. Afros. Pardos. Pagodeiros. Axezeiros. Turistas nacionais e internacionais. “Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu.” CV. Eu vou. Viva. ! Estava lendo as Infrutescências do meu amigo Predo e comentei algo sobre quando era pequena e que só assistia o Marinheiro Popeye para vê-lo roubando uns beijinhos em Olívia Palito. Que romântico! Ainda bem que não me perguntavam sobre o tema, mesmo se tivesse acabado de assistir eu não lembraria. Possivelmente não saberia responder. Como até hoje não sei. Se fosse assistir hoje todos os episódios seriam inéditos. É tão bom ser criança. Por isso eu luto todos os dias para não perder a minha inocência. Quero falar também do meu Amorzinho que arrancou seu primeiro dentinho de leite. E está todo feliz, porque está crescendo. Se ele soubesse como é tão bom ser criança, porque não crescer é fácil. Ele está numa felicidade incrível. E uma teimosia igualmente. Coisas de crianças. Fiquei tão feliz, porque Alicia Keys ganhou um Grammy. Ouça. "No One". E fiquei radiante com Amy Winehouse. Ela ganhou cinco Grammys. Ouça "Rehab". "Back to Black". Ouça todas as músicas de Amy e se deixe contagiar. E fiquei tão triste por Henri Salvador. “Quem não sentiu o suingue de Henri Salvador?” CV. CV realmente é um gênio. Um gênio fora da lâmpada. Para quem não sabe CV é Caetano Veloso. Já estou ficando novamente vazia e aliviada. Ou seria aliviada e vazia?

domingo, 20 de janeiro de 2008

Sem título

Salve, salve!! O ano nem bem começou e eu já estou a mil por segundo. Um turbilhão de sentimento e idéias loucas que surgem em minha cabeça. Nem eu sei como agüento. Um dia piro, mas enquanto isso não acontece. Eu escrevo. São tantas coisas. Tantos sentimentos e muitas emoções. Muitas mudanças acontecendo que eu nem tenho tempo para pensar. Pensar para quê? O importante é viver. E eu vivo sempre. São tantos detalhes, tantas coisas miúdas que se perdem pelo meio do caminho e que esquecemos de procurar. Na verdade nem sabemos como perdemos. Eleja aquilo que é bom e que te faça feliz. Eu elejo a inocência. Eu não quero perder a inocência que trago comigo. Mesmo que no final as coisas fiquem bem. No final tudo dá certo. Vou mudar de Faculdade, não planejei, simplesmente aconteceu. Numa dessas surpresas fenomenais que a vida prega na gente. Aconteceu. E eu tenho que viver isso. Como vou saber se eu não viver? Contrariando muitas expectativas dos outros eu vou trancar a FJA. Oh! Você já está na metade do curso. E daí? Tenho que saber como é lá. Tenho que ter opções. Tenho que viver. Mesmo que me arrependa no primeiro dia de aula. Se eu não for não saberei. E tudo que vive na FJA? Foi tudo tão lindo. Estressante. Intenso. E sofrido. Levarei tudo comigo. Sorrisos. Abraços. Olhares. Amizades. As pessoas incríveis que conheci viverão para sempre comigo. Mesmo que eu não as veja mais. Os professores chatos, os legais. Tudo será muito bem aproveitado. Cada um na sua. E eu tentando absorver o máximo, mesmo quando não entendia. Minha primeira final. Nossa! Sofri tanto, mas aprendi uma lição. Eu simplesmente detesto fonética. Não nasci para estudar fonética. Prefiro lingüística a fonética. Prefiro literatura a lingüística. É impossível falar em literatura e não falar em Sayonara Amaral. Pense numa pessoa inteligente. Ela é um gênio. Ela é M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A!. Com todas as letras maiúsculas. Quando eu ouvi Amy Winehouse, eu pensei Sayonara vai gostar disso. E ela gostou. Eu sabia um segredo sobre Sayonara, mas agora eu sei dois segredos. E eu não posso contar. Talvez não seja segredo, mas é melhor não falar. E escrever pode? Minha mão ta coçando para escrever, mas eu não escrevo. Deixa pra lá. Eu só sei que uma pessoa que estuda Letras e que não é aluno de Sayonara Amaral, essa pessoa é frustrada. Pode ter certeza disso. Se você conhecer alguém que estuda Letras e essa pessoa for triste. Você já vai saber não foi aluno de Sayonara Amaral. Eu sou feliz. Chega de tietar. Eu sei que uma vez entreguei umas coisas (uma coisas dessas loucas que escrevo sem controle) para Sayonara ler e ela simplesmente perdeu. Eu como fiquei? Simplesmente eu adorei ela ter perdido tudo. Imagine se ela não gosta. Ta perdoada Sayonara. Até rimou. Predo (É Predo mesmo) eu vou ouvir seu conselho viu. Vou chegar lá naquela Faculdade de sei não. Vou chegar, chegando e arrebentar! Eu espero realmente arrebentar. Lá não tem ar-condicionado. Lá não tem bebedouros. O elevador não funciona. Todo mundo entra lá. E daí? Ainda assim lá é melhor. Ainda assim lá é a melhor. Eu fui lá e vi tudo isso com meus próprios olhos. E daí? Ainda assim lá é a melhor. É a FJA é muito boa, muito boa mesmo. Podem arrancar tudo de você, mas a única que não conseguirão levar é o seu conhecimento. Eu vou para lá levando todo conhecimento que adquiri na FJA. Será uma adição. Uma multiplicação. São tantas coisas. E eles estão na França novamente. Daqui a pouco é Carnaval, mas antes tem a Lavagem de Itapuã. E antes da Lavagem de Itapuã teve a Lavagem do Bomfim. Eu quero falar de Itapuã. Itapuã é um lugar encantado. Tem cheiro de mar. Tem pessoas felizes. Tem cheiro de protetor solar. Tem cheiro de rua. Tem até sereia. Tem Lagoa também. Tem poetas. Tem rua com nome de Literatura. Rua da Poesia. Rua da Música. Tem Vila dos Ex-Combatentes. Tem rua da Ilha. Posso escrever aqui um milhão de coisas. Eu continuo apaixonada por Clarice Lispector. Adélia Prado. Florbela Espanca. As novas paixões que chegam para ficar. Serão todas muito bem-vindas! Não esqueci das histórias de amor. Elas estão chegando. Deixa o ano começar direito que escrevo mais. Sayonara.