quinta-feira, 26 de junho de 2008

História de Amor nº 02: O Primeiro Encontro

Ele queria dizer tantas coisas, mas quando a encontrava, ficava meio perdido. Sem saber o que falar. Eram tantas coisas ensaiadas. E ela o desarmava completamente. Um olhar. Um sorriso. E lá estava ele bobo. Envergonhado. Tímido. Ela fingia não perceber o nervosismo dele. Ele fingia acreditar que ela realmente não sabia. Fingiam fingimentos. Seguiam conversando. Ele monossilábico. Ela falante. Diálogo? Não, monólogo. Ele sentia uma felicidade incontrolável, quando estava ao lado dela. Explosão. Sentimentos. O silêncio explode no ar. Seus olhos se cruzavam. Ela segurava a mão dele, mas ele tinha que ir e queria ficar. Obrigação, depois o prazer. Foi assim que aprendeu. E assim deveria ser. Suas mãos não se soltam. Estavam indo para lados opostos. Ela segurava a mão. Segurava seus dedos. Segurava seu dedo. Foram. Até um dia. Mais um momento eterno. Alguns minutos para os dois pararem o mundo. Eu. Você. Eles. Nós. Talvez...

quinta-feira, 5 de junho de 2008

???

Essa coisa de ter dois nomes é muito complicado. Não sei quando posso ser L. Quando posso ser C. E quando posso ser LC. São três pessoas em uma. Ou talvez mais. Como assim? Nem eu sei. Só sei que sou assim. “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”. CV. E eu sou dolorosamente deliciosa! Sem modéstia. Por conta dessas pessoas que vivem em mim, me tornei Poetinha Feia. Um personagem mais real do que eu e minhas pessoas juntas. Talvez mais que real que minha própria vida. Um personagem não linear. Esférico. E aí, aprendi direitinho S.A.? Um personagem fictício vivendo num mundo real. Um personagem real vivendo num mundo fictício. Saberás. Um personagem que tem vontade própria. Que respira! Que sente! Que ama! Um personagem que vive entre dois mundos. E que não tem lugar. PF é um ser sem lugar no mundo. E totalmente adaptado a ele. "Caminhando contra o vento sem lenço sem documento." CV. Um ser sem lugar, porque não nasceu, foi criado. Imaginado e que se tornou tão real, porque não cabia mais em mim. Será eterno. E eu gosto muito desse personagem. Talvez seja esse o meu favorito. Mas eu gosto muito de ser todas essas pessoas juntas. Essas pessoas de alguma forma me compõem. Me completa. E que me deixa louca quando resolvem dialogar todas juntas dentro de mim. São tantas vozes, femininas gritando desesperadamente. Tantas idéias brilhantes. E apenas uma mão para escrever tudo. E escreve alucinadamente, atropelando as palavras. Atrapalhando as normas, rimas. Eu sou vária. Sou singular por ser plural. E me sinto só, porque sou múltipla. Todas vão embora de vez. Apenas uma permanece. E eu ainda nem falei sobre Heloísa de Sá. Meu personagem mais secreto. Quem será esse EU que escreve? Que imagem é essa que eu nem mesma sei qual é? Eu sou um personagem (quase) real em busca da minha verdadeira identidade.