sábado, 6 de junho de 2009

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Eu gostaria de escrever algumas palavras a todos vocês pelo simples fato sentir-me, apesar de distante, integrante dessa nova fase. Mas antes devo confessar que esse texto iniciou sua escritura há alguns anos atrás. Talvez quase três anos. É um texto que fala sobre uma caminhada que está prestes a chegar ao ponto de chegada. E que também é ponto de partida. Mas esse texto não é um texto de despedida. Esse texto é uma ponte entre o início de uma caminhada e um próximo passo. É um texto travessia. Que versa sobre uma caminhada que precisa ser encerrada para que se possa iniciar um novo caminho. Uma nova busca. E isso depende do próximo passo. Passar, esse verbo foi uma grande preocupação durante esses anos que passaram. Passar na disciplina tal. Passar sem final com final. Passar por aquela apresentação. Por aquele professor. Passar, passar, passar! Alguns podem apenas ter se preocupado somente em passar. Outros em passar e ficar. Devo confessar que minha grande dúvida quando tive que escolher entre aqui e lá foi justamente essa: passar. Passar por aqui apenas. Aqui para mim é uma casa acolhedora. Como a casa dos nossos pais que sempre será nossa casa e não importa os caminhos distantes que escolhemos é para a casa dos nossos que sempre retornaremos. E quando não podemos retornar tentamos criar o mesmo ambiente acolhedor em nossa casa. Talvez, vocês sintam o que sinto hoje quando vocês saírem daqui. Mas voltemos a falar sobre a travessia e o que trouxe cada um até essa casa. E chegar até aqui. Alguns vieram pelas mãos da literatura. Outros vieram pelas mãos da gramática. Outros apenas vieram sem saber o motivo que os trouxera. Mas estavam todos juntos e dispostos a desconstruir velhos conceitos e construir novos. No fundo, no fundo todos têm uma coisa em comum o desejo de compartilhar conhecimentos. O desejo de aguçar curiosidade. Despertar desejo em corações antes dormentes. E todos acreditam e acreditarão que o amanhã só poderá ser mais justo através da educação. Sim, vocês (nós) contribuiremos para despertar sonhos e incitá-los a sua realização. Que felicidade sinto ao incluir-me nessa caminhada. Mas essa caminhada também é minha. Eu também faço parte, porque estava junto quando tudo começou, mas por uma dessas surpresas fantásticas da vida tive que prolongar minha caminhada em outra Academia. Escrevo essas palavras com um sorriso incontrolável no rosto e lembro-me das sábias palavras de Rubem Alves: “Ridendo dicere severum: rindo, dizer as coisas sérias... Pois rindo estou dizendo que frequentemente se aprende uma coisa de que não se gosta por se gostar da pessoa que a ensina. E isso porque —lição da psicanálise e da poesia— o amor faz a magia de ligar coisas separadas, até mesmo contraditórias. Pois a gente não guarda e agrada uma coisa que pertenceu à pessoa amada? Mas a "coisa" não é a pessoa amada! "É sim!", dizem poesia, psicanálise e magia: a "coisa" ficou contagiada com a aura da pessoa amada.” Poderia terminar com as palavras de Rubem Alves, mas nem falei das pessoas que nos ensina a gostar daquilo que não gostamos. Sayonara Amaral, Jilvania Lima, Ada Marques e tantos outros que com sua paixão despertaram em nós o desejo do conhecimento. E nós assim como eles despertaremos também. Como disse nos versos iniciais esse não é um texto de despedida, porque despedidas são sempre tristes e preenchidas de vazio. Esse texto é só para marcar o próximo passo. Pois não importa o caminho que escolhermos seremos sempre colegas.