domingo, 20 de dezembro de 2020

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Escrever é resistir. É sobreviver. E manter-se lúcida também. Por isso, escrevo. Contra todas as adversidades que surgem. É o meu momento de existir. De ser. E de sentir. Às vezes, formulo textos inteiros em minha mente, que se apagam em seguida. Como recuperá-los? Impossível. Escrevo textos mentalmente. Para perceber-me diante da existência. Reconhecer-me como ser humano que sou. E principalmente para não esquecer que sou um ser humano. Repleto de complexidades. Que tenta manter a consciência. Daquilo se foi. Daquilo que se é. Daquilo que será. Não é tarefa fácil permanecer na razão. Mas difícil é perder-se dela. E o clarão tomar a visão. Que me deixa cega. Impossível ter muitas opções e escolher apenas uma. Melhor ter somente uma opção de estrada. Assim sigo reto e não olho para os lados. Às vezes, a dúvida é a pior crueldade que o ser humano pode ter. Ser ou não ser, eis a questão? O que acontecer é aceito. Não é conformismo. Apenas aceitação daquilo que não se pode mudar. Não gasto energia para mover montanhas. Apenas os ciscos que caem em meus olhos. Porque não consigo escrever com eles. Lacrimejam. Ardem. Doem. E escrever é meu grito de liberdade. Libertar-se das amarras. Libertar-se dos maus pensamentos. E dos bons também. Manter a mente límpida. Translúcida. Não posso escapar de dizer que a angústia me aflige. Em todos os instantes. Até o próximo, que é inédito. E assustador. É, por isso, que o coração bate na goela. Doendo até dizer chega. Engulo saliva para acalmá-lo. Desesperador. Escrever me desperta. Me enlarguece. Minha escrita é minha resistência. É meu modo de existir. De me organizar. É a minha dor de cabeça. É o meu desafio. É querer escrever o que já foi escrito mil vezes. De uma forma diferente. Inovadora. De uma forma minha, mas que também seja sua. E que você se identifique. É o que me alarga. É o que me renova. Que me faz sonhar. Cada palavra escrita. Digitada. Pensada. É a minha partícula de felicidade. Partícula de imensidão. De expansão. Perenidade...