domingo, 31 de outubro de 2010

Querida J.


Descobri que aqui posso encurtar a distância que nos separa. E posso contar a você sobre o que tem acontecido. Estou aqui para falar o motivo das minhas olheiras. Das minhas noites de louvor a lua. Das constantes tremedeiras em minhas mãos e pernas. Calma, não estou doente. Verdade! Ou talvez esteja, mas a cura, ainda, não existe. Não quero assustá-la e nem preocupá-la. Preciso apenas falar, mas você não deixa. Escuta! Seus olhos parecem que desvelam todos os meus segredos. E isso é muito bom, porque ultimamente não tenho conseguido falar. E com você flui... Fico a vontade. Você consegue me ouvir com toda essa distância? Para desentristecer, Leãozinho O meu coração tão só Basta eu encontrar você no caminho. Quero contar sobre o que inunda meus olhos. O que me faz tremer todas as noites além do frio. O que faz minha cabeça doer. Não quero assustá-la. Espere fique mais um pouco. Me deixa organizar as coisas. As palavras. As idéias. Meus sentimentos. Ah, estou tão nervosa. Chateada. E aborrecida. Quando estou assim às coisas saem do controle. E fico mais nervosa, porque... Você sabe o quanto sou organizada e exigente. Mas, não sei. Simplesmente, não sei quando as coisas ficaram assim. Mas, ouça ainda não é isso. Não foi para falar sobre isso que a chamei. O amor que sinto por você continua intacto. Sua voz me emociona. Será que temos a sintonia ainda? Quero saber sobre você também. Sua rotina. Suas leituras. Sua vida. Seu novo lar. Da última vez que nos vimos. Sua vida estava em mudança. Seus sonhos. Suas expectativas. Esperança renovada. Foi naquele, exato momento que senti que as coisas mudam sem prévio aviso. Lembrei do tempo que estive ao seu lado no gigante azul. Lembro das oportunidades de estar ao seu lado e que não aproveitei como deveria. A distância era tão pequena. Mas, criamos uma distância tão grande atrelada ao tempo. Perdi tantas chances. Sorrisos. Abraços. Beijinhos e carinhos... Espera, ainda, não terminei... Não era sobre isso que queria falar... Fique mais um pouco. Aproveite para saber de mim...

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

(...!)




Gatinha Manhosa
(Roberto e Erasmo Carlos)

Meu bem já não precisa falar comigo dengosa assim,
Brigas só pra depois ganhar mil carinhos de mim
Se eu aumento a voz você faz beicinho e chora baixinho
E diz que a emoção dói seu coração

Já não acredito se você chora dizendo me amar
Eu sei que na verdade carinhos você quer ganhar

Um dia gatinha manhosa eu prendo você
no meu coração
Quero ver você,
fazer manha então
presa no meu coração
Quero ver você.

Já não acredito se você chora dizendo me amar
Eu sei que na verdade carinhos você quer ganhar

Um dia gatinha manhosa eu prendo você
no meu coração
Quero ver você
Fazer manha então
Presa no meu coração
Quero ver você!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Um verso, duas linhas


Apenas acompanho o percurso da escrita. O ritmo das palavras e o arrastar das rimas. Algumas palavras exigem escritura imediata. Me tiram da cama. Interrompem almoço. E assim sigo. Hoje, procuro palavras que possam traduzir o que sinto. Gostaria de falar muitas coisas. Palavras bonitas para você sorrir e emocionar-se. É uma busca difícil. Expressar sentimentos em palavras é o desafio de todos os poetas. Mas, que palavras utilizar para falar sobre uma pessoa que nos encanta? Falar sobre alguém que não gostamos é uma tarefa fácil. Agora como falar de uma pessoa que num primeiro momento nos deixa caladas, observando cada movimento, cada palavra falada? Como alguém consegue manter a candura nesta vida de maldades veladas com tanto bel prazer? Como preservar o ar puro e casto no sorriso? De onde veio essa pessoa de fala apressada e voz suave? São tantas perguntas. Tantas dúvidas. Nesta busca que sigo nada escrevo. As palavras escrevem por mim. Mas, tenho tantas dúvidas empilhadas. A dúvida causa um nó na garganta. Que não desce. Fica parada. É o que sinto também quando sento a escrever. É o que me aflige ao escolher palavras para você. Sinto bastante emoção ao repensar minha vida neste último ano. Um ano. E naquele momento (lembro como o último verso que acabei de escrever) não tive dúvida. Costumo falar que salvei você, mas sei que foi o inverso. Fui resgatada por você. E tenho que agradecê-la por isso e tantas outras coisas. As palavras são escritas com a sua pressa. Não consigo controlar o meu processo. Sua pressa, sua urgência atropelam os dias e as noites insones. Nem o chiado do grilo, nem São Jorge a fazem parar de trabalhar. A urgência se revela em sua fala doce, leve e apressada. Sinto a impressão que você vai ultrapassar o tempo. Seus olhos atentos são como vagalumes que clareiam e orientam caminhos. Seus olhos atentos e inquietos parecem até que desnudam aquilo que temos de fundo. Parecem que nos vira pelo avesso. Mas, ainda quero falar sobre a dúvida. A dúvida é um mérito do ser humano. Porque só através dela é que conhecemos a verdade. A liberdade é angustiante, porque escolher é aterrorizante. Mas, minha dúvida é infundada. É pequena e mesquinha. É apenas o medo de crescer. De dar mais um passo. Se tudo em nossa vida foi, previamente, planejado, com certeza, nos planejamos. E se toda afinidade é eletiva, nos elegemos. Caminhar ao seu lado foi um dos planejamentos mais acertados que fiz. Minha escolha foi feita há um ano. Ou naquela manhã sonolenta de março. Ou mesmo antes de conhecê-la. Mas, meu trabalho de detetive continua a procurar pela palavra exata. E por isso você é o meu Xuxu, porque você conduz com maestria a verdadeira beleza. Você é o meu Xuxu, porque para o poeta o nome não é irrelevante. O trabalho do poeta está em (re)nomear aquilo que já tem nome. Apenas segui o percurso da escrita e o ritmo das palavras que exigiam serem escritas para você. Espero ter conseguido...