domingo, 27 de novembro de 2011

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Quero esvaziar. Esvaziar o sentido da palavra. Desnudá-la. Tirar seu véu. E, com isso, despir meus sentimentos. Deixá-lo nu. O sentido da palavra é a palavra. O sentido da vida é a vida. O sentido do sentimento é o sentimento. Quero a palavra, a vida e os sentimentos sem adornos. Sentir o sentimento sem enfeites. E quero experimentá-lo. Forma mais crua. Senti-lo em minha pele. A emoção. Gritar por não conseguir contê-lo. Atingir o clímax. Quero transcender o sentimento. A palavra, a vida. As pessoas. Quero sentir o sentimento puro. Primitivo. Desfolhado. Arder à pele. Explodi-lo de dentro para fora. Mas, não deixá-lo sair. Quero potencializar os instantes de carinho. Quero o amor amplo. Amar a todos e quem mais chegar. Quero a palavra pura que descreva o que estou sentindo agora. Minha linguagem não é capaz de tornar o amor que sinto compreensível. Minha linguagem não traduz. Junto um monte de palavras coloridas, mas elas não abarcam meu sentimento. O que sinto começa na pele. Começa na superfície. E entra. Dispara meu peito. Causa frio na barriga. Da barriga a garganta. Da garganta a barriga. O que sinto vem de dentro. É interior.  Do interno para o externo. Estou confusa. Porque não sei... Não consigo… apenas sinto. Tento, novamente. O que sinto vem de dentro. Mas, o que vem de fora também me afeta. De dentro para fora. De fora para dentro. Meu corpo é o meio. É o centro. O canalizador dos sentimentos. É afetado por todos os sentimentos. Meu corpo padece. Tolera. Estremece. Geme. Suporta. Pereniza. Agüento. Sofro. Não desisto. Continuo minha labuta. Meu árduo trabalho. Significar. Traduzir. Nomear aquilo que sinto. Quero esvaziar a palavra para caber meu sentimento. Para caber na amplidão. Faço dessas palavras meu apelo sensorial…


domingo, 13 de novembro de 2011

Ao Menino do Tempo...


Menino do tempo, não quebre seu relógio Mas, desligue-se dele vez em quando Permita-se a viver É bom! E mesmo que a bruxa menina anjo fada mulher demônio saiba de todas as coisas, não se preocupe Porque o mais importante ela não sabe Como essa história terminará Porque a vida é aleatória Não tem como planejar todos os segundos do dia O universo é aleatório E deve ser, por isso, que não acredito nos sentimentos eternos Acredito nos sentimentos ternos Eternos são chatos O eterno para mim é monótono Não conquista Não atrai Repousa no comodismo Mas, não é sobre isso que quero falar É sobre o tempo A falta dele E a urgência dele  Tento controlar o tempo, mas sem controle e ele me controla o tempo todo Isso me deixa lúcida Não gosto de ser lúcida, mas o tempo exige isso de mim O que ganho com a lucidez? E dele só exijo que me espere Não me apresse Me descontrolo quando sinto que perco tempo, esperando por algo que não vem O tempo passa enquanto tento escrever meia dúzia de palavras bonitas Está tudo revirado e falta tempo para desvirar Organizo minhas coisas, porque não organizo meu tempo Não seja o Menino do Tempo Seja o menino apenas Com toda a pureza que essa palavra carrega Com toda inocência que essa palavra traz Enquanto você passa por mim O tempo passa por nós como qualquer um Não percebemos Porque o tempo é invisível aos olhos Mas, deixa marcas na pele Trago suas marcas em meu rosto Nos fios de cabelo branco  E a gravidade que me é fatal As coisas caem mesmo É o tempo passando, enquanto falo Apago a luz e permaneço no escuro Já, já amanhece E meus olhos não fecharam Perco sono fácil Perco tempo Como recuperar uma noite perdida? Como recuperar o tempo perdido? Menino do Tempo, já que é tão esperto e inteligente, tente me responder Você é tão jovem e sábio Tente ao menos se lembrar da resposta que está perdida dentro de você Mas, antes deixa te falar que o passado e o futuro encontram-se no presente O passado é a primeira palavra desse texto e o futuro será a última O tempo continua passando, enquanto você ler e finge que nada disso é importante Vou até cozinha beber um pouco de água Volto logo! E enquanto isso, o tempo passa Porque o tempo não pára, diz naquela canção Menino do Tempo, não espere alcançar seus desejos (dinheiro, poder, respeito, admiração, amor…) para ser feliz Seja agora! O tempo não vai parar para você alcançar tudo isso Seja feliz com o que você tem E se tem tão pouco Alegre-se com o pouco que tem Faça da ausência uma felicidade Olhe para trás e veja o que viveu Mas, não faça disso algo constante O tempo passa, mesmo quando paramos para relembrar Vivemos com o pé no passado e outro no futuro Estamos apressados demais para viver o presente Enquanto a bruxa menina anjo fada mulher demônio sabe que há muita coisa para acontecer em seu tempo, não se desespere O tempo continua passando mesmo que você não olhe para trás e esteja acorrentado em seu relógio…


terça-feira, 8 de novembro de 2011

Duas Palavras para a Moça dos Olhos Doce

Duas palavras para Juliana Soledade
Moça que carrega a doçura nos olhos. O que você quer falar? O que tanto deseja falar? O que as pessoas têm de ler? Por que falar ao mundo? Qual a urgência em ser lida? Por que parar de escrever?  Escreva por você. Escreva por mim. Que me sinto refletida em cada palavra. Em cada sentimento. Escreva por nós, minha querida. Escreva pelos nossos olhos que tateiam pelo sentimento perdido. Escreva pelo impulso criativo. Escreva para mim e mande notícias. Só aquelas que possuem a alma livre se reconhecem. Elegem-se. Elegi você. E reconheço o que há em mim quando olho em seus olhos castanhos, doce. Ainda não sei o que reconheço. Certas coisas precisam apenas de sentimento. Tenho bastante em mim. Talvez, reconheça em seus olhos o sentimento que transborda. Também transborda em mim. De ti para mim. De mim para ti. Um elo que só se entende pelo olhar. Pela palavra de poeta. Moça dos olhos doce! Escreva para desabrochar o sentimento. Que escorre pelos olhos. E ampara-se no papel. Escrevo, porque a palavra pesa na boca e pede para sair. Apressada, exige escritura imediata. A escrita é para mim como uma necessidade fisiológica (E por que não dizer psicológica?). Escrevo pelo prazer de escrever. E só consigo escrever quando estou bem. Nem alegre. Nem triste. Bem. Quando abro a porta para as palavras não consigo fechá-la. Meu coração pula para fora do peito e tento descrever essa emoção que sinto. Minhas palavras são tão afetadas de emoção que gritam. O dia que conseguir traduzir em palavras meus sentimentos minha escrita findará. Escrevo para mim. E por mim. Pelos meus olhos. Pelos seus olhos, doce. Escrevo o diálogo que tenho comigo. Entende? Sei que você entende. Você é a dona dos olhos mais doce que já vi. Quem preserva doçura nos olhos, preserva o coração puro.  Nossas palavras estão interligadas pelo fio que tece nossa escrita. Ainda não podemos revelar aos outros. Quando quiser revelar ao mundo seu segredo, não grite! Fale baixinho para mim. Cuidarei de guardá-lo! E a noite quando a angústia, que atormenta os corações livres, te abater. Não se desespere. Acalme seu coração! Lembre-se que do outro lado, estarei tateando o sentimento que bóia denso na ilusão perdida dos nossos olhos angustiados...