sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Casei com você,



porque quando ouvi sua voz pela primeira quis ouvi-la todos os dias. Tem o seu cheiro antes de dormir. A casa cheia, quando você chega. Tem o seu carinho em minha mão. Tem você com pressa, esperando no carro. A conversa até adormecer. Casei, porque o futuro é incerto, mas ao seu lado tenho certeza que é a minha felicidade. Quando abro os olhos pela manhã me vejo refletida verde nos seus. Precisamos fazer aquela viagem e mergulhar no mar de verão. Rolar na areia. Reclamar do embaraço no cabelo. E depois se queixar que nossos olhos estão ardendo. Casei, porque seus olhos brilham e sorriem para mim. Eles me alcançam e seduzem. Porque precisamos ir ao cinema e discutir o filme depois. Precisamos ir àquele bar que tem cerveja gelada e tira-gosto ótimo. Mesmo que não beba, fico feliz a cada gole seu. Precisamos ir ao Rio de Janeiro. Beijar na Lapa. Tomar café na Confeitaria Colombo. E ir ao Adega Perola. Mas, se suas pernas estiverem doendo. Ficamos no quarto esquentando elas. Tem o show do Caetano, que ainda não fomos. Vanessa da Mata. Roberta Sá, que você gosta. Tem aquela peça de teatro que ainda não estreou por aqui. Será que vem?  Casei, porque sua mãe faz o melhor pudim. Sua família é linda. Minha família ama você. Dormimos após o almoço. Rimos das nossas besteiras. Tem o menino. Nossa porta para o futuro. Os seus amigos são maravilhosos. E os meus amam você. Precisamos ir naquele café que passamos em frente, mas nunca entramos. Tem o seu sorriso. Tem o trenzinho na Orla. Casei, porque você é a minha poesia que sai do papel e caminha na sala. Tem aquela dança que ensaiamos em casa e ainda não estreamos. Porque sinto saudades nos dias de plantão. Tem a nossa casa com grama verde. Cachorro correndo. Banho de piscina na chuva. Varanda para a lua. Amigos no quintal. Churrasco no final de semana. Tem bolo, que você faz. Pipoca-doce. E comidas deliciosas. Precisamos ir à praia no final da tarde. Molhar os pés. Assistir ao pôr do sol. Tem a sua doçura que me encanta. E adoça minha vida. Tem a sua humanidade. Casei, porque nos movemos por algo maior. Invisível. Que sentimos profundamente. E que tento converter em palavras. E escapa entre a lembrança, o pensar e a poesia. Casei, porque temos laços intangíveis, que nos alcançam, enlaçam nosso bem querer e flutuam no ar que respiramos...  


segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Sobre nós... Para nós...

Escrevo para dizer que continuo sentindo o frio na barriga, como da primeira vez... Sempre que nos beijamos. Quando você segura a minha mão. Sorri para mim. Quando nosso olhar se cruza entre a sala e o corredor. Quando toco em suas pernas. Quando ouço sua voz. Escrevo para dizer que continuo procurando novidades... Para conversarmos. No trajeto de casa ao trabalho. Na ida à padaria. Quando chego à janela. Enquanto você lava os pratos e eu ajeito a mesa. Quero surpreender seus olhos para que me iluminem curiosos. Escrevo para dizer que continuo sonhando nossos sonhos... Viagens. Festas. Restaurantes. Vê-lo num grande palco. Nosso pequeno crescendo. Prosperando. As realizações dele. Nosso amadurecimento. Vê-lo um homem de bem. Feliz. Escrevo para dizer que continuo querendo um mundo melhor.... Para nós vivermos. Planejarmos. Desfazermos. Refazermos. Realizarmos. Sonhar novos sonhos. Para comer acarajé no Rio Vermelho. Para irmos à praia caminhar. Para seus olhos sorrirem. Escrevo para dizer que continuo me apaixonando... A cada dia que adormeço ao seu lado. Quando sonho e acordo ao seu lado. Quando seguimos para o trabalho. Pegamos a estrada. Pela sua humanidade. Pelo seu coração bondoso. Pelo seu cuidado e respeito com o outro. Pelo seu sorriso. Escrevo para dizer que continuo sentindo.... Nosso amor pulsando como na primeira vez que nos vimos. Escrevo para dizer que continuo... Anestesiada de amor. De cuidado. Carinho. Cumplicidade. Pelo seu cheiro. Pela sua doçura. Escrevo para dizer que continuo querendo para nós... Amor em paz para que possamos continuar vivendo com respeito, harmonia, serenidade e muito, muito, muito amor. Escrevo para dizer que continuo querendo um bem enorme a você...

domingo, 10 de maio de 2015

(uma aprendizagem... )


Feliz Dia das Mães! Poderia desejar apenas isso. Mas, gostaria de acrescentar algumas poucas palavras e muitos sentimentos. Tenho aprendido a ser mãe nestes quase três anos de convívio. E, com isso, tenho entendido mais a minha mãe. Nossa relação. A eterna responsabilidade. A perene preocupação. Não importa se os filhos são adultos ou ainda crianças. Filho é sempre filho. O que antes via como chateação. Hoje: cuidado. O horário. A alimentação. As amizades. A escola. As escolhas. A proteção. O respeito. O querer o bem, o melhor. Os olhos sorridentes a cada conquista. Encorajadores a cada desafio. Tristes a cada tristeza nossa. E a bondade a cada amanhecer. É a força que se renova a cada instante. Hoje, olho minha mãe com outros olhos. Olhos de amor. E sei que há muitas formas de expressá-lo. Mesmo quando o abraço não vinha. O beijo perdia-se no momento. A palavra muda ecoava no ar. O silêncio que invadia a sala. Hoje, sei que o amor estava ali. Está ali. Mesmo não sendo as melhores amigas. Não saindo juntas. Mesmo com todas as discussões. Diferenças. Desentendimentos. Mesmo, quando a chuva caía. O sol queimava. O inverno esfriava. E a primavera florescia. O amor estava ali. Ainda está. Hoje, reconheço. Percebo minhas falhas. Intransigências. E, muitas vezes, egoísmo. Hoje, quero ser uma filha melhor. Mas, nem escrevendo todas as palavras conseguiria explicar o que é este sentimento. Mesmo assim tento, porque quem escreve é mais teimoso que mula empacada. Tento explicar o inexplicável. Dizer o indizível. Estou falando do amor. Porque sinto amor. E amo o amor. E é esse sentimento que é a potência da vida. Que adoça. Que permite fazer planos. E sonhar novos sonhos. Refazer projetos. Acreditar. Ter fé. Ir além. Superar limites. Quero só agradecer. Agradecer aos ensinamentos diários. Mesmo sendo uma aluna rebelde e questionadora. Obrigada, por me ensinar tanto diariamente. Paciência. Doçura. Carinho. Afeto. Cuidado. Compreensão. Firmeza. Obrigada, por me ensinar a amar e a sentir o amor. O amor que sempre esteve ali. Ainda está e estará.


terça-feira, 24 de março de 2015

Dia a dia


No meio dessa loucura toda, o amor me salva. Com seus olhos de esperança. Sorri para mim cedo. E clareia meu olhar embaçado. Cheiro seu cabelo. Escovo os dentes. Tomo banho frio. Acordo nosso menino. Tenho certeza que ele dorme até a primeira chuveirada. Na janela sobre o mundo aberta, acompanho o seu passo. Ao longe, ele vira e acena. Às vezes, manda beijo. Às vezes, quando acontece alguma coisa é só virar e nossos olhos compreendem. Volto. Faço nosso café, apaixonada. Espero você despertar. Me encanta observar o seu leve caminhar entre o quarto e o banho. Sento só para admirar. Com meus olhos apaixonados. Enquanto você se arruma conversamos alguma coisa. Isso me alimenta. Me fortalece para enfrentar mais um dia enlouquecido. Enfrentamos lado a lado o trânsito. Com suas motos. Motonetas. Bicicletas. Carros. Pedestres. Apitos. Faixas. Buzinas. Pensamos em soluções. E se... Ou se... Sabemos muito de trânsito. Ouvimos o jornal no rádio. Comentamos outras histórias. Daquilo que aprendemos. Daquilo que somos. E a cada conversa fortalece aquilo que fez me apaixonar por você. Fico no trabalho. Você segue. Meio-dia nos encontramos. Mais novidades, mais conversas. Vamos pegar o menino. Seguimos para casa. Mais trânsito. Mais ideias. Almoçamos. Lavamos os pratos. O menino brinca. Nós assistimos. O menino faz a tarefa. Se é português, posso ajudar. Se é matemática, é com você. Quando está fácil, ele faz sozinho. O menino volta a brincar. Conversamos, acarinhamos, amamos. Já está na hora no café? Uma fala no entardecer. Enquanto você prepara o café, coloco à mesa. Adoço com colheradas rasas para não enjoar.  Assistimos TV, conversamos, carinho vai, carinho vem. Vamos dormir? Já? Vem me ajeitar! Deitamos. Beijamos. Abraçamos. Conversamos sobre o dia. Amadurecemos ideias. Fazemos planos. Desfazemos outros. Refazemos mais. Rimos. Analisamos. Beijamos. Cheiro seu cheiro.  Abraço forte. Jogo as pernas. Sonhamos novos sonhos. Até o dia amanhecer...


quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

... (O vazio)




... Cortaram o fio. O poema perdeu-se. Rima rica minha. Era tão meu. Inerente a mim. Éramos possuídos... Desde o principio ou não, mas me pertenceu do início a interrupção. E foi tomado de mim. De forma brusca. Inesperada. Violentamente. Um aborto. Não espontâneo. Doloroso. Foi estranho descobrir isso após a perda. O óbvio muitas vezes foge da vista. Meus olhos boiam na lembrança. Companheiro de aflição. Devaneios. Sonhos. Marcado pelo ir e vir. Traços de criação. Tudo escrito a lápis. Ponta fina. Ponta grossa. Ponta por fazer. Inquietações. Experimentações. Textos interrompidos. Outros finalizados. E um bocado de frases soltas. Ideias frescas. Que nunca amadurecerão. Palavras inquietas. E o que fazer com o preenchimento que fora roubado de mim? Estou pela metade. Perdida no caos. E essa incompletude que perpetuava à escrita. Permeava a busca. Afligia noites insones. Essa sede que me fazia buscar água. E muitas vezes não bebê-la para continuar buscando. Sentir o corpo ansiar. Vibrar pelo desejo. Exaustão. Escrever é ser sempre incompleto. Mesmo após um poema escrito. O vazio invade e fim. Permanece. Se a escrita é perene, o vazio também o é. Escrever é um ato incansavelmente de incompletude. E essa é a minha sede. Completar-me. Não há prêmios. Best-sellers. Que cessem a sede de quem escreve. Levaram minhas palavras... Tão minhas. Ali escritas. Pensadas. Pesadas. Amadurecidas. Alinhavadas. Conectadas. Escritas. Perdidas. No tempo e espaço. Minhas palavras por aí... Quem está lendo? Devastando minha devastação? Andando em meu deserto com olhos gulosos? Curiosos sem fim? Será inconcluso também? O que pensará? Meus pedaços de mim. Penso inconcluso. Destroçada de mim. Desabitada. Oca. Escrever é ser sempre vago...