segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Feliz Dois Mil e Nove!


Estava pensando em algo que poderia escrever para expressar de uma forma clara tudo que sinto e penso sobre essa coisa de novo ano. Enfim esse poema de Drummond traduz aquilo que penso e que não consegui expressar com minhas palavras. Esses versos passaram em meu coração para uma revisão e de certa forma essas palavras são minhas, porque Drummond faz parte de mim. Eu me componho dele.
Dois mil e oito foi um ano difícil, generoso e surpreendente. No balanço final eu diria que foi um ano de auto-conhecimento.


E esse novo ano o que será que reservou para mim?

E que venha dois mil e nove.


Feliz Ano Novo!


Receita de ano novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade

http://www.jornaldepoesia.jor.br/drumm.html#receita

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

(...)

A tristeza que sinto fura tão profundo que rasga a minha alma. A minha alegria é falsa. O meu sorriso é falso. Minha aparência é puro fingimento. Ninguém sabe o tamanho da tristeza que carrego. O tamanho da tristeza que tenho. A tristeza que sinto. Ninguém sabe o quanto eu choro por dentro. Nem imagina. A cada sorriso falso que dou uma lágrima corre por dentro. Estou inundada de lágrimas e tristezas. Minha lágrima amarga me envenena cada vez que a coloco para dentro. Morro aos poucos. Não sei se por tristeza não sei se por fingimentos. Essa coisa de chorar para dentro machuca mais do que chorar para fora. Porque o sentimento fica ali guardado. Remoendo. Finge que quer sair, mas não quer. Finge que vai embora, mas permanece. E fica só para me maltratar. É internalizado. E isso dói. Uma ferida que sangra por dentro. Eu gosto de ser maltratada. “Se eu deixar de sofrer como é que vai ser pra me acostumar”. Eu finjo que sou feliz. Sou composta por falsidades. Componho-me de mentiras contadas para mim. Eu sou uma mentirosa. Mas odeio mentiras. Eu sou o meu maior disfarce. Vivo de aparências. Sou aparentemente feliz. E realmente triste. Ninguém sabe o quanto choro deitada em meu travesseiro. Infeliz, em meu conceito, é a pessoa que já foi feliz e que hoje não é mais. E eu não fui. Vivo uma vida triste e hei de terminá-la assim. Na verdade, sinto-me confortada com a tristeza. A tristeza é a única certeza de que não estou sozinha. É minha companheira. Minha amiga. A tristeza me afaga e me consola. E nas noites frias ela se faz presente ardendo cada vez mais forte. Ela é meu cobertor. Ai, que dor! Gosto de sofrer, assim sei que sinto algo. A tristeza me faz viver. Sinto-me viva por senti-la. A felicidade alheia me incomoda. Odeio felicidade. No fundo, no fundo todos somos tristes. Quando estou sozinha, cá com tudo que sinto, dispo-me das minhas máscaras. Da minha felicidade fingida, do meu sorriso falso. E sinto uma tristeza profunda doer tão lentamente. Dói minha alma. Dói meu peito. Meu peito é furado, porque até a tristeza sente necessidade em respirar. A essa altura não sei se saberia ser feliz. Acostumei-me a ser triste e a ter uma felicidade ilusória. Eu só sei ser triste. Foi assim que me ensinaram foi assim que aprendi. Buscar a felicidade isso é ilusão. Prefiro a tristeza. Prefiro um sentimento forte e real. Do que adianta viver a vida inteira a esperar um sentimento incerto? Prefiro o certo. O real. Mesmo que esse real me faça padecer. Padecer. Sofrer. Ser. Tudo rima com entristecer e escrever. Eu simulo a felicidade para ninguém roubar o que tenho de mais valioso: a tristeza. Minha tristeza é como uma lesma. Ser feliz é só ilusão. Felicidade não existe. Não conseguiria procurar um sentimento momentâneo. A tristeza é fiel, quando ela acha um corpo ela faz morada. E aqui ela está. A felicidade é só um disfarce da tristeza. No fundo daquilo que temos de mais secreto somos tristes. “O adulto é triste e solitário”. Eu sou adulta, triste e tenho uma alma rasgada, mas não sou só.




sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Algumas palavras para Alguns...


Hoje quero escrever/falar diretamente para algumas pessoas e sobre outras coisas que se perdem nas entrelinhas. “Perder-se também é caminho”. Eu não gostaria de perder o fio. De perder o elo. Entende? Se bem que alguns se perdem independentes da minha vontade. Mas a vida é assim alguns elos tem que ser partidos para que outros possam ser construídos. “Cativar significa criar laços”. Mileide, minha poeta, eu nunca sei quando me dirigir a você ou a Chico, por isso Mileide/Chico. Se eu disser que amo seus comentários estarei sendo piegas e cá para nós eu odeio pieguice. Mas seus comentários me enchem de entusiasmo e de alegria. Soa como poemas. É uma coisa louca que só eu entendo, porque me toma toda. Eu amo suas palavras mesmo quando elas não são para mim, mas sei que de alguma forma são. Porque sou sua leitora. E devo confessar que cada vez que vou ao seu espaço penso que você está perdendo tempo não atualizando aquilo ali, porque aquele seu espaço é lindo. Vamos atualizá-lo, aquilo lá também é meu. Faz parte de mim da minha composição. Michele, amiga linda, quando eu falei que iria percorrer os caminhos de Laurentino em Portugal, também me referir a você, porque vocês dois são um casal e você também é Laurentino. Da próxima vez falarei que percorrerei os caminhos dos Laurentinos. Faremos o seguinte então vamos invadir Portugal eu você e Predo. Juntos percorreremos todos os caminhos de Pessoa, Espanca, Camões e os seus. Juntos vocês irão me auxiliar a fazer o meu rastro para que alguém o percorra depois. Pedro, meu POETA, o que falar de/para/com você. Você é um dos meus preferidos. Um poetaço de mão cheia, cheio de palavras lindas e versos encantadores. Sua escrita é tão singular. É tão sua. Ainda lembro de Mi conversando comigo no CEFET que você escrevia umas coisas que ela não entendia bem e quando ela me mostrou seu blog, eu disse que você era lindo e olha que eu nem o conhecia. Conheci primeiro suas palavras e depois conheci você. E você é realmente lindo. Poucos conseguem expressar-se com tamanha sensibilidade e delicadeza. Seus versos são tão ternos e ao mesmo tempo tão fortes. Muitas vezes quando visito seu espaço me emociono. Me emociono de verdade. As lágrimas escorrem em meu rosto sorrindo. Você é um poeta fantástico. Incrível. E ainda por cima meu afilhado. Fala sério! Chega! Iza, minha pequena, obrigada pela assiduidade, obrigada pelo carinho constante. Eu acho que consigo enlouquecê-la antes de você me entender. Não tente compreender o incompreensível. As palavras que escrevo aqui não são minhas, são suas e de que mais vier. Eu não tenho autoridade nenhuma aqui. Não sou eu que escolho as palavras, as palavras me escolhem. Eu sou só um mediador entre aquilo que o texto quer e o que as palavras querem dizer. Eu sou um instrumento. Elque, a poeta de todas as estações, sinto saudades dos seus poemas engajados, militantes. Saudades da sua gargalhada interrompendo aula e desconcertando os professores. Suas colocações críticas, tão precisas. Sinto falta de você aqui no blog, de seus comentários. Quero falar/escrever que eu gosto muito de escrever essas coisas que escrevo. Não sei se é bom, talvez seja. Não sei se é ruim, talvez seja. Mas eu me sinto aliviada escrevendo. É a minha atividade física. É o meu esporte preferido. É o que me sustenta. É o que me faz seguir a vida. Não tenho outros vícios. A escrita por si só consome todo o tempo que tenho e o que não tenho. Falta ainda falar sobre outras pessoas, mas acho que agora não dá mais tempo, a ponta do lápis já está acabando e a folha do meu caderno já está na última linha e restam poucas folhas...

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O Sol em sua janela Ou uma Declaração de Amor para Minha Querida

Há muito tempo queria escrever uma coisa para você. E não sabia como, mas aí comecei a observar a sua janela todos os dias. Diariamente, quando passo vejo o sol chamá-la. A sua janela aberta os raios entrando. Imagino você despertando. O sol reluz em sua juba. Ilumina você. E a primeira coisa que você faz, sem saber, é beber o sol. Ou melhor, o sol te banha todos os dias. O sol beija você todas as manhãs. Você me manda beijos de luz. Compreensão! O sol te ilumina o dia todo, todos os dias. E a noite a sua luz reflete incessante. “Gosto muito de te ver, leãozinho caminhando sob o sol”. Você não imagina o quanto sou feliz ao presenciar o sol chamá-la. Explosão! Você se alimenta daqueles raios luminosos, iluminados, intensos e imensos. E ao mesmo tempo delicados tão delicados quanto você. Sua ternura. Sua doçura. Sua beleza. Eu gostaria somente que você soubesse dessas coisas, porque o tempo passa e às vezes as vontades e as falas permanecem no passado. Essas palavras que escrevo para você são palavras carregadas de amor e carinho e é por isso que não gostaria que elas se perdessem em algum lugar passado. Não gostaria que essas palavras ficassem guardadas no fundo do coração perdidas e mofadas. Quando encontro você vejo sua luz, vejo o sol. Você me ilumina com seu abraço. Tudo em você é iluminado. Tudo em você é luz. E essa luz é intensa, contagiante e alegre como seu sorriso. Gostaria de encontrar as palavras exatas, as palavras perfeitas para traduzir tudo que eu sinto, mas as palavras me traem quando se trata de amor. Elas me dizem que não podem descrever o amor, porque amor é sentimento e sentimento é para sentir e ser sentido. Meus olhos brilham de emoção quando vejo você. Em alguns momentos me emociono mesmo, as lágrimas vão subindo e aquela coisa na garganta... uma batalha dentro de mim. Meus olhos têm conexão direta com meu coração e quando meus olhos se emocionam é porque meu coração já transbordou. “Um filhote de leão raio da manhã arrastando meu olhar como um imã”. Eu já falei algumas vezes para você o quanto sou feliz por ter sua amizade, seu carinho, mas essa felicidade que se resume em apenas uma palavra é infinitamente menor do que a felicidade que sinto. FELICIDADE. Toda maiúscula. Completa. “Gosto de te ver ao sol leãozinho.” Seus raios se refletem em mim. Sinto-me iluminada com seus raios refletidos em mim. Apenas gostaria de falar essas poucas palavras, porque todas as manhãs quando vejo o sol entrando por aquela janela, me sinto mais forte com a sua força. Te amo, Minha Querida! Obrigada por me permitir fazer parte de sua vida.



sábado, 6 de dezembro de 2008

Objeto de amar


De tal ordem é e tão preciosoo
que devo dizer-lhes
que não posso guardá-lo
sem a sensação de um roubo:
cu é lindo!
Fazei o que puderdes com esta dádiva.
Quanto a mim dou graças
pelo que agora sei
e, mais que perdôo, eu amo.

Adélia (Linda!) Prado
Essa especial para você ChiCo's.