sábado, 28 de fevereiro de 2009

Férias e muitas Saudades de um Tempo!


Aqui estou! Final de férias e um desejo louco de ir, mas querendo que dure mais um pouco. Nunca descansamos o suficiente. Incrível. Nessas férias foram tantas emoções sentidas. Tantos desejos ocultos. Alguns se revelando. Um pouquinho de chateações. Muitas alegrias. Muitas palavras. Quantas saudades de outras épocas e outros sonhos. E lembranças de outras férias surgindo em minha mente o tempo todo.
Lembro-me de quando era apenas uma garota preocupada se a brincadeira seguinte seria tão divertida quanto a anterior. As férias duravam uma eternidade. Não tinha a menor noção de um mês, dois meses. O que importava mesmo era que fiquei de férias em um ano e só voltaria a estudar no outro ano. E às vezes eu perguntava que dia é hoje? E alguém respondia. Nem eu sabia o motivo da pergunta. Um dia não tinha apenas 24h era muito mais que isso. Minhas férias eram eternas. Durante essas férias eternas passava alguns dias ternos na casa da Vovó que também era a casa do Vovô, da Dinda e do Tio. Vovó sempre muito atenciosa e cuidadosa. Tranqüila até demais. Eu passava horas penteando seu cabelo. Ela tão paciente deixava. E eu esticava para lá... Puxava para cá. Ela apenas falava: ‘_ Não acabe com o resto do meu cabelo!’ Eu continuava penteando e imaginando todos elogiando aquele cabelo lindo. Fazia tranças... Desfazia. Fazia cachos... Desfazia. Agora penteava para o lado. Para o outro lado. Não, ao meio fica mais bonito! Hum, todo para trás. E quaisquer que fossem os penteados que fizesse o cabelo sempre terminava do mesmo jeito que a Vovó penteava. Todo para trás com alguns grampos prendendo-os. O Vovô era muito calado. Ele era um sábio. Eu tinha tanto medo dele. Ele lia muito. Tinha uma estante recheada de livros que eu achava chato e na mesma proporção sentia medo. Após alguns anos eu comecei a lê-los. Alguns estão comigo até hoje. O Vovô fazia uma coisa que me deixava enfurecida. Ele simplesmente desligava a TV. Isso mesmo ele desligava a TV e pronto. Nem adiantava a Vovó gritar lá da cozinha que a menina (Eu) estava assistindo que ele não ligava. Eu lá sentada, assistindo completamente envolvida com/pela história. Já era um personagem. Nem o via. Ou fingia não vê-lo. Mas o Vovô caminhava, lentamente, passava a mão sobre a TV e dizia que ela estava muito quente e que se continuasse esquentando iria pifar. Pronto. Ele desligava a TV. Eu permanecia no sofá furiosa e geniosa. Continuava aquela aventura dentro de mim e imaginava mil finais para ela. Minha diversão era sempre garantida. Vovô tinha muitas histórias. Ele gostava muito de contá-las. A casa cheia. Filhos. Noras. Netos. Bisnetos. Amigos. E ele lá contando seus aprontes... um homem muito forte e de muita garra. Se não falha a minha memória foi o terceiro derrame que o derrubou. Vovó sempre ali ao seu lado. Eles fizeram bodas de ouro. Eu vi. Hoje a Vovó usa duas alianças na mão esquerda. E a minha Dinda. Lembro-me dela sempre lendo. Era livro, revista, texto, jornal. Eu passava por ela despercebida e tudo que eu pensava naquele momento invisível era ser como ela quando crescesse. Inteligente e bem humorada. Será que um dia conseguirei? O quarto da Dinda era o meu sonho... As roupas mais bonitas, vários batons, um espelho grande, TV, radiola. Radiola mesmo e a TV era preta e branca. Minha Dinda ouvia umas músicas que eu não entendia, mas que me influenciaram muito. Aretha Franklin. Nat King Cole. E tantos outros que já nem lembro o nome. Eu já era uma mocinha quando a Dinda deixou a casa da Vovó e foi morar em seu apartamento. E com ela aprendi tantas coisas. A leveza da vida. A acreditar nas pessoas. A ser amiga. A aproveitar a vida.
Quantas lembranças! Eu daria um mês das minhas férias hoje para ter um dia desses novamente.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

História de Amor n° 03: A Paixão.



Ela se apaixonou mesmo. Foi no primeiro dia que viu e quando ela deu conta estava completamente iluminada por aquilo sorriso devastador. E aquela voz que falava era a voz que ela ouvia dentro dela e tocava seu coração. Era a voz dos seus sonhos. Lá estava ela apaixonada. Estropiada e apaixonada. Achava que esse tipo de paixão só existia em filmes de sessão da tarde e novela das seis. E tudo que ela achava ridículo agora era lindo. Inclusive as cartas. Já não respirava mais, vivia de suspiros. Gastava horas pensando no dia em que viveriam felizes para sempre. O tempo gastando. A paixão crescendo. O desejo multiplicando. Fazia de tudo para estar mais próxima. Fazia de tudo para ser notada e algumas vezes até era. E isso explodia dentro dela. Era uma felicidade incontrolável. Sorria! Cantarolava! Dançava! Mas aquilo ainda era muito, muito pouco perto dos seus eloqüentes sonhos. Ela queria sempre mais. Ela procurava por algo mais extraordinário do que aquilo. E foi então que ela decidiu que não poderia mais suspirar sem sentir aquele sorriso dentro dela. E ficou pensando numa forma num jeito. Espremeu sua cabeça até ficar tonta. Estropiada, apaixonada e tonta. Eis que surgiu uma idéia! Ela queria beijar aquela boca de qualquer jeito. A cena já estava toda ensaiada em sua fértil cabeça e seu prolixo coração. E no dia escolhido lá estava ela. Tão nervosa que mal conseguia conter-se. Excitava-se mais a cada segundo. Avistou o sorriso de longe. Até que o sorriso foi aproximando-se dela. Cada vez mais perto... Perto... Pertinho. Agora sua face já sentia aquela respiração... e boom! Explosão! O beijo aconteceu. Da forma como ela havia planejado. Ela tentava disfarçar (em vão) o sorriso, mas a felicidade era tanta que ela mal conseguia. Então ela elevou suas mãos sobre os lábios sentiu sua boca fervendo. Seu olhar estava radiante. Estava em êxtase profundo. Ela tentou dizer algumas palavras como havia ensaiado, mas não sabia se estava mais nervosa ou mais feliz e só conseguiu dizer: - Desculpe na hora que... E foi prontamente interrompida, ela ouviu uma gargalhada e a frase: - Tudo bem! Isso acontece, relaxe! Ela calou-se. Sentou-se. Lá estava ela apaixonada, estropiada, tonta, sentada e calada. Tentava acalmar-se. Não tinha ensaiado aquela reação. A felicidade saía gritando pelos seus poros e espelhava-se pelos seus pêlos. E depois daquele beijo ela já começara ensaiar outro... Outro beijo. Um abraço. Uma declaração. Uma consumação. Um amor.


sábado, 7 de fevereiro de 2009

(...)



A minha felicidade cessa quando você sorrir. O seu sorriso a sua felicidade danificam meu ser. Como estar feliz com a sua felicidade? Só consigo ser feliz estar feliz com a sua tristeza para que assim eu possa ser sua bengala. Eu preciso de sua tristeza para estar junto a ti. E ser útil nos momentos ruins. E ser feliz com a sua fragilidade. Saborear a sua melancolia como saboreia um sorvete em tarde de verão. Sua tristeza me alimenta. Os seus dias cinza tornam os meus dias coloridos. O seu inverno é o meu verão. Uma lágrima que escorre em seu rosto delicado é um sorriso meu disfarçado. Os seus problemas grandes garantem horas de minha dedicação, atenção e felicidade ao seu lado. Porque eu sei sorrir com a sua dor. Porque eu só seu ser feliz com você infeliz. E por mais que falem que você apenas me usa quando precisa. Eu aceito. Eu aceito ser usada dessa forma. É o único meio de me fazer feliz. E quando o sol brilha para você e você sorrir para ele. O meu dia se torna nublado. Seu inferno me deixa zen. Seu zen me deixa no inferno. O seu sorriso faz sangrar meu coração. Observo sua felicidade de longe e quando a vejo. Quanto mais próximo mais dor. Todos estão ao seu redor quando você está feliz. E as pessoas que te fazem feliz são fuziladas uma por uma dentro de mim. Alguns podem até me condenar, outros podem se identificar. Mas revelar-se, mostrar-se. É difícil. Eu tenho coragem. A verdade é que muitos sentem o que eu sinto, mas poucos conseguem revelar. Eu consigo. Já não sou hipócrita. Sou feliz assim e desse jeito sigo até o fim. Incansável. O meu sonho de felicidade seria estar ao seu lado tendo você triste e em total depressão. Felicidade eterna para mim. Infelicidade eterna para você. Porque eu só quis ouvir “na doença, na tristeza, na pobreza”. É mais fácil amar quem é infeliz. É quase uma obrigação. Sentir piedade do pobre infeliz e coitado. Difícil é amar quem é feliz. Como posso me sentir útil se você já é feliz? Não consigo, não nasci para ser complemento de felicidade alheia. Comemoro sua tristeza dentro de mim. É um carnaval. Sinto os fogos do reveillon estourarem em meu peito. Sinto adrenalina. Sinto-me viva, elétrica e completa. Sinto-me bem. Muito bem. Eu odeio você feliz. Eu morro aos poucos nos seus dias de felicidades. Renasço e floresço em seus dias de tristezas. Eu amo você infeliz. É bom ter você comigo com toda a sua tristeza. Assim te sinto meu... só meu.