domingo, 22 de março de 2009

Algumas Palavras para a Moça que vai Casar



São tantas coisas para desejar que perco-me diante desse turbilhão de sentimentos que transbordam em ti e respingam em mim. Parece que minhas palavras tornaram-se pequeninas e sem importância próximo a tanto nervosismo e expectativas. O que posso fazer contra as palavras que chegam para você através de mim – pergunto (sem interrogação). Seria uma luta vã, por isso, me rendo e continuo a escrever. Escrevo sem saber o que virá, apenas pela necessidade em escrever/falar. “Sim, todo amor é sagrado.” Casar é algo além de ir morar junto. É eleger e ser eleita. Escolher e ser escolhida. Casar é multiplicar. É somar. Cuidar e ser cuidada. Proteger e ser protegida. É amar por amar. Amar o amor por ele próprio. Às vezes é odiar amar tanto uma pessoa. É doação. É sonhar o mesmo sonho para que assim sua realização tenha mais força. É uma aliança. É querer, realmente querer, é querer sentir para sentir querer com certeza. Até que não se tenha mais certeza para desejar querer todos os dias. Como se fosse à primeira vez. É beijar todos os dias como se não tivesse beijado antes. “A coisa mais fina do mundo é o sentimento”. É descobrir as esquisitices do outro e fazer um esforço para entender e achar normal. É lembrar de Caetano. “De perto ninguém é normal”. É conhecer-se a partir do outro. É não saber quando começa o outro e termina você. É não querer ver, mas querer por perto. É realinhar seu mundo a outro mundo. É perder para poder ganhar. E em meio ao amor é descobrir-se apaixonada como uma adolescente. Apaixonar-se amando! Acordar no meio da noite e descobrir que você tem um par de pernas a mais e ser feliz com isso. É companheirismo. “Há mulheres que dizem: Meu marido, se quiser pescar, pesque, mas que limpe os peixes. Eu não. A qualquer hora da noite me levanto, ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar. É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha...” É amar além do amor. É unir-se ao conhecido desconhecido. Laçar o enlace. Revelar-se inteira. É ter medo e ao mesmo tempo dispor de coragem. É querer devorar o outro. Devorá-lo, lentamente. Senti-lo passar por todas as partes do seu corpo. Devorá-lo para que ele não saia mais e ter certeza que faz parte de você . É querer enxergar com outros olhos a mesma coisa para sentir o outro cada vez mais. É querer estar dentro, tão dentro e embebedar-se e não ter ressaca. “No inverno te proteger, no verão sair pra pescar no outono te conhecer, primavera poder gostar no estio me derreter pra na chuva dançar e andar junto...” Seja feliz até quando não puder ser... Apenas seja feliz!

E Ela responde assim:

Que belas e lindas palavras,
Obrigada. Lembrando-me de Machado de Assis, recolho-me na minha insignificância de ser, reconhecendo a minha fraqueza diante delas (seus versos-palavras), e entrego-me à alegria e às lagrimas que insistem percorrer o meu rosto.
Muito grata,
Jil,
ps.: um abraço bemmmmmmmmmm afetuoso de agradecimento, em nome da família Bazzo.


Lindíssima, obrigada você pelo carinho constante.



domingo, 15 de março de 2009

Espirro Poético!



Atchin... Aaaaaatchin! Sim, estou numa crise alérgica daquelas! Quem me conhece teve o prazer de conhecer minha alergia também. E tudo isso, porque tenho que ficar numa sala trancada com um carpete todo decorado com manchas de mofo. É tempo de crise e eu não posso recusar uma proposta não muito atrativa de emprego. Sim, eu sou simpática! Minha crise aumentou tanto que minha cabeça já bate no teto. A cabeça tem que ficar para cima, porque se eu abaixá-la pinga no teclado. Teclado é o que vai voar direto em minha cabeça se eu quebrá-lo. Ainda bem que é sábado e meu Irmão não está aqui. Acho que ele detestaria ver a cama dele respingada de coisas que saem do meu nariz a cada espirro. E o chão do quarto... Um horror! Agora enquanto escrevo essas poucas linhas várias gotas já caíram sobre o papel e eu teimosa como sou continuo a escrever por cima dos pingos e adivinhe o que acontece? Um furo. O papel está pingado e igualmente furado. A cada espirro que sai Papai fala da sala: “_ Por que você não me ligou, eu passaria na farmácia e compraria uns remédios?” E eu nem respondo. Ele também tem essa alergia e sabe como é. Ela é imprevisível. Meu nariz pinga... Pinga. Atchin! Papai fala da sala: “_ Não tome leite por causa da lactose, isso vai piorar a alergia. Tome leite de soja.” Eu até tentei tomar leite de soja, mas sinto falta de alguma coisa e adivinhe o que é? A lactose. Esquentei meu bom e velho leite tipo “A” e tomei todinho em vários goles. Foi bom. Melhorou bastante na hora, porque depois piorou. Já nem pingava mais. Escorria. Nem sentia escorrer. Passo a mão e sinto-a molhada. Limpo na blusa. Os espirros cada vez mais fortes... Pinga lá embaixo também. Agora lenhou-se. Lenhei-me! Pinga por cima pinga por baixo. Papai pega uma sacola de remédio, senta-se ao meu lado e rir. Rir, porque eu não consigo respirar. E como se não bastasse perguntou-me várias coisas sobre um filme e eu calada. Ele apenas disse, rindo muito: “_ Não consegue respirar?” Fingir que nem ouvir. Ele abriu a sacola, mas aqueles remédios não me servem para nada. Ele levantou pegou a sacola e saiu. Meia hora depois ele grita: “_ Vou dormir, boa noite!” eu apenas disse: “Tá”. Dormir, eu quero e preciso, mas não consigo. Minha blusa está molhada. Eu sou tão nojenta. Esfrego a blusa no nariz desde pequena que faço isso. Acho o máximo cultivar bons hábitos. Adoro! É tarde e já nem é sábado. Domingão nascendo com o céu cheio de estrelas lindas. Domingo, meu tão esperado domingo. A respiração começa a melhorar. Vou tomar esse leite de soja. Até que é bom tomá-lo assim, porque não sinto seu sabor. Vou para meu quarto e pingo no lençol azul o mesmo que servirá para me cobrir. Pingo, pingo. Pingo por cima. Já não espirro mais... nenhum pingo por baixo. Tudo sob controle. Ou quase tudo. E pensar que final de semana passado foi lindo. Teatro. Pizza. Sorrisos. Carinhos. Música. Dança. Conversas. E depois dizem que quem faz nossa vida somos nós. É nada! A vida me deu um final de semana perfeito, porque sabia que o outro seria sofrido. Atchin!

quarta-feira, 11 de março de 2009

Uma Saudade Infinita...



Esse texto foi escrito com um mar desaguando de dentro para fora. Como se as águas mais profundas do mar começassem a sair dele. De sua profundidade para o mais raso e mais visível. Um mar de lágrimas profundas escorria igualmente em mim e manchavam todo o papel. Somente dessa vez eu não percebi a desorganização da minha escrita. Às vezes é preciso derramar para fora o que transborda em meu coração. A saudade todos os dias dá uma alfinetada em meu peito. Alfineta, lentamente, meu pobre peito. Tenho tantas coisas para contar a você. A sua ausência multiplica-se a cada dia que passa. Eu tenho tanto para te falar. Queria dizer que finalmente sinto que faço parte da Academia e já não me sinto tão deslocada quanto antes. Devo confessar que muitas noites quando todos vão dormir eu penso em você e no quanto fomos felizes. (Mais lágrimas). Quantas descobertas fizemos juntas e tantas outras compartilhamos. Eu não tinha vergonha de revelar a você meus medos, minhas aflições e angústias. Eu sabia que poderia sempre contar com o seu apoio incondicional. Meu alicerce. Você sabia que eu poderia ter um bilhão de amigos, mas era para você que eu mostrava minha fragilidade. Você foi o meu primeiro amor. Minha primeira paixão. Minha primeira relação de amizade. Você enxergava em mim o que nem eu sabia e nem via. E se eu falasse que iria fazer quaisquer coisas você me apoiava. Você me dizia com sua voz rouca, delicada e ao mesmo tempo forte que eu era muito inteligente. E eu pensava e buscava essa inteligência em mim, mas não via e até hoje não consigo vê-la. O quanto eu fui boba ao pensar que tínhamos todo o tempo do mundo. Quando você partiu, partiu-me. Sou dolorosamente fragmentada. Hoje quando surge um desafio eu lembro de você falando: “_ Liliam, você consegue. Você é inteligente! Se jogue!” Eu acreditava em você, e por isso, acreditava em mim. Mas sem você aqui fica difícil. Inúmeras vezes me sinto frágil e com vontade de desistir, mas lembro de você e de sua confiança em mim e essa lembrança faz-me forte. Eu só queria enxergar em mim o que você enxergava. Talvez se eu pudesse me ver com seus olhos... Eu descobriria a fonte escondida. (Mais lágrimas, porque eu choro e não tenho vergonha em demonstrar quanta falta você faz). Você falava em minha maturidade precoce e eu mais uma vez mergulhava e nada descobria. E não deu tempo para falar o quanto eu me esforçava para acompanhá-la. Eu lia bastante e estudava muito, porque queria muito que você fosse minha amiga. Na verdade tinha receio que você não quisesse ser. Assim poderíamos conversar sobre todas as coisas que você quisesse. E continuar trilhando nossa amizade. Em muitas ocasiões questionava-me o motivo de sua amizade comigo diante de tantos amigos maravilhosos e não chegava à conclusão alguma. E mesmo que chegasse faria questão de esquecer, porque você foi o maior e o melhor presente que a vida poderia me dar. Há dias em que ensaio um entendimento, mas aí a dor grita e avassala a razão. Perco-me diante de tantos sentimentos e dúvidas. Às vezes sinto a dificuldade de viver nesse mundo, mas nem de longe consigo imaginar o tamanho da sua sensibilidade. E tudo que eu queria fazer agora era te abraçar bem forte. Abarcar você em mim. Dar-lhe um banho. Colocar-lhe um perfume bem cheiroso daqueles que você gostava e te colocar para dormir em meu colo. Velaria seu sono durante toda a noite. Cuidaria para que você não tivesse sonhos ruins. Eu protegeria você da crueldade do mundo, porque não importa o quão somos sensíveis. O mundo é e será cruel. Mesmo que não mereça e você não merecia. Mas na vida não há merecimentos. Eu continuo a andar pelas ruas de Ondina cabisbaixa e contando pedras que todos os dias mudam de lugar. Eu as procuro na tentativa de não procurar você, mas você permanece e permanecerá aqui comigo.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Algumas Palavras para Ela ou Uma Pequena Declaração

Calma! Preciso de um cadinho. É cadinho. Cadinho de quê? Cadinho de um bocadinho. Bocadinho de tempo para organizar as palavras. Só mais um cadinho... Já estou escrevendo. “Um instante maestro!” Meu coração é assim quando ele tem pressa em falar não espera o momento certo. Ele faz o momento. Meus dedos apenas obedecem. Somos escravas dele. Deixemos de falar do meu coração e vamos ao que interessa. Há certa urgência em escrever as próximas palavras. Mas o que eu, uma aprendiz de poeta, poderia falar sobre/para ela, porque ao avistá-la parece que tudo já foi dito. E ao vê-la sorrir não têm mais dúvidas. Porém mesmo assim aí vou eu arriscar algumas palavras arriscadas. Se eu afirmasse que ela é bela isso não seria um elogio. Isso seria um pleonasmo. Mas como não falar em sua beleza se à primeira vista é isso que encanta e quando a conhecemos percebemos que a sua beleza está além daquela que vemos. O que há por dentro transpõe e ela se torna ainda mais bela. (Se é que isso é possível!). Bela mesmo são suas palavras às ditas e as escritas. Sua oratória muito bem apresentada. Cada palavra pronunciada de maneira exata. E eu ali pensando em como aquilo era bom. Por alguns minutos eu quis ter tudo aquilo e fazer parte. Eu quis que ela fizesse parte da minha história para que assim eu pudesse fazer parte da história dela. E mesmo que minha participação fosse ínfima a minha felicidade seria infinita. Os outros minutos eu planejava uma forma de levá-la para os federais assim eles seriam contagiados pela sua sensibilidade terna. Mas os federais ainda não estão preparados para recebê-la. Ela está a mil passos a frente deles. Os minutos finais foram de agradecimento por estar ali e por ela permitir-me estar fazendo parte daquele momento mágico. Eu estava e ainda estou em estado de felicidade. Felicidade pura! E ainda nem falei sobre a beleza de suas palavras escritas, pois o primeiro encantamento que tomou-me foram elas. “Estou a espera das palavras... elas resolveram me dar férias e, por isso, sinto-me tão oca, sem poesias, sem movimentos, sem ritmos... mas elas virão e eu estarei preparada para recebê-las, acolhê-las.” Esse lindo poema foi escrito por ela apenas para demonstrar sua falta de inspiração em escrever. Pergunta: Como seria se ela estivesse inspirada? Gostaria de saber expressar-me com tamanha sensibilidade e delicadeza. Aí sim eu seria uma POETA dessas de mão cheia, mas enquanto estou aprendendo sou Poetinha. Delicadeza essa é a palavra que estava procurando já que quando a vejo essa é a palavra que meu coração sopra em meu ouvido. Há outra que também gostaria de oferecer-lhe: suavidade. Eu tenho uma rápida impressão que você já sabe dessas coisas todas que insisto em escrever aqui. Algumas pessoas talvez não percebam o quão bela é você e toda a sua suavidade. Às vezes é preciso afastar-se para compreender o belo. Até este momento nem revelei o seu nome. Vamos a ele? Jil-linda-vania, ops! Jilvania Linda... Agora eu consigo. Jilvania Lima. Esse nome simboliza delicadeza e suavidade. Bem, Jil-linda, meu coração insiste em chamá-la assim e eu não tenho forças e nem posso contrariá-lo. Sou apenas uma serva dele. E hoje ele me diz que sou uma pessoa um pouco delicada, pois fui contagiada com a sua delicadeza. Como beleza não é contagiante sigo mais uma vez como Poetinha Feia. Ainda (Ainda é minha muleta) nem falei que pertencemos à mesma família Lima, mas isso é tema para um novo texto. E para finalizar quem gostou bate palmas!

E por falar na beleza das palavras dela, ela escreveu para mim:

Olá minha Grande Poeta,

Desejo que, ao iniciar a escrita desse texto, as palavras, cientes que elas são dedicadas à você, venham ao nosso encontro e meus dedos consigam a elegância e a beleza necessárias para desenhá-las nessa tela em quase branca, ainda com o desafio de driblar a desconfiguração do teclado do computador...

Estão me desafiando a escrever sem perguntar, ainda assim pergunto; a escrever sem me espantar - espanto filosófico -, ainda assim não desanimo e insisto em buscar outros recursos que a língua me oferece para contornar a situação posta. Não dispondo dos principais sinais de pontuação, como exclamação, interrogação, parênteses, dois pontos, entre outros mais utilizados por mim, fico ainda mais ousada. A limitação e a negação imposta pelo mundo dos homens, ao contrário do efeito esperado comumente, em mim, provocam outras ressonâncias, fico mais fortalecida e desafio as leis humanamente colocadas no plano "real". Não aprendemos que a realidade é uma construção social - pergunto.

Quero que saiba ainda que eu ensaiei, algumas vezes, uma resposta à sua altura. Ouvindo os belíssimos presentes que você delicadamente brindou à minha alma, em especial o texto escrito-musicado na voz-intrepretação de Mileide-ChicO, não pude conter as lágrimas, testemunhas da minha humanidade, testemunhas da minha grandeza-e-fraqueza de ser humano...

Queria, nesse instante, ser capaz de invadir a tela e, no momento dessa sua leitura, falar-ler cada letra que se segue como poesia. Mas, o que é mesmo a poesia, se não a possibilidade de materializar o im-possível - pergunto.

Assim, minha Linda Poeta, Poeta Linda, desde sempre, havia observado que derivamos de um fragmento de uma mesma matriz ancestral - LIMA, sendo outra derivação a presença em comum de Mileide SANTOS, simplesmente e imbricadamente ChicO.

Fico por aqui. Essas, entre tantas outras palavras, gostaria de lhe dedicar nesse momento-instante e, porque ele existe, impregnada da força poeta de Cecília, podemos ser Poetas...

Um abraço afetuoso e com toda a minha imensa gratidão, e como agradecer é celebrar a vida, escrevo-lhe O B R I G A D A.


Jilvania Lima, Jil


Apenas faço desse verso minhas palavras:
"De virada desço o queixo e rio amarelo"

Quem gostou, mais uma vez, bate palmas!