quinta-feira, 9 de junho de 2011

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Ainda tento preencher o vazio. Entre um passo e outro. Entre o olhar e uma piscadela. Uma palavra e outra. O sentar e o levantar. Seria retórico afirmar que me sinto como um vidro despedaçado por dentro? Mas é assim que me sinto (Reafirmação). O que esperar de uma palavra falada? Não retornará. Aqui passado e futuro: presente. Não tenho rastros a seguir. Passaram uma borracha enquanto piscava os olhos. Apenas tenho o que ficou por dentro. Lembranças recorrentes com sabor de cappuccino de menta. Goles pequenos queimam e corroem a saudade. Como preencher o vazio entre uma gargalhada e outra? Permaneço calada. Emudeço meus gestos. Minhas palavras. Não preciso conter aquilo que não tenho. Vivo o vazio de forma pura e absoluta. Permaneço imóvel e insone. Tento ocupar-me para não pensar. Preciso não pensar. Por que acham que contabilizo todos os minutos do dia? É preciso manter-se ocupada para não sentir o vazio rasgar ao meio dia. A despedida, não houve. Uma palavra de ternura, não foi dita. As expectativas e as lembranças foram resumidas ao “se”. Continuo no aguardo. Busco a presença que não se consuma. A vida presenteada com a ausência. Aguardo contínuo. Por que acham que organizo todas as coisas ao meu alcance a cada segundo do dia? É preciso contabilizar cada ação para não sobrar tempo para relembrar. Tempos coloridos. Pensar tem sido doloroso. Ocupo-me. Tempo automático. O vazio sublima e não é perecível aos dias. Quero fechar os olhos (e acreditar) que tudo passará...