quinta-feira, 30 de julho de 2009

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Eu não posso. Simplesmente, porque não amo você. E nem desejo. E vai, além disso. É mais intenso. Não sinto necessidade de você. Sem tesão não consigo. Fica pesado demais. Muito tenso. Não gosto de tensão. Gosto de tesão. De calor. De mão na mão. Boca na boca. Olhos nos olhos. Um fogo. Uma loucura. Uma quentura. E com você não dá. Já deu. Até já dei, mas passou. Passou, ficou no passado. Hoje, tempo presente não dá, nem darei (tempo futuro). Não para você. Nem quero você. Nem te quero. A verdade é uma. Eu não tenho o mínimo problema em revelá-la. A verdade tem que ser dita e sentida. Problema seu se você chorar. Eu já chorei tanto. Um dia passa como o meu tesão por você passou. Assim...! Não posso namorar você se não desejo. Há de se ter desejo para desejar. E eu não sinto desejo para desejar você. Vou contar-te outra coisa. O seu cheiro. É o seu cheiro faz-me brochar. Eu fico brocha com o seu cheiro de flores. Um cheiro de flor chato, doce. Irrita-me! Eu nem tenho alergia a flores. Até que gosto muito delas, mas esse seu cheiro... aff! Esse cheiro está impregnado em você. Você faz-me impotente com esse cheiro. Em todos os sentidos impotente. E eu sou uma potência. Potência que explode tesão por todos os poros e pêlos. Esse seu cheiro sufoca-me. Não é o perfume que você usa. É o seu cheiro. E quando você usa perfume é pior, porque o cheiro de flor fica ainda mais forte. Como uma pessoa pode ter cheiro de flor? Quem tem cheiro de flor é defunto! E eu não como defunto. Como vou trepar com defunto? Não dá. Não darei. Já dei. Já foi. Já passou. Teve uma hora que esse cheiro de defunto sufocou-me. O seu cheiro de flor, ou melhor, o seu cheiro de defunto matou o meu tesão. Matou o meu desejo. Aqui jaz o meu tesão por você!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

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A impotência em não consegui escrever deixa-me angustiada. Devastada. Quero escrever. Preciso escrever. Tenho que escrever por mim e por você. Para mim e para você. Queria muito falar do seu olhar castanho que ilumina o meu. O seu abraço que conforta o meu corpo. Será que se eu soubesse escrever outra língua conseguiria aliviar essa tensão? Gostaria de escrever para você em francês. Porque tudo em francês é bonito e parece sincero. Em inglês você entenderia e eu não quero ser entendida, eu preciso ser sentida. O inglês limita o que sinto com apenas uma palavra. O que queria mesmo era escrever em minha língua, mas não consigo. Se você pudesse entrar pelos meus olhos e chegar ao meu coração. Você sentiria o que sinto. E aí não precisaríamos mais de muitas palavras. Mas continuo procurar palavras para expressar o que sinto quando não escrevo. Um vulto de palavras passa por mim, mas não consigo identificá-las. Não consigo tocá-las. Elas são intocáveis. Eu sou apenas uma sombra quando não escrevo. Há algo que sufoca-me e eu não consigo, simplesmente, não consigo. Eu queria ter uma inspiração divina. Um feixe de luz sobre minha cabeça para que assim, eu pudesse escrever coisas bonitas para mim e para você. Antes de escrever para você, eu escrevo para mim. Meu eu não cabe em mim. E por isso escrevo também para ti. Mas uma lágrima que insiste em sair dos meus olhos desde ontem à noite. Elas não saem e isso angustia ainda mais o meu ser. Não falo. Não bebo. Não escrevo. Eu sou uma alma negativa e melancólica em busca de um sorriso ameno. Mas hoje é um dia não. Especialmente não. O dia em que não te vejo. O dia em que seu sorriso não enlouquece-me de satisfação, de contentamento. Só por hoje eu queria ser boba e assistir uma comédia romântica daquelas que nos faz acreditar que o amor é eterno e verdadeiro. Só por hoje eu queria esquecer quem sou e o que carrego. Só por hoje queria ser leve. E ter você ao lado. Mas minha angústia não permite. E isso porque minha escrita não vem. Eu não queria escrever sobre nada disso. Eu só queria falar sobre a angústia dos meus dias de escrita ausente. Todas as angústias já foram escritas e descritas. Todos os sentimentos também. Os amores já foram sentidos. O medo já foi sentido, porém a cada dia é renovado. O medo é recorrente. Hoje, só por hoje eu gostaria que o tempo parasse por dois segundos apenas. Só por um piscar de olhos. Só enquanto você pronuncia meu nome. Eu vejo algumas rugas em meu jovem rosto. E meu corpo já traz a flacidez do tempo que passou. Invejo almas jovens e felizes. Eles são inocentes. Eu fui contaminada. Já não posso acreditar no amor. O amor para mim é apenas medo da solidão. E eu... Eu ando tão só...

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Algumas palavras para uma Rosa



Eu posso afirmar com toda certeza que trago em meu peito cansado que essa foi à tarefa mais difícil imposta nesse semestre. Porque escrever um poema é tentar descrever que é indescritível. O poeta busca palavras comuns aquelas do dia-a-dia ditas sem o mínimo de reflexão para expressar a leveza, a beleza da vida. O poeta busca a reflexão. E foi exatamente refletindo e perdendo horas de sono que essas palavras foram escritas. E durante meus pensamentos percebi que Rosa é a perfeita tradução da rosa. Então, diante dessa afirmação meu poema estaria encerrado. Mas o poeta é acima de tudo aquele que promove a reflexão através de suas reflexões. Desse modo lanço a questão: Rosa seria a tradução da rosa ou seria a rosa a tradução de Rosa? Quem traduz quem? Vou retroceder um pouco para começar a entender que as coisas não acontecem por acaso. Veja bem, rosa é uma palavra feminina da primeira declinação e foi com essa palavra que fomos inseridos na língua latina. Foi preciso aprender latim para compreender a beleza da Rosa, mas essa beleza foi e é tão intensa que calou muitos versos de poetas durante muitos anos, pois seus versos recusaram-se a mostrar-se diante da “soberana flor”. Percebo também que não foi um acaso uma sala de aula reunir tantos poetas e foi o sentimento de todos os poetas que fizeram a poesia desabrochar nas manhãs sonolentas de românica. Aprendemos que uma palavra possui vários significados, mas atentemos, mais uma vez, para a palavra rosa e o meu questionamento em alguns versos acima. Seria Rosa a metáfora da própria flor ou seria a flor a metáfora de Rosa? Para mim, Rosa é a forma reduzida para delicadeza. Ou ainda a forma reduzida para beleza. Mas nem tudo são rosas. Quantas vezes me senti perdida ao longo desse semestre. Crítica textual? Filolofia? Romanização? Vocalismo? Consonantismo? Morfologia? Léxico? Nossa!!! Quantas vezes já quis me queixar a Rosa, mas que bobagem a sua Seu Cartola cantar que as rosas não falam! Seu Cartola essa Rosa fala, fala e fala muito. Essa Rosa “não pára, não pára não, não pára.” Quando afirmei nos primeiros versos que essa foi à tarefa mais difícil do semestre estava apenas querendo falar que concordo com Gertrude Stein quando ela afirmava que ‘“uma rosa é uma rosa é uma rosa” e que recusava definir aquilo que não precisa de definição por ser perfeito em sua simples e evidente nomenclatura.’ Eu gostaria muito de falar para Seu Carlos “que a flor que nasceu na capital do país às cinco horas da tarde” nasceu também às sete horas da manhã no PAF III e que coloriu trazendo mais beleza e delicadeza as manhãs de final de verão. Seu Carlos, eu vi a Rosa brotar por entre olhos sonolentos e remelentos naquela segunda-feira 02 de março de 2009.