quinta-feira, 15 de maio de 2008

Esquecimento

Tive uma idéia, mas esqueci. Esqueci como esqueço milhares de coisas. As idéias vêm. As idéias ficam, mas se não anotá-las elas vão. E me deixam num incrível vazio. Essa idéia esquecida tornou-se brilhante. A idéia da minha vida. Meu best-seller. Eu odeio best-seller. Não lembro de ter lido um. Por isso vou escrever sobre a falta de idéia. A ausência de imaginação. A falta de inspiração. São tantas coisas banais e importantes. São tantos sentimentos envolvidos na rotina. Estou num processo antológico de ausências. Já nem me lembro o que disse que iria escrever. Então escreverei sobre qualquer coisa que vier a minha louca cabeça. Eu amo Clarice Lispector. Eu estou apaixonada por Adélia Prado. Os meus dias são tão lindos e dolorosos. É tão bom estar lá e aqui. É um aprendizado novo a cada dia. Um sentimento que desabrocha. A esperança é a chama da minha vida. É tudo tão profundo e intenso. E desgastante. E completamente lindo. Como eu queria saber escrever para deixar todos empoemados. Eu queria ter várias idéias infrutescentes. Eu só tenho um punhado de idéias que cabem em minha mão esquerda, porque a direita escreve o que ainda resta em minha apagada lembrança. Tenho poucas idéias e esqueço metade delas. É assim e mesmo assim deve ser a vida quem vive pelas palavras. Esquece um verso por aqui. A rima escorrega por ali. E assim nasce um poema capenga. O texto é composto. O meu texto é composto por palavras soltas. Pontos. E vírgulas. Não estudo para escrever. Tudo que escrevo é o que aprendo lendo. É o que aprendo vendo. Aprendi lendo e vendo. E nem sei como é que se escreve um conto para participar do concurso. Um dia quando estiver escrevendo empoedamente e infrutescentemente serei uma POETA. Quando eu souber cantar um jazz serei uma DIVA. Salve, Acarajazz! Enquanto não aprendo metade das coisas que gostaria sigo aprendendo. Aprendo uma coisa aqui. Aprendo outra coisa ali. E o meu mundo vai se compondo de aprendizado. E esquecimentos. Acho que esqueço das coisas que aprendo para aprendê-las novamente. Saborear o conhecimento. Sentir o sabor. Degustá-lo. Deixá-lo na boca por um instante. Depois engoli-lo devagar. E algum dia colocá-lo para fora. E assim estarei aprendendo sempre. Escrevo, porque sou aprendiz. É um exercício constante. Coloco no blog, porque sou ousada. Uma ousadia incrível e uma timidez profunda. Eu preciso me lembrar de alguns detalhes. Eu preciso voltar a enxergar. Está tudo tão cinza. Eu preciso não esquecer. Eu tenho que endurecer, mas sem perder a poesia jamais.

4 comentários:

Anônimo disse...

salve acarajazz POSPSKPSOKSPKS! nossa tb adooro cheiro de livro principalmente daqueles que acabaram de sair do plastiquinho rsssss nunca pensei que fosse achar alguem que compartilhasse desse mesmo gosto rss! otm semana bJx t_+

Anônimo disse...

Alô, alô Poetante,


A gente fica aqui só bestando de tanta admiração...

É horrível ficar encantado assim, dá uma impotência e uma vontade de ser você escrevendo essas coisas, dá vontade de ser a coisa, o objeto de sua escrita.

Nós vemos tantas coisas nesse texto, tanto de mim, de Clarice, de Sassá, de tanta gente...
São tantas coisas que não podemos dizer assim... eu nem sei o que dizer... são tantas belezas...

Nos rendemos a você!

Beijos meus e dele, nós amamos tudo "aqui" e descobrimos que amomamos mais você! !

Tenha sempre essa timidez mostrada, please! ! !

Precisamos dela!!

Precisamos de você!!!!

Precisamos de sua poetica!

Anônimo disse...

Eu também esqueço.
Estou participando de uma oficina de roteiro e minha professora disse que todos os roteiristas andam com um bloquinho de papel e caneta à mão. porque nenhuma idéia vem do nada, mas vem quando menos se imagina.
Eu sou assim também. Não sou nenhuma roteirista profissional... nem amadora! mas eu sou uma blogueira. E serei um dia uma escrita. Profissional.
E eu tenho muitas idéias, e algumas acabam sendo esquecidas. Eu entro no meu blog e penso: "Cara, eu tinha alguma coisa para escrever". E, quando não lembro mais, tento escolher alguma outra. Talvez uma idéia melhor. Talvez a outra idéia volte um dia.
Mas sem nunca esquecer de escrever.

Anônimo disse...

Oie....tudo bem?
no final do seu post, você disse que está tudo cinza....
isso me remete a uma música que adoro e não sei se você conhece, do Cazuza, gravada pela Marina Lima:
" Tudo azul no céu desbotado e alma lavada sem ter onde secar....eu corro, eu berro, nem dopante me dopa, a vida me endoida....."
Acho que é bem por aí.
to sentindo sua falta no meu blog.
Abraços
Felipe
www.muitoadeclarar.zip.net