Esse texto foi escrito com um mar desaguando de dentro para fora. Como se as águas mais profundas do mar começassem a sair dele. De sua profundidade para o mais raso e mais visível. Um mar de lágrimas profundas escorria igualmente em mim e manchavam todo o papel. Somente dessa vez eu não percebi a desorganização da minha escrita. Às vezes é preciso derramar para fora o que transborda em meu coração. A saudade todos os dias dá uma alfinetada em meu peito. Alfineta, lentamente, meu pobre peito. Tenho tantas coisas para contar a você. A sua ausência multiplica-se a cada dia que passa. Eu tenho tanto para te falar. Queria dizer que finalmente sinto que faço parte da Academia e já não me sinto tão deslocada quanto antes. Devo confessar que muitas noites quando todos vão dormir eu penso em você e no quanto fomos felizes. (Mais lágrimas). Quantas descobertas fizemos juntas e tantas outras compartilhamos. Eu não tinha vergonha de revelar a você meus medos, minhas aflições e angústias. Eu sabia que poderia sempre contar com o seu apoio incondicional. Meu alicerce. Você sabia que eu poderia ter um bilhão de amigos, mas era para você que eu mostrava minha fragilidade. Você foi o meu primeiro amor. Minha primeira paixão. Minha primeira relação de amizade. Você enxergava em mim o que nem eu sabia e nem via. E se eu falasse que iria fazer quaisquer coisas você me apoiava. Você me dizia com sua voz rouca, delicada e ao mesmo tempo forte que eu era muito inteligente. E eu pensava e buscava essa inteligência em mim, mas não via e até hoje não consigo vê-la. O quanto eu fui boba ao pensar que tínhamos todo o tempo do mundo. Quando você partiu, partiu-me. Sou dolorosamente fragmentada. Hoje quando surge um desafio eu lembro de você falando: “_ Liliam, você consegue. Você é inteligente! Se jogue!” Eu acreditava em você, e por isso, acreditava em mim. Mas sem você aqui fica difícil. Inúmeras vezes me sinto frágil e com vontade de desistir, mas lembro de você e de sua confiança em mim e essa lembrança faz-me forte. Eu só queria enxergar em mim o que você enxergava. Talvez se eu pudesse me ver com seus olhos... Eu descobriria a fonte escondida. (Mais lágrimas, porque eu choro e não tenho vergonha em demonstrar quanta falta você faz). Você falava em minha maturidade precoce e eu mais uma vez mergulhava e nada descobria. E não deu tempo para falar o quanto eu me esforçava para acompanhá-la. Eu lia bastante e estudava muito, porque queria muito que você fosse minha amiga. Na verdade tinha receio que você não quisesse ser. Assim poderíamos conversar sobre todas as coisas que você quisesse. E continuar trilhando nossa amizade. Em muitas ocasiões questionava-me o motivo de sua amizade comigo diante de tantos amigos maravilhosos e não chegava à conclusão alguma. E mesmo que chegasse faria questão de esquecer, porque você foi o maior e o melhor presente que a vida poderia me dar. Há dias em que ensaio um entendimento, mas aí a dor grita e avassala a razão. Perco-me diante de tantos sentimentos e dúvidas. Às vezes sinto a dificuldade de viver nesse mundo, mas nem de longe consigo imaginar o tamanho da sua sensibilidade. E tudo que eu queria fazer agora era te abraçar bem forte. Abarcar você em mim. Dar-lhe um banho. Colocar-lhe um perfume bem cheiroso daqueles que você gostava e te colocar para dormir em meu colo. Velaria seu sono durante toda a noite. Cuidaria para que você não tivesse sonhos ruins. Eu protegeria você da crueldade do mundo, porque não importa o quão somos sensíveis. O mundo é e será cruel. Mesmo que não mereça e você não merecia. Mas na vida não há merecimentos. Eu continuo a andar pelas ruas de Ondina cabisbaixa e contando pedras que todos os dias mudam de lugar. Eu as procuro na tentativa de não procurar você, mas você permanece e permanecerá aqui comigo.
quarta-feira, 11 de março de 2009
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8 comentários:
...LINDOOOOOOOOOOOOO desabafo...!!!!!
Hummmm.... pra quem é?
Chorei.
Esse texto tb é meu,
meu e da minha melhor amiga: minha mãe.
"E tudo que eu queria fazer agora era te abraçar bem forte. Abarcar você em mim. Dar-lhe um banho. Colocar-lhe um perfume bem cheiroso daqueles que você gostava e te colocar para dormir em meu colo. Velaria seu sono durante toda a noite. ."
Eu tb queria Liu.
Vc é linda.
Ai Poeta,
nós também sentimos saudades assim, I-N-F-I-N-I-T-A-S.
Como é gostoso, bom alegre e triste ao mesmo tempo sentir tanta saudade-infinita!
Sentir essa depressão que só a saudade-infinita sabe dar.
Ir sofrendo, querendo ir de encontro a saudade-infinita, acabá-la, abraça-la, apertá-la bem forte até que ela nunca mais pudesse escapar.Beijá-la de lingua, como os apaixonadis. Dá uma vontade danada de fazer isso, né?? mas só que não podemos... Ai vem essa fraqueza, essa incapacidade... Deus é mais.. Como é bom, ser Humano, fraco e sentir saudades-infinitas!
Eu adoro sentir saudades-infinitas ouvindo música, lendo poemas e sabendo cada vez mais, que a saudade é uma merda, nunca cessa, vez por outra, se esconde, mas está sempre lá, pos trás do pensamento.
Saudade é o nosso mal necessário!
Ai de nós se não a tivessemos, o que seria dos abraços? dos beijos? Do carinho?? Se não houvesse um abandono para que em seguida houvesse uma saudade e depois: Bommm, eles apaixonados, "abraços e bejinhos e carinhos sem ter fim, que é para acabar com esse negócio de você viver sem mim, não QUERO mais esse negócio de você viver sem mim."!
srrs.. Ai ai.
Beijos vermelhos,
Nós dois!
Ops! esquecemos:
O texto, o sentimento e a poética são maravilhosos!
Você é toda uma maravilha!
Mais Beijos dos nossos,
Vermelhos...
Mi e ChicO!
Olá menina Poeta,
Nao fique assim,hoje chove mas amanhã o sol brilhará novamente.O tempo tudo cura e Deus sabe o q faz...Temos q passar um certo tempo com as pessoas, mas quando é chegado a hora de partir(seja lá de q forma) nao tem muito jeito.Lembra do pequeno Principe e a Raposa?Lembra q ela quis ser conquistada mas na hora de ele partir ela chorou?Releia o capítulo 21 poetinha...Tenho certeza q vc vai entender do q falo menina...
Olha, torço pra q vc se recupere e deixo aqui o meu abraço bem apertado viu?
E mais, vc nao é uma Poetinha feia deveria mudar o nome do blog para: Uma bela Poetinha!rs...
Até mais bela poetinha!rs...
Beijinho
Maria
Anônimo,
Obrigada pelo carinho de sempre! E você já não é anônimo, pois sei quem você é. (risos) Obrigada!
Beijo.
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Rosa (Toquinho)
Esse texto foi/é dedicado a uma amiga muito querida que partiu para uma realidade melhor e mais justa.
Obrigada pelo carinho. Obrigada por ter vindo.
E veja se desemperra lá o seu blog, porque eu não consegui comentar.
Um Beijo.
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Carla (Linda!)
Já falei a você o quanto te acho sensível? Querida, você é de uma sensibilidade ímpar. Eu é que fico emocionada com as suas lembranças. Queria ser tão forte quanto você, mas se você me ajudar eu posso tentar.
Esse texto é nosso.
Um dia eu amaria ler tudo que você escreve. Não apague! Guarde e mostre-me!
Um beijão.
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Mila / ChicO
É uma saudade infinita que às vezes me deixa oca. A saudade machuca mesmo. Faz doer à alma. E não cessa mesmo. Vai corroendo aos poucos e quando nos damos conta já não resta mais nada. Somos compostos de sentimentos. Bons ou ruins. Somos humanos. Incapazes e capazes. E isso é o que me faz sentir viva e querer viver.
De saudade em saudade. De carinho em carinho. De abraço em abraço. E vamos vivendo...
Você é toda uma maravilha!
Vocês todos são maravilhosos!
Um beijo grande!
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Maria
Obrigada pela visita e pelo carinho. É bom ler palavras acolhedoras.
O Pequeno Príncipe é um livro maravilhoso e que me acompanhará durante a minha vida.
“Cativar significa criar laços”
Esse laços, minhas lembranças, levarei comigo bem guardadas naquilo que tenho de mais fundo.
Já faz alguns meses que minha amiga partiu. Eu sinto a falta dela todos os dias. Há dias que dói mais há dias que dói menos.
E às vezes tenho a sensação que não deu tempo para eu falar o quanto eu era grata por sua amizade. Quem sabe um dia quando nos encontrarmos...
Obrigada pelo “bela poetinha” gostei da sugestão.
Um beijo!
Sabe nadaaaaaaaaa...rsrs.Bj Gigante!
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