quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

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O que quero falar em meu texto está escrito. As minhas dores. As minhas angústias. Os sabores que sinto. Os meus sentimentos estão inscritos em minha escrita. Busco na vida a explicação para o meu texto. A verdade que escrevo é floreada. Mas, diga lá o que é verdade? O meu relato é composto do que vivi e daquilo que gostaria de viver. O que sinto é floreado. Sou um ser que enceno, represento. Tenho várias faces. O que escrevo é sempre um já escrito. Mas, há algo que não se esgota em meus textos. E é por essa ausência que continuo a escrever. Escrevo pela lacuna que o texto deixa. Sinto angústia em querer escrever o indizível. Minha escrita tem a minha memória, a memória do outro e a do espaço. O que você precisa saber sobre mim está em minha escritura. Meus textos são atravessados pela ficção, mas não minto quando falo a verdade. Escrevo poemas, porque sofro de devaneios. Componho histórias para remediar meu desconforto. A forma como sinto os fatos é diferente da forma que você sente. Entretanto, o que quero escrever é a minha emoção atravessada pela sua. Tento dialogar os nossos sentimentos. Quantos EU há em mim? Não sei quem sou. Sou fragmentada ao extremo. Tenho vários desejos. Eles lutam para sobrepor-se. Apenas aguardo. Coleciono histórias de amor e em meu corpo guardo suas marcas. Em meus textos trago marcas das histórias de amor que li, vivi e ouvi. Escrevo verdades, as minhas verdades. Ficção não é invenção. É a leitura do que se vive. Meu texto funde imaginação e memórias. A minha maior angústia é tentar escrever como me vejo do lado de fora. Minha escrita é quando. O meu quando se confunde com o seu e do outro. Escrevo para você, mas o que escrevo está permeado de mim. Dialogo com os outros através de versos. Minha vida é o meu processo de criação. A vida dos outros deixa marcas em minha criação. Estou em constante processo. Os rascunhos perdem-se. Mas o sentimento daquilo que escrevo permanece. Minha escrita alimenta-se de mim para preencher as lacunas do texto... Enquanto, alimento-me da minha raiz

4 comentários:

Empoemamento disse...

Somos viciados de teus textos, pronto é isso!


Beijos vermelhos por tudo o que dizes!

Maria disse...

"A verdade que escrevo é floreada". Lindo isso, poetinha.

E eu sei essa angústia de escrever o indizível. Por não saber/poder dizer é que tudo fica assim tão instigaste em suas palavras.

beijos doces

Amanda Julieta disse...

O que nos escreve é sempre um rastro perfumado e inaudito.
Bonito isso de escrever sua emoção atravessada pela do outro.

Muito bonita, você.

Nilson Vellazquez disse...

"E é por essa ausência que continuo a escrever. Escrevo pela lacuna que o texto deixa."

E isso é maravilhoso!

Parabéns!