quarta-feira, 15 de julho de 2009

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A impotência em não consegui escrever deixa-me angustiada. Devastada. Quero escrever. Preciso escrever. Tenho que escrever por mim e por você. Para mim e para você. Queria muito falar do seu olhar castanho que ilumina o meu. O seu abraço que conforta o meu corpo. Será que se eu soubesse escrever outra língua conseguiria aliviar essa tensão? Gostaria de escrever para você em francês. Porque tudo em francês é bonito e parece sincero. Em inglês você entenderia e eu não quero ser entendida, eu preciso ser sentida. O inglês limita o que sinto com apenas uma palavra. O que queria mesmo era escrever em minha língua, mas não consigo. Se você pudesse entrar pelos meus olhos e chegar ao meu coração. Você sentiria o que sinto. E aí não precisaríamos mais de muitas palavras. Mas continuo procurar palavras para expressar o que sinto quando não escrevo. Um vulto de palavras passa por mim, mas não consigo identificá-las. Não consigo tocá-las. Elas são intocáveis. Eu sou apenas uma sombra quando não escrevo. Há algo que sufoca-me e eu não consigo, simplesmente, não consigo. Eu queria ter uma inspiração divina. Um feixe de luz sobre minha cabeça para que assim, eu pudesse escrever coisas bonitas para mim e para você. Antes de escrever para você, eu escrevo para mim. Meu eu não cabe em mim. E por isso escrevo também para ti. Mas uma lágrima que insiste em sair dos meus olhos desde ontem à noite. Elas não saem e isso angustia ainda mais o meu ser. Não falo. Não bebo. Não escrevo. Eu sou uma alma negativa e melancólica em busca de um sorriso ameno. Mas hoje é um dia não. Especialmente não. O dia em que não te vejo. O dia em que seu sorriso não enlouquece-me de satisfação, de contentamento. Só por hoje eu queria ser boba e assistir uma comédia romântica daquelas que nos faz acreditar que o amor é eterno e verdadeiro. Só por hoje eu queria esquecer quem sou e o que carrego. Só por hoje queria ser leve. E ter você ao lado. Mas minha angústia não permite. E isso porque minha escrita não vem. Eu não queria escrever sobre nada disso. Eu só queria falar sobre a angústia dos meus dias de escrita ausente. Todas as angústias já foram escritas e descritas. Todos os sentimentos também. Os amores já foram sentidos. O medo já foi sentido, porém a cada dia é renovado. O medo é recorrente. Hoje, só por hoje eu gostaria que o tempo parasse por dois segundos apenas. Só por um piscar de olhos. Só enquanto você pronuncia meu nome. Eu vejo algumas rugas em meu jovem rosto. E meu corpo já traz a flacidez do tempo que passou. Invejo almas jovens e felizes. Eles são inocentes. Eu fui contaminada. Já não posso acreditar no amor. O amor para mim é apenas medo da solidão. E eu... Eu ando tão só...

7 comentários:

Empoemamento disse...

Eita Poeta, o fato é que nós também nos conteraríamos com uma respota positiva para um dia tão "não". Alíás, ultimamante os dias andam muito "não", cheios de "nãos". Se soubessemos que um filminho de comedia romântica nos tiraria dessa depressãozinha amorasa de dias de "não", assistiriamos para nossa cura! Para ver se cada personagem entraria por nossos olhos direto ao coração para ver o ue estamos sentindo e se compadecer. E nós nem precisariamos de olhos castanhos, bastariam aqueles pretos mesmo!

Mas se bem que contraditória e loucamente, adoramos essa depressão e sofrer de amor tem lá sua dignidade delícia e sua cura em si!


Beijos vermelhos, ChuchU,

Te amamos!

Nós dois!

# Poetíssima Prida disse...

Estou aqui, calma, já passou..
às vezes dá um vazio mesmo, mas como tu não é desta terra, como tu é incrível, até no vazio tem poesia!

Te gosto, de graça!

Abraços!
Poetíssima

www.soirild.blogspot.com

A Magia da Noite disse...

Nem sempre as palavras nascem da ponta dos dedos, é preciso ter tempo para sentir, descobrir vontades e saber fluir.

Fernando Rocha disse...

A principio a urgência de escrever, me lembrou de uma declaração da Clarice Lispector, que disse que escrevia para continuar viva.
O bordão dos alcóolicoa anônimos: "Só por hoje", me fez peceber que a escrita para ti é um vício necessário.
EScrevi um texto sobre poesia no meu blog, cso lhe interesse o endereço é www.neuroticoautonomo.zip.net

Elque Santos disse...

Tá HC mesmo sendo ou se achando poeta (meu caso) eitha vazio repleto de coisinhas miúdassssss
Sordade!!!!

Maria disse...

Ow Poetinha, que coisa linda. Fiquei cheia de emoção do começo ao fim. E preciso te revelar um segredo: enquanto não sabias como escrever, escreveste a coisa mais linda e sincera que podia, mais até que em francês. Almas jovens e felizes já ouviram falar, mas se recusam a acreditar que o amor vai dar errado. Elas sabem que pode dar, mas preferem deter-se no fato de que também pode dar certo. ^^

Liza disse...

essa busca pelas palavras que substituam a coisa coisa, ou o amor, me fez lembrar, nem sei exatamente por que, de um trecho do filme "closer".

"cadê esse amor?
eu não consigo vê-lo, tocá-lo, sentí-lo. eu consigo escuta-lo. eu escuto algumas palavras, mas eu não posso fazer nada com as suas palavras fáceis."