domingo, 4 de janeiro de 2009

Fragmentos...


Eu deixei escapar. Foi sem querer. Confesso. Estava segurando bem forte, mas não tenho muita firmeza em uma das mãos. E você sabia disso. Você sempre soube e por isso jogou tudo em cima de mim e me pediu para segurar. Caiu, foi sem querer. Eu não desejei que caísse. Estava segurando firme, mas escapuliu. E já era, caiu mesmo. Espatifou-se. Eu tentei recuperar os pedaços e juntá-los, mas eram pedaços muito pequenos. E você preferiu ir embora e não quis me ajudar. Até tentei sem você, mas os pedacinhos foram se perdendo. A sua ausência crescendo, doendo e multiplicando. Aí ouvi muitos burburinhos. Algumas pessoas falaram para eu largar todas aquelas coisas ali mesmo e que não valia mais tentar juntar o quebra-cabeça, porque o maior pedaço estava muito quebrado. E mesmo se eu o colasse não daria certo, porque não dá para viver numa colcha de retalhos. E eu sou feliz, porque sou inteira. Não me divido. Então eu levantei e deixei aquelas coisas pequeninas lá no chão. Outras pessoas chegaram, pisaram e aquelas coisas ficaram ainda menores. Viraram partículas. Quando essas pessoas foram embora eu peguei a vassoura e varri aquilo que restou, depois joguei no lixo. Um lixo não reciclável. Muitas pessoas que foram lá para observar e sem nada para acrescentar levaram uns pedacinhos grudados em seus solados. Logo depois as coisas foram seguindo seu verdadeiro caminho. Eu não poderia impedi-las. Eu não sou She-Ha! Eu não tenho a força. Cada um sabe de si. Ou acha que sabe. Eu não sei sobre mim. Certeza. PARÊNTESES. (Na hora que estava juntando os caquinhos percebi que aquilo tudo já não me pertencia mais. Nem pertencia a você. Não era mais nosso). E essa coisa de si em mim não dá. Não flui. Isso pesa, percebe? Não posso me responsabilizar por tudo. Eu não estava sozinha, apesar de sempre ser só. A realidade é essa aí e é uma só. A realidade é essa que se vive. Não adianta se esconder. A vida te encontra e escancara a realidade bem diante de sua cara pálida. E você fica perplexo olhando a vida passar diante de seus olhos marejados. Ninguém perguntará a você o que você quer da vida. É tudo imposto. Sua opinião e você nada valem. Não é você que faz as escolhas. A vida te escolhe e te impõe. E você tem que aceitar tudo aquilo calado. Tentando digerir devagar, porque se se engasgar já era. A vida não pára por causa de você, a vida segue até o dia que ela quiser. E quando ela não quiser mais, ela vai embora. E nem te pergunta se você quer partir. E eu que ficasse lá juntando os caquinhos!

9 comentários:

Anônimo disse...

Meu coração vagabundo,rsrs....já andou assim em pedaços...mais troquei por um novo, tinindo!!!!!É sempre muito bom vir aqui!!!!...Bjs G...!!!!!!!

Anônimo disse...

olá ,
eu adorei como sempre coloquei lá no meu orkut q ousadia a minha né?
bjus !!!!!

Rosinha disse...

Migaaaaaaaaaaaaaaaaa
Tá lindooooooo!
Me vejo em muitos dos seus textos... eles me fazem filosofar....
Lindo texto, profundo e a sua metáfora é perfeita! (Metáfora? Não lembro mas acho q é isso!)
Amo vc miga e saiba q qd precisar varrer mais caquinhos, eu psso te ajudar viu?
Bjão!

Empoemamento disse...

Sabe, fiquei pensando...


"E eu que ficasse lá juntando os caquinhos!"

Eles são tantos, tão inumeráveis, tão pequeninos, invisíveis... e em tantas fases de nossas vidas temos cacos, que se pararmos... perdemos tempo e...

"O TEMPO? O TEMPO NÃO PÁRA! NÃO PÁRA NÃO, NÃO PÁRA!"

Ai de nós!


Beijos Vermelhos,

Nós dois!

Ana Fátima dos Santos disse...

kkkkkkkkkkkkkkkk....concordo com Mileide no olhar os caquinhos!
Adorei seu diário!!!!!!!!!Sempre...obrigada pela visita do meu mini blog! rsrsrs..Volte sempre!

Fê Colcerniani disse...

É... catas os cacos, os pedaços que alguém deixou... Fez bem em ir... rs
Feliz 2009!

Poetinha Feia disse...

Eu nem gosto muito de esclarecer as coisas. É verdade o que escrevo está escrito e ponto. Mas às vezes um pequeno texto toma maiores proporções e aí já viu tudo. O que eu quero falar é que o que escrevo raramente revela meus verdadeiros sentimentos. O que sinto é muito mais profundo, intenso e secreto do que os textos que escrevo. Então o post anterior gerou alguns questionamentos. Me perguntaram se eu estava deprimida, quem foi que me partiu, o que estava acontecendo e muitas outras questões que eu nem lembro mais. Então vamos lá aos fatos ou aos não fatos. Eu não estou deprimida. Ninguém me partiu. E não aconteceu nada em minha vida. Eu não estou catando os cacos que alguém deixou, porque simplesmente não existe alguém, ou melhor, cada um cata seus cacos e segue. Meu coração não está aos pedaços. Simples isso. Quando escrevi: “Eu tentei recuperar os pedaços e juntá-los, mas eram pedaços muito pequenos.” Eu não estava falando de um relacionamento específico nem de crise amorosa, não estava mesmo. Os caquinhos podem ser quaisquer coisas. Pode ser aquela noite em que você se organiza para ir à praia e quando amanhece está caindo àquela chuva. Pode ser as rasteiras que levamos no dia-a-dia como, por exemplo, alguém furar a fila de banco na maior cara de pau, você perceber que sua melhor amiga compete diretamente com você. Esses detalhes que quando acordamos para ver nos deixam aos pedaços. Ou pode ser nada disso, entende? De repente você se dá conta que nem de longe você é aquela pessoa que queria ser. E isso te deixa aos pedaços. Na verdade esse texto surgiu a partir de uma frase que ouvi de uma estranha. Fui correndo anotei e depois saiu esse texto. E olha que esse texto está escrito há alguns meses. Outra coisa eu escrevo em primeira pessoa porque é mais fácil para mim. Só para reforçar eu estou bem, não estou deprimida, não estou catando os caquinhos de ninguém, meu coração não está aos pedaços... o que escrevo é só o que escrevo e quando escrevo é porque eu estou feliz, pois quando estou triste não consigo escrever uma frase. Tudo bem?

Empoemamento disse...

Esclarecimentos!

rsrs...


Foi ótimo, legal, "engraçado" e...

Poetas são sempre Poetas, Foi Poético!

É, nós sabiamos, desde o pricípio, cada caco pode ser quelquer caco. MESMO! Absolutamente, Qualquer!

Mais beijos vermelhos...

N_O_T disse...

"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem.
Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis"
(Fernando Pessoa)

Assim deixo um gesto a ti dedicado minha incomparável mulher... Quem dera que teu verbo fosse clamação e que a muitos contagiasse... quem dera que a tua beleza não fosse raridade, somente apanágio de poetas, mas fosse verdade taxativa e unissona... quem dera que o mundo se povoasse de mulheres audazes e lucidas como tu... quem dera que o mundo fosse mais perfeito... quem dera... obrigado pela magia de existires... Luís.