domingo, 23 de outubro de 2016

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Como fechar os olhos diante à brevidade da vida? Vivo e é urgente. Luto para me manter acordada e lúcida. Não desfocar. Não perder os sentidos. E nem enlouquecer dentro da minha lucidez. Quero viver plenamente cada segundo. Piscar os olhos rapidamente. Ligeiro. Não perder tempo. Mas, não deixar escapulir nada. Ter olhos atentos. Mirar no zumbido da mosca. Não perdê-la de vista e reparar tudo a sua volta. Durmo pouco. E acredito que posso dormir menos. Principalmente, quando não sonho com o que desejei. E o pior quando não lembro do sonho. Preciso fazer um pedido, mas ainda falta tanto. Talvez não falte... a vida escapa diante dos olhos. Às vezes, quando viramos à esquina. Quero entender o que há entre a respiração e expiração. E o que há a direita, quando olho à esquerda. O que acontece atrás de mim, quando caminho à frente? Mas, como é mesmo que termina aquela história que ouvi no ônibus? Como não ficar ansiosa diante à velocidade da vida? Gostaria de zelar por todos aqueles a que tenho apreço... oh, como vocês se espalharam tanto por aí? Nem percebi que pegamos caminhos diferentes para seguir à estrada da vida. Por isso, não posso mais esperar e tenho de fazer um pedido. Mais que isso preciso ordenar: se cuidem! Mantenham-se atentos e cuidado, muito cuidado. Não se distraiam, não se inebriem demais com a felicidade. Mantenham-se lúcidos! Mantenham-se vivos. Dito isso posso continuar. Quando tomo um sorvete me entrego totalmente a ele. Mas, não deixo que a felicidade me tome inteira. É preciso vigiar a felicidade. Muitas vezes, a felicidade é traiçoeira. Deixar a vida quando se está feliz é cruel com quem fica. A orfandade de quem fica dói, dilacera. Por isso, se cuidem. Me cuido. Tenho o caminhar apurado. E o olhar ligeiro. Não quero perder o vigor da vida num átimo de felicidade irresponsável. Deixar a vida com vigor de vivê-la por um século é tão brutal. Preciso não perder a lucidez... como não perder os sentidos quando se está à beira da vida?



2 comentários:

Anna Kallyne disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jaya Magalhães disse...

Você não tem noção do quanto esse texto me representa. A minha ansiedade. A minha urgência. O meu querer tanto coisa e ter medo de não dar tempo de nada, sabe? Eu li tuas palavras num fôlego só. Porque uma das minhas maiores ansiedades é essa: o tanto que tenho pra ler e o tempo curto para isso.

O final é fantástico!

Beijo meu.