terça-feira, 26 de janeiro de 2010

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Sim, é verdade suas palavras me enlouquecem e tocam tão fundo. Tão fundo como uma facada de faca dada sem dó. Mas, não posso me render, porque já sou refém. E isso aconteceu há tantos anos que nem lembro como foi e quando foi. Quando percebi estava tão presa como inseto em teia de aranha e logo após fui devorada. Eu já não me pertenço. Já não tenho controle...

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

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A palavra madura em minha boca pesa e pede para sair. Pede para sair com a urgência de quem nasce pré-maturo. Ela quer sair para ganhar o mundo. Quer sair para não ser devorada por mim. Se devorar essa palavra que pesa em minha boca. Somente eu sentirei a sua plenitude. Mas, se colocá-la para fora ela ganhará amplidão. A palavra madura pesa em minha boca e faz engasgar. Falta o ar. Não sei como dizê-la. Se é que posso. A palavra é demais para mim. Seria egoísmo possuí-la tão somente só. Reparto em infinitas sílabas para alimentar aqueles que têm fome dela. É preciso sentir a palavra, degustá-la letra por letra e quando sentir o peso repartir com outra pessoa. Outra pessoa que necessite dela tão quanto você. No fundo sou mesmo egoísta. Porque divido a palavra para que você possa sentir o que sinto. E ter sentimentos comuns a mim. O meu ego continua inflado e intocável, porque pinto de azul a sua madrugada. Em suas noites insones você devora as minhas palavras como quem me devora. Durmo um sono intranqüilo. Você consome a mim. Devora-me lentamente. Sinta cada palavra como um sussurro em seu ouvido. E quando elas te acolherem estarei te abarcando no frio azul da madrugada. Sou sua companheira a esperar um novo dia. Insones eu, você, a madrugada, São Jorge, a lua e as nossas palavras. E quando o astro rei nasce revelando as cores da vida. Nós nos esconderemos. Porque temos uma vida secreta na madrugada. Despeço-me de você com um beijo pesando na boca que precisa ser beijado.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

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Hoje acordei e pedi inspiração. Exigi iluminação. Convoquei a palavra certa. Aquela que lave. Que limpe e ilumine tudo que virá. Aquela transformadora. Que cause alvoroço. Reboliço. Que me vire do avesso. Aquela que desvele. Que tire o véu que cobre. Ou que uso para camuflar. Fingir aquilo que não sou. Eu quero escrever, escrever sem parar. Até o lápis acabar. Até os dedos sangrarem. Até a cabeça pifar. Meu pensamento neste momento está em ebulição. É um pensamento inquietante. Não quero aquilo que já tenho. Desejo sair disso tudo. Largar as coisas como estão. Quero deixá-las inacabadas. Quero despir o meu egoísmo. A minha mesquinhez (que tanto me faz mal!). Os meus conceitos e preconceitos. Quero romper com tudo isso. Virar a página sem olhar para trás. Deixar os problemas, meus pequenos problemas que causam grandes transtornos. O que são esses problemas diante da grandeza do universo? O que sou diante do macrocosmo? Um ínfimo grão de areia. A partir de hoje não terei mais problemas a resolver. Terei dificuldades transponíveis. Quero falar, falar, falar como se tivesse aprendido agora. E se a escrita for a forma como encontrei para gritar essa voz. Vou escrever. Só quero o que é meu. Apenas quero a fatia que me cabe. Quero fazer minhas escolhas sem medo. Quando faço o que quero sempre acerto. Mesmo quando as coisas não acontecem como o planejado. Mas a escolha foi minha. E se eu cair e quebrar a cara. Levanto, porque a escolha foi minha. Minhas escolhas sempre serão certas, porque são minhas. Não posso permitir que outra pessoa viva a minha vida. Aquilo que decidir será tranqüilo, sem angustias. Não quero escolhas angustiadas. Não quero escolher entre isso e aquilo. Eu quero os dois. Almejo escolhas conscientes. O grande delírio é ter consciência daquilo que você quer. É ter consciência daquilo que você é. A pior piração que pode se ter é ser consciente. E eu quero ter plena e total consciência daquilo que quero. Daquilo que sou. Das minhas buscas. Das minhas escolhas. Ah, é muita loucura! Sei que não posso calar. Não posso fazer morrer dentro de mim essa vontade de gritar, de viver, de celebrar a vida, o mundo. Não posso calar. Não quero! Quero ir além. Quero o novo. O desconhecido. Quero transcender. Quero saber o que há entre dois grãos de poeira que estão aqui em meu pé. Quero ir. Transgredir. Quero saber o que há entre o sonho e sua realização. Preciso da lucidez necessária para reconhecer o momento do conhecimento quando ele chegar. Quero a sabedoria para sentir a revelação. Eu quero viver plenamente comigo. Me conhecer. Buscar todas as respostas dentro de mim. Sentir minhas sensações. Minhas emoções. Saber o que ocorre dentro de mim. Onde está o ponto de equilíbrio. E se há algum equilíbrio. Quero me fazer bem. Para que possa fazer o bem a você. Não posso dar aquilo que não conheço. Tenho que permitir o autoconhecimento. Eu quero o verbo to be. Quero ser e estar. E se você é... Me deixa ser!