quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Um verso, duas linhas


Apenas acompanho o percurso da escrita. O ritmo das palavras e o arrastar das rimas. Algumas palavras exigem escritura imediata. Me tiram da cama. Interrompem almoço. E assim sigo. Hoje, procuro palavras que possam traduzir o que sinto. Gostaria de falar muitas coisas. Palavras bonitas para você sorrir e emocionar-se. É uma busca difícil. Expressar sentimentos em palavras é o desafio de todos os poetas. Mas, que palavras utilizar para falar sobre uma pessoa que nos encanta? Falar sobre alguém que não gostamos é uma tarefa fácil. Agora como falar de uma pessoa que num primeiro momento nos deixa caladas, observando cada movimento, cada palavra falada? Como alguém consegue manter a candura nesta vida de maldades veladas com tanto bel prazer? Como preservar o ar puro e casto no sorriso? De onde veio essa pessoa de fala apressada e voz suave? São tantas perguntas. Tantas dúvidas. Nesta busca que sigo nada escrevo. As palavras escrevem por mim. Mas, tenho tantas dúvidas empilhadas. A dúvida causa um nó na garganta. Que não desce. Fica parada. É o que sinto também quando sento a escrever. É o que me aflige ao escolher palavras para você. Sinto bastante emoção ao repensar minha vida neste último ano. Um ano. E naquele momento (lembro como o último verso que acabei de escrever) não tive dúvida. Costumo falar que salvei você, mas sei que foi o inverso. Fui resgatada por você. E tenho que agradecê-la por isso e tantas outras coisas. As palavras são escritas com a sua pressa. Não consigo controlar o meu processo. Sua pressa, sua urgência atropelam os dias e as noites insones. Nem o chiado do grilo, nem São Jorge a fazem parar de trabalhar. A urgência se revela em sua fala doce, leve e apressada. Sinto a impressão que você vai ultrapassar o tempo. Seus olhos atentos são como vagalumes que clareiam e orientam caminhos. Seus olhos atentos e inquietos parecem até que desnudam aquilo que temos de fundo. Parecem que nos vira pelo avesso. Mas, ainda quero falar sobre a dúvida. A dúvida é um mérito do ser humano. Porque só através dela é que conhecemos a verdade. A liberdade é angustiante, porque escolher é aterrorizante. Mas, minha dúvida é infundada. É pequena e mesquinha. É apenas o medo de crescer. De dar mais um passo. Se tudo em nossa vida foi, previamente, planejado, com certeza, nos planejamos. E se toda afinidade é eletiva, nos elegemos. Caminhar ao seu lado foi um dos planejamentos mais acertados que fiz. Minha escolha foi feita há um ano. Ou naquela manhã sonolenta de março. Ou mesmo antes de conhecê-la. Mas, meu trabalho de detetive continua a procurar pela palavra exata. E por isso você é o meu Xuxu, porque você conduz com maestria a verdadeira beleza. Você é o meu Xuxu, porque para o poeta o nome não é irrelevante. O trabalho do poeta está em (re)nomear aquilo que já tem nome. Apenas segui o percurso da escrita e o ritmo das palavras que exigiam serem escritas para você. Espero ter conseguido...

2 comentários:

Empoemamento disse...

A sinceridade é fundamental.

Achamos que vc conseguiu escrever pra "Ela". A beleza está na leveza de escrever no rompante e, de cuidadosamente, renomear as coisas com essa generosidade com esta delicadeza...


Estamos com a palavra "doce" na boca, então, estamos te achando Doce demais.

"Que seja sempre doce!"


Beijos Vermelhos,

Mi e ChicO!

Nilson Vellazquez disse...

Como falar alguma coisa, quando nossa primeira reação é calar? Excelente!