domingo, 23 de agosto de 2009

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Eu sou, angustiadamente, feliz, porque vivo numa eterna infelicidade. Não sinta piedade de mim, não sinta. Eu sinto piedade da sua ilusão sobre felicidade. Porque, meu bem, só as almas infelizes podem gozar plenamente da felicidade. E eu sou, excessivamente, infeliz. Sinto a infelicidade amolecer minha alma e adoecer meu corpo. Mas o que é um corpo, meu bem? Meu corpo nada mais é que uma casa temporária para a tristeza apresentar-se. E a tristeza apresenta-se em sorriso que não distribuo. Em abraço que não abraço. Em olhar melancólico que lanço sobre todos. Pelas minhas mãos trêmulas. E pelas minhas palavras amargas que dissecam tristeza. Eu sou feliz, acredite! Eu acredito, porque não posso viver em dúvida. Minha alma já possui o desespero necessário. Viver em dúvida, viver na incerteza é demais para uma alma angustiada. Meu coração possui dois pólos. Um feliz. Um infeliz. E ao meio. Ali bem no centro do peito essas emoções encontram-se. Bipolar que sou, vivo numa felicidade angustiada. Todo sorriso culmina em lágrima. E toda lágrima culmina em sorriso. E assim vivo. No fundo da tristeza tiro um sorriso. E em cada gargalhada vou às lágrimas. E assim sou. Feliz e infeliz. Sou um ser tragicômico a procura do drama perfeito para desesperar meu peito.


9 comentários:

Empoemamento disse...

Bravos! Bravos, bravos...


Nós também!

É incrível como vc consegue deslindar-nos com tanta proeza que nem nós sabemos dizer!

A poesia tem dessas coisas, algumas em especial...

Em especial a tua!

Beijos vermelhos,


nós.

Carla Ceci. disse...

A-R-R-A-S-O-U!!!
simples assim.
superadoro

Maria disse...

Aplausos à teu espetáculo de vida, que traz versos doces, molhados de risos ou lágrimas, não importa.

=*

Nilson Vellazquez disse...

tá me lembrando Clarice!

Muito bom!

# Poetíssima Prida disse...

Minha nossa...

eu fiz algo assim uma vez no ensino médio em forma de poesia..

claro, que nem chega aos pés disso..

Lindo!

Abraços!

Anônimo disse...

Chaaata você Líliam!
Arrasou!

Lembra Clarice, mas é simplesmente você!

Adorei!

O Profeta disse...

Uma jura de amor nasce do peito
O querer vestiu-de de exaltação
Um olhar prende um sorriso sincero
Duas mão procuram a união

Seguem juntos rumo ao infinito
Habitam o Templo da imaculada ternura
Nesta peça ninguém morre, acaba bem
As deixas são engalanadas pela formosura


Queres viajar no para sempre...?

Doce beijo

Ellen Joyce disse...

Lindo!
Intenso!
Coisa linda msm!

Amanda Julieta disse...

Quando li seu blog, foi como se um sol se acendesse dentro de mim. Não escrevi aqui antes porque me faltaram as palavras. Acho até que me faltou o ar. Fiquei com essa sensação bonita que jamais saberia descrever.
Esse texto-poema, em especial, me deixou fascinada. É de uma força e de uma beleza... Tem alma.
Lembrou um poema de Quintana:

"Eu amo o mundo, eu detesto o mundo
Eu creio em Deus, Deus é um absurdo
Vou me matar, quero viver
- Você é louco?
- Não, sou poeta."

Cheiro nessa alma,
Amandita.