Aqui estou! Final de férias e um desejo louco de ir, mas querendo que dure mais um pouco. Nunca descansamos o suficiente. Incrível. Nessas férias foram tantas emoções sentidas. Tantos desejos ocultos. Alguns se revelando. Um pouquinho de chateações. Muitas alegrias. Muitas palavras. Quantas saudades de outras épocas e outros sonhos. E lembranças de outras férias surgindo em minha mente o tempo todo.
Lembro-me de quando era apenas uma garota preocupada se a brincadeira seguinte seria tão divertida quanto a anterior. As férias duravam uma eternidade. Não tinha a menor noção de um mês, dois meses. O que importava mesmo era que fiquei de férias em um ano e só voltaria a estudar no outro ano. E às vezes eu perguntava que dia é hoje? E alguém respondia. Nem eu sabia o motivo da pergunta. Um dia não tinha apenas 24h era muito mais que isso. Minhas férias eram eternas. Durante essas férias eternas passava alguns dias ternos na casa da Vovó que também era a casa do Vovô, da Dinda e do Tio. Vovó sempre muito atenciosa e cuidadosa. Tranqüila até demais. Eu passava horas penteando seu cabelo. Ela tão paciente deixava. E eu esticava para lá... Puxava para cá. Ela apenas falava: ‘_ Não acabe com o resto do meu cabelo!’ Eu continuava penteando e imaginando todos elogiando aquele cabelo lindo. Fazia tranças... Desfazia. Fazia cachos... Desfazia. Agora penteava para o lado. Para o outro lado. Não, ao meio fica mais bonito! Hum, todo para trás. E quaisquer que fossem os penteados que fizesse o cabelo sempre terminava do mesmo jeito que a Vovó penteava. Todo para trás com alguns grampos prendendo-os. O Vovô era muito calado. Ele era um sábio. Eu tinha tanto medo dele. Ele lia muito. Tinha uma estante recheada de livros que eu achava chato e na mesma proporção sentia medo. Após alguns anos eu comecei a lê-los. Alguns estão comigo até hoje. O Vovô fazia uma coisa que me deixava enfurecida. Ele simplesmente desligava a TV. Isso mesmo ele desligava a TV e pronto. Nem adiantava a Vovó gritar lá da cozinha que a menina (Eu) estava assistindo que ele não ligava. Eu lá sentada, assistindo completamente envolvida com/pela história. Já era um personagem. Nem o via. Ou fingia não vê-lo. Mas o Vovô caminhava, lentamente, passava a mão sobre a TV e dizia que ela estava muito quente e que se continuasse esquentando iria pifar. Pronto. Ele desligava a TV. Eu permanecia no sofá furiosa e geniosa. Continuava aquela aventura dentro de mim e imaginava mil finais para ela. Minha diversão era sempre garantida. Vovô tinha muitas histórias. Ele gostava muito de contá-las. A casa cheia. Filhos. Noras. Netos. Bisnetos. Amigos. E ele lá contando seus aprontes... um homem muito forte e de muita garra. Se não falha a minha memória foi o terceiro derrame que o derrubou. Vovó sempre ali ao seu lado. Eles fizeram bodas de ouro. Eu vi. Hoje a Vovó usa duas alianças na mão esquerda. E a minha Dinda. Lembro-me dela sempre lendo. Era livro, revista, texto, jornal. Eu passava por ela despercebida e tudo que eu pensava naquele momento invisível era ser como ela quando crescesse. Inteligente e bem humorada. Será que um dia conseguirei? O quarto da Dinda era o meu sonho... As roupas mais bonitas, vários batons, um espelho grande, TV, radiola. Radiola mesmo e a TV era preta e branca. Minha Dinda ouvia umas músicas que eu não entendia, mas que me influenciaram muito. Aretha Franklin. Nat King Cole. E tantos outros que já nem lembro o nome. Eu já era uma mocinha quando a Dinda deixou a casa da Vovó e foi morar em seu apartamento. E com ela aprendi tantas coisas. A leveza da vida. A acreditar nas pessoas. A ser amiga. A aproveitar a vida.
Quantas lembranças! Eu daria um mês das minhas férias hoje para ter um dia desses novamente.
Lembro-me de quando era apenas uma garota preocupada se a brincadeira seguinte seria tão divertida quanto a anterior. As férias duravam uma eternidade. Não tinha a menor noção de um mês, dois meses. O que importava mesmo era que fiquei de férias em um ano e só voltaria a estudar no outro ano. E às vezes eu perguntava que dia é hoje? E alguém respondia. Nem eu sabia o motivo da pergunta. Um dia não tinha apenas 24h era muito mais que isso. Minhas férias eram eternas. Durante essas férias eternas passava alguns dias ternos na casa da Vovó que também era a casa do Vovô, da Dinda e do Tio. Vovó sempre muito atenciosa e cuidadosa. Tranqüila até demais. Eu passava horas penteando seu cabelo. Ela tão paciente deixava. E eu esticava para lá... Puxava para cá. Ela apenas falava: ‘_ Não acabe com o resto do meu cabelo!’ Eu continuava penteando e imaginando todos elogiando aquele cabelo lindo. Fazia tranças... Desfazia. Fazia cachos... Desfazia. Agora penteava para o lado. Para o outro lado. Não, ao meio fica mais bonito! Hum, todo para trás. E quaisquer que fossem os penteados que fizesse o cabelo sempre terminava do mesmo jeito que a Vovó penteava. Todo para trás com alguns grampos prendendo-os. O Vovô era muito calado. Ele era um sábio. Eu tinha tanto medo dele. Ele lia muito. Tinha uma estante recheada de livros que eu achava chato e na mesma proporção sentia medo. Após alguns anos eu comecei a lê-los. Alguns estão comigo até hoje. O Vovô fazia uma coisa que me deixava enfurecida. Ele simplesmente desligava a TV. Isso mesmo ele desligava a TV e pronto. Nem adiantava a Vovó gritar lá da cozinha que a menina (Eu) estava assistindo que ele não ligava. Eu lá sentada, assistindo completamente envolvida com/pela história. Já era um personagem. Nem o via. Ou fingia não vê-lo. Mas o Vovô caminhava, lentamente, passava a mão sobre a TV e dizia que ela estava muito quente e que se continuasse esquentando iria pifar. Pronto. Ele desligava a TV. Eu permanecia no sofá furiosa e geniosa. Continuava aquela aventura dentro de mim e imaginava mil finais para ela. Minha diversão era sempre garantida. Vovô tinha muitas histórias. Ele gostava muito de contá-las. A casa cheia. Filhos. Noras. Netos. Bisnetos. Amigos. E ele lá contando seus aprontes... um homem muito forte e de muita garra. Se não falha a minha memória foi o terceiro derrame que o derrubou. Vovó sempre ali ao seu lado. Eles fizeram bodas de ouro. Eu vi. Hoje a Vovó usa duas alianças na mão esquerda. E a minha Dinda. Lembro-me dela sempre lendo. Era livro, revista, texto, jornal. Eu passava por ela despercebida e tudo que eu pensava naquele momento invisível era ser como ela quando crescesse. Inteligente e bem humorada. Será que um dia conseguirei? O quarto da Dinda era o meu sonho... As roupas mais bonitas, vários batons, um espelho grande, TV, radiola. Radiola mesmo e a TV era preta e branca. Minha Dinda ouvia umas músicas que eu não entendia, mas que me influenciaram muito. Aretha Franklin. Nat King Cole. E tantos outros que já nem lembro o nome. Eu já era uma mocinha quando a Dinda deixou a casa da Vovó e foi morar em seu apartamento. E com ela aprendi tantas coisas. A leveza da vida. A acreditar nas pessoas. A ser amiga. A aproveitar a vida.
Quantas lembranças! Eu daria um mês das minhas férias hoje para ter um dia desses novamente.