Como fechar os olhos diante à brevidade da vida? Vivo e é
urgente. Luto para me manter acordada e lúcida. Não desfocar. Não perder os
sentidos. E nem enlouquecer dentro da minha lucidez. Quero viver plenamente
cada segundo. Piscar os olhos rapidamente. Ligeiro. Não perder tempo. Mas, não
deixar escapulir nada. Ter olhos atentos. Mirar no zumbido da mosca. Não perdê-la
de vista e reparar tudo a sua volta. Durmo pouco. E acredito que posso dormir
menos. Principalmente, quando não sonho com o que desejei. E o pior quando não
lembro do sonho. Preciso fazer um pedido, mas ainda falta tanto. Talvez não falte...
a vida escapa diante dos olhos. Às vezes, quando viramos à esquina. Quero entender
o que há entre a respiração e expiração. E o que há a direita, quando olho à
esquerda. O que acontece atrás de mim, quando caminho à frente? Mas, como é
mesmo que termina aquela história que ouvi no ônibus? Como não ficar ansiosa
diante à velocidade da vida? Gostaria de zelar por todos aqueles a que tenho
apreço... oh, como vocês se espalharam tanto por aí? Nem percebi que pegamos caminhos
diferentes para seguir à estrada da vida. Por isso, não posso mais esperar e
tenho de fazer um pedido. Mais que isso preciso ordenar: se cuidem! Mantenham-se
atentos e cuidado, muito cuidado. Não se distraiam, não se inebriem demais com
a felicidade. Mantenham-se lúcidos! Mantenham-se vivos. Dito isso posso
continuar. Quando tomo um sorvete me entrego totalmente a ele. Mas, não deixo
que a felicidade me tome inteira. É preciso vigiar a felicidade. Muitas vezes,
a felicidade é traiçoeira. Deixar a vida quando se está feliz é cruel com quem
fica. A orfandade de quem fica dói, dilacera. Por isso, se cuidem. Me cuido. Tenho
o caminhar apurado. E o olhar ligeiro. Não quero perder o vigor da vida num átimo
de felicidade irresponsável. Deixar a vida com vigor de vivê-la por um século é
tão brutal. Preciso não perder a lucidez... como não perder os sentidos quando
se está à beira da vida?
domingo, 23 de outubro de 2016
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