O despertador que não acorda. O telefone
que não toca. Os domingos são sempre doloridos. Tristes. Trazem más notícias. Realçam
a solidão. A tristeza que carrego em minhas costas largas. Céus cinzentos. Nuvens
carregadas de desejos de melhoras. Não há melhorias. É o dia da ausência. É a
quebra da rotina. Não falem mal da rotina. Os hábitos são importantes para aqueles
que nada possuem. Preciso me prender a algo. Criar uma rotina especial para os
domingos. Todos em sua própria casca. Não me deixam entrar. Não sei se quero
entrar. Ficar fora é bom. Mesmo que cause exclusão. Se você sempre foi
excluído, não sofrerá com as perdas. Já perdi. Hoje quero ter paz. E o que
interessa na vida? E o que interessa da vida? Quase não sei... Nem desconfio de
muita coisa. Para dizer que não parafraseei Rosa. Nem das flores. Não é simples
viver. É complexo. Ser responsabilizado por todas as escolhas. Realmente, Jean,
o homem está condenado à liberdade. E o que fazer quando se tem um dia de
domingo inteiro livre? Não podemos ser livres. Temos de ter amarras. Temos de
ser programados. São tantas opções. Por favor, não me mostre muitas. Quero sempre
duas, ao menos. Uma para ter certeza, e a outra para garantir. Ter que escolher
sem saber o que se quer, é fogo, e a vida nem dá uma dica. Talvez a busca se
resuma em um sim. Estamos sempre procurando garantias. Há garantias? Há merecimentos?
É acreditar! Mas, acreditar que? Quem? Verba volant. E o que fica? Experiência? Conhecimento?
E o amor? Talvez, a vida se resuma a isso, um sim, ou, a procura do sim. E o
que fazer com tantos nãos que recebemos? São tantos nãos que recebemos, que nem
sabemos dizer sim. Se pararmos para pensar também somos o sim de alguém, mas
estamos condicionados a falar não. Podemos tentar de outra forma. Mas, temos
antes de criar essa nova forma. A mudança parte sempre de dentro para fora. Não
adianta falar que houve mudanças. É preciso senti-la! Os domingos são sempre cruéis,
reflexivos e cinzas. Basta ficarmos sozinhos que começamos a propor mudanças. Novos
olhares. Nova forma de pensar, agir e se dar... Amanhã é segunda-feira e tudo
volta ao normal.
domingo, 28 de abril de 2013
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Um comentário:
Minha querida, Você me emocionou... obrigada pela lembrança, obrigada também pelo presente do texto. Sim, os domingos. Eles são tão grandes que não cabem em nossas almas infinitas. O que significa isso? Apenas a voz do poeta. Uma voz que deseja rasgar o (não)dito. Sim, os domingos. Eles são como limão se fundindo em água doce. Sim, doce na medida do azedo. Ah! As palavras. Os domingos... Um abraço bem de longe com sabor de suco de limão, de domingo que reflete as nossas inquestações poeticamente filosóficas. Jil
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