sábado, 19 de abril de 2014

Ao Meu Amor



Já não preciso escrever sobre a busca que tanto movia e motivava dias vazios. E sem razão. Dias de domingo. Dias cinza. Palavras soltas. Ecoavam na mente. Dilaceravam o peito. O que buscava. O que procurava. Entrou em mim como sol de verão pela fresta da cortina. Acordando minha latência. Despertando para a vida. Adoçou minha amargura! Calou incertezas. Estancou dúvidas. Sem dar chance de fazer perguntas. Entrou! Fez adormecer noites insones. Não procuro mais São Jorge, terno companheiro, no clarão. Contemplo apenas sua redoma. Cheia, transborda meu coração. E os pisca-piscas que deixam as noites num eterno Natal. Foi também madrugada de dia santo que você chegou. Adormeci ouvindo sua voz, falando em cada poro. No outro dia, saudade! De tudo que já não cabia em mim. E que só silenciara com você. Pensei em ligar. Pensei em ir. Pensei em você. Ouvia sua voz. Que calava a minha. Mas, não sufocava. Transbordávamos. Transbordamos! Acontece algo aqui que tento trancafiar em mim. Ou melhor, devo trancafiar. Mas, como? Se nosso olhar transbordar na sala. Acontece algo aqui, quando você segura minha mão. Quando fazemos planos. Lavamos os pratos. Arrumamos a cama. Almoçamos. Soninho da tarde. Ou apenas, quando sorrimos. Acontece algo aqui, mas não só acontece. Transforma! Mudança! Não apenas de cidade! Mas, de viver. E eu quero comemorar isso todos os dias, não apenas naquele dia... É preciso uma nova poesia para comemorarmos a potência da vida!