sábado, 22 de março de 2008

Para Meu Amor

Eu gosto quando escrevo e você me observa. Eu gosto de palavras bonitas. Eu gosto do seu sabor. Eu gosto de saber que você está ali. Eu gosto de tomar café com você, mesmo quando não tomo café. Gosto quando você termina e não me espera terminar. Gosto do seu sorriso. Gosto do seu cheiro. Gosto de melancia. Gosto de Clarice Lispector. Gosto de Florbela Espanca e você também. Gosto do frio e de sentir seu abraço bem apertado me aquecendo. Gosto daquela sua camisa velha que tem seu cheiro. Eu gosto de ficar sozinha com você por perto. Eu gosto de músicas que você não gosta. Eu gosto de músicas que você gosta. Eu gosto de olhar o horizonte. Eu gosto de olhar fixo para qualquer coisa. Gosto quando você tenta adivinhar meus pensamentos. Gosto quando você me surpreende. Eu gosto de surpreender você. Eu gosto quando você faz carinho em minha orelha. Eu gosto quando você cheira meu pescoço. Eu gosto dos seus cuidados comigo. Eu gosto de cuidar de você. Eu gosto de olhar as outras casas pela janela e pensar nas rotinas daquelas pessoas. Eu gosto de olhar as pessoas andando em todas as direções apressadas. Eu gosto quando você liga e diz que já vem. Eu gosto da cor rosa. Gosto por você gostar de caranguejo. Gosto de peixe. Gosto por você gostar de carne. Eu gosto de acordar ao seu lado. Eu gosto de dizer: Bom dia! Eu gosto quando você espirra várias vezes sem parar. Eu gosto de sentir o seu carinho quando estou dormindo. Eu gosto de dizer: Boa noite! Eu gosto das suas unhas. Gosto dos seus dentinhos. Gosto quando eles sorriem para mim. Gosto do seu olhar de carinho. Gosto dos seus olhos verdes, mas prefiro castanho. Gosto quando você pisca o olho para mim. Gosto, porque é inteligente. Gosto de admirar você. Gosto de ter orgulho de você. Gosto da sua determinação. Gosto quando você traz novidades fresquinhas para mim. Gosto da sua sinceridade, às vezes. Gosto do seu gosto. Gosto dos planos. Gosto da nossa casa. Gosto da nossa rotina. Gosto por você gostar de matemática. Gosto do seu pensamento rápido. Eu gosto de fazer cafuné em você. Eu gosto de molhar as plantinhas. Gosto de suas críticas. Gosto de sua perfeição. Eu gosto de sorrir com você. Eu gosto de nós. Eu gosto do nosso. Eu gosto de dormir abraçadinha com você. Gosto de assistir filmes com você. Eu gosto de beijar. Beijar na boca. A todo instante e como se fosse à primeira vez. Gosto de chamar para ter certeza que você está comigo. Eu gosto de você assim mesmo e mesmo assim. Eu gosto de amar você. Eu gosto de desejar você. Gosto porque você gosta de mim. Por quem eu sou. Eu gosto de você. Eu gosto, porque você me faz feliz. Eu gosto de estar com você e ser feliz.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Dia do Poeta

A inspiração tem tornado-se constante nesse momento. Se for de inspiração que o Poeta precisa para escrever, eu como aprendiz de Poeta que sou sinto-me totalmente inspirada. Inspirada e Fascinada. Inspiração e Fascinação são palavras lindas. Eu sou um ser que tenho paixão pelas coisas. Tenho não. Sinto. Eu sinto paixão. E sinto uma paixão incontrolável pelas palavras. O trabalho que o Poeta tem em colocar as palavras certas, precisas no verso é algo sublime. Um trabalho árduo. Um trabalho de experimentação. Combinação. Sentimentos. “Cada coisa é uma palavra. E quando não se tem, inventa-se-a.” CL. Quando eu sento para ler um poema é um momento sagrado. De devoção. Leio com o coração. Meu coração se abre. E sinto cada uma daquelas palavras lindas, lidas entrarem em meu coração. E aos poucos ele vai se enchendo de emoções. E sentimentos. Quando leio procuro sentir o que aquelas palavras têm a dizer. Não procuro entender. “Viver ultrapassa todo o entendimento.” CL. Nesse momento meu coração está transbordando de sentimentos e palavras. São tantas as palavras que quero escrever. E elas vão se atropelando em meu caótico pensamento. Quero dizer também que as coisas que escrevo são simplesmente para satisfazer a minha necessidade. Sinto e tenho necessidade de escrever como tenho vontade de respirar. São coisas sem as quais não posso viver. Palavras. Ar. Ah! E tem as músicas também. Ouvi uma música antiga e um refrão não sai da minha cabeça. Eu já conheço essa música há alguns anos, mas inexplicavelmente essa melodia me tocou nesse momento de uma forma singular. “A raça humana é uma semana do trabalho de Deus”. GG. Isso é tão lindo que me emociona mesmo. Meus olhos enchem d’água. São tantas as músicas lindas, ouvidas. Músicas empoemadas, como diria Chico. Que palavra linda! EMPOEMAR. Chico me disse que escrevo de um jeito menino. E eu acho que realmente escrevo desse jeito, porque escrever é simples. Tenho que ser entendida ou melhor sentida. Eu quando comecei a escrever, descobri que a escrita era simples e isso aconteceu quando eu entrei para o mundo encantado das Letras. Escrever é algo muito simples. "Eu não, sou um intelectual, escrevo com o corpo. E o que escrevo é uma névoa úmida." CL. Escrever é empoemar-se. Eu sou uma pessoa empoemada completamente. Transbordo-me de poemas e deixo-me empoemar. E vou empoemada.


PS.: Eu nem sabia que hoje era o dia do Poeta, aconteceu e foi mera coincidência. Parabéns Chico! Parabéns Predo! Parabéns a tantos outros.

terça-feira, 4 de março de 2008

Sem Título III

Afilhado querido:

Aqui estou numa missão quase impossível e muito especial, preciso relatar a você como foi a minha primeira vez naquela casa. Uma manhã de sol muito quente, muito quente mesmo. Trabalhava o dia todo, mas agora só trabalho à tarde. A marmita já estava me esperando no trabalho. Semana da Calourada de Letras 8.1, mas antes disso precisava saber meus horários e onde seriam as aulas. 401. Pronto. Sou 401. Alguma coisa eu já sei. Já não me sinto tão perdida. As aulas são em português. Lá estou eu. Em frente a um prédio novo. Novinho mesmo. Cheirando a tinta fresca. Prédio aqui é chamado de Pavilhão. Então tá bom, pavilhão. Pavilhão de Aulas da Federação 03. PAF 03. Só não consigo entender, porque é Federação se o Pavilhão fica em Ondina? Vários calouros disputavam à mesma coisa que eu. O horário. Alguém grita: Quem já achou LET A 09 com Luís Henrique? Estava mais perdida ainda. Procurei por Evelina de Sá Hoisel, mas só achei um tal de Thiago Martins. Completaram minha grade por mim. Algum calouro, como eu, mas experiente (eu acho) fechou meu horário todo. Eu queria ficar quieta, nem queria conhecer as pessoas que ali estavam. As pessoas são muito solidárias. Eu queria silêncio. Queria sentir tudo aquilo ali, mas as pessoas não deixaram. Faltava saber onde seria a aula de Latim. Vamos para o ILUFBA. A aula será aqui mesmo? Por quê? Porque quem ministra as aulas é a Profª Rosauta, diretora de alguma coisa (que eu não lembro mais) e não pode se ausentar do Instituto. Se é assim então tá bom. São muitas informações despejadas no primeiro dia. As aulas são no PAF 03, menos a de Latim que é no ILUFBA. Um ao lado do outro. Maravilha! Nada de aulas no PAC. Nem em São Lazaro. Pelo menos por enquanto, assim me disseram. Encontrei uma pessoa do CEFET. Minha caloura, ela gritou. E foi logo avisando: - Nem me abrace porque eu estou toda suada. Então quando ficamos frente a frente. Ela me deu um abraço bem apertado. Logo ela se foi e lá estava eu perdida novamente. Primeira semana de aula, sem aulas. Uma semana dedicada aos calouros. Esperei ansiosamente pela palestra de Evelina de Sá Hoisel, mas houve um imprevisto e ela não foi. Ainda não foi dessa vez que a conheci. Agora ficou muito claro quando você me falou para maltratar um pouco. O amor é descarado mesmo. Rui Espinheira Filho foi. Uma palestra sensacional principalmente quando falava que não conseguia separar a literatura de sua vida e que literatura é um como, uma condição. Eu quase choro. As manhãs estão vindo devagar. O tempo vai passando de outra maneira, mas as pessoas por aqui andam com tanta pressa e eu simplesmente não entendo o motivo da correria. Eu ainda não cheguei a uma conclusão sobre isso aqui, espero que possa chegar ao momento certo. Eu acho que compreendi quando você diz que é preciso querer muito para continuar aqui. Eu quis, tive que querer muito e sozinha. Em silêncio. Não consigo compreender o que perdi para ganhar, mas temos que abrir mão de alguma coisa para ter outra. Estou ainda confusa com tantas mudanças e novidades. No primeiro dia que estive aqui lembrava de suas palavras a cada instante. E foi como se você estivesse mesmo ali comigo. E me sentia bem. Me sentia segura e de alguma forma protegida. Espero ter clareado sua visão com meu caleidoscópio, mesmo se você quiser ver pelos meus olhos depois. Um poeta como nós, eles que façam as concessões (sempre)!!P.L.